2008/12/14


Ratos ou homens?

Me interesso muito por interfaces, projetos de ferramentas e com entender como a mente humana funciona (ciência cognitiva).

Hoje, enquanto completamos aí os 40 anos do tal mouse, que todos amam e idolatram, enquanto procurava informações sobre uma tal linguagem de programação Forth, que é parecida com algo que eu estou inventando --- Aliás, sempre fico meio feliz e meio triste quando estou inventando algo e descubro que já existe. Feliz porque já existe, e triste porque não é famoso/importante o bastante pra eu já conehcer --- Neste momento venho finalmente conhecer não só o Forth, mas um tal computador chamado Canon Cat, criado por um tal Jef Raskin que aparentemente e infelizmente não recebe nem um décimo da atenção de Douglas Engelbart ou Ted Nelson (o que já é pouco). Eu até gosto dos dois, mas essas idéias do Raskin, que foi um dos criadores do Macintosh, tão me deixando com uma impressão muito boa!...

O tal livro dele, The Humane Interface, parece bem interessante.

Infelizmente, o sujeito morreu em 2000. RIP...

2008/12/09


Exemplo de laço complicado

Eu sou um defensor da instrução GOTO, acho que as pessoas devem pelo menos aprender como funciona quando tão na escola. Já escrevi muito por aqui a respeito do GOTO, e do preconceito sem noção, etc.

Tudo bem que dá pra resolver qualquer problema com os for e whiles da vida, e os breaks e continues auxiliam, mas não deixa de ficar feio né gente... Não sei se fica menos feio do que usar um GOTO.

Olha esse exemplo aqui de código real que tem um laço complicado. Achei interessante porque vem direto de uma documentação de uma biblioteca, é um programa bem básico, é muito pequeno, e tem um laço bizarro.




lexer = lex.lex()
lexer.input(sometext)
while 1:
tok = lexer.token()
if not tok: break
print tok

Olha só, o sujeito teve que fazer um laço “infinito”, algo sempre chamativo. Aí tem uma atribuição, um teste com break, e um print. O problema é que não dá pra testar o tok de cara, porque é preciso a primeira atribuição. nao dá pra fazer do ... while também porque o print precisa ficar depois do teste. Não tem jeito. O teste teve que ficar no meio desses dois. Aí então faz um “laço infinito com break no meio”. Uma estrutura que não tem nome. Se fosse GOTO, seria simplesmente mais um “laço com um teste”... Pra entender esse programa eu uso mais meus conhecimentos de programação fudamental, sabedora do GOTO, do que as facilidades estruturantes oferecidas pelas estruturas whiles e fors da vida.

Claro que dá pra fazer um jeito do programa ficar mais bonito, e o verdadeiro teste que limita o laço ficar na declaração do while. Tipo:




lexer = lex.lex()
lexer.input(sometext)
tok = lexer.token()
while tok:
print tok
tok = lexer.token()

Deve até poder ficar melhor com for. Mas algo levou esse programador a optar por uma única linha de atribuição, e um break, achou que talvez isso fosse mais claro, mais simples, mais de acordo com as famosas “limitações de suas habilidades cognitivas” que preocupavam Dijkstra. Eu pergunto: Será que estamos satisfeitos com nossas linguagens?...


Listinha de presentes

É sempre bom manter atualizada uma listinha de presentes que eu gostaria de ganhar, pra se alguém resolver assim, de repente, comprar alguma coisa pra mim. É uma ferramenta importante de auto-conhecimento também, fazer uma lsitinha dessas, que não é muito diferente de escrever uma carta pro Papai Noel não é mesmo?...

Aí vai então:

  • Livros da Amazon ou Livraria Cultura, tenho wishlists enormes lá que atualizo de quando em vez.
  • Chaverinho de 10 reais do multi-coisas, com uma tirinha de couro e clipe pra prender no cinto e aro grande.
  • Camiseta do Sepultura (a velha, de verdade, preta, com o S vermelho)

Por enquanto só essa miséria, um dia ponho mais coisa...

2008/12/07


O spam do século XX

Poeminha bobo aí que eu pensei outro dia no ônibus. Alguns argumentam que não teria nada de poésico, mas fazer o que, sorte que não sou poeta profissional!



De um lado da rua vem o caminhão de lixo,
Recolhendo.
Do outro o dos correios,
Entregando.

2008/12/05


A mensagem de Pessoa

Finalmente achei na Internet um bom depósito de poemas de Fernando Pessoa. Lá tem na íntegra o único livro (em Português) publicado pelo poeta em vida, Mensagem, que fala sobre os gloriosos navegadores portugueses. Esse livro contem o famoso poema Mar Português, com os versos “quanto do teu sal/são lágrimas de Portugal”.

Lendo esse livro num livraria outro dia, vi um outro poema que achei muito bom. É sobre Fernão de Magalhães. Pra quem não conhece, a Wikipédia informa: navegador português, liderou uma expedição espanhola que buscava atingir a região da Indonésia através do oceano pacífico, e eventualmente circumnavegar o planeta. Magalhães morreu no meio do caminho, entretanto, na Batalha de Mactan. O navegador basco Juan Sebastián Elcano liderou o resto da viagem até a Espanha. Mas Magalhães ainda foi um dos primeiros homens a cruzar todos meridianos, entretanto, porque já estivera lá na Indonésia anteriormente, só que vindo pelo caminho desbravado por Vasco da Gama.

(O primeiro capitão a sair e voltar pra casa comandando sua expedição acho que foi o inglês James Cook.)

Aí vai o poema...


No vale clareia uma fogueira.
Uma dança sacode a terra inteira.
E sombras disformes e descompostas
Em clarões negros do vale vão
Subitamente pelas encostas,
Indo perder-se na escuridão.

De quem é a dança que a noite aterra?
São os Titãs, os filhos da Terra,
Que dançam da morte do marinheiro
Que quis cingir o materno vulto -
Cingi-lo, dos homens, o primeiro -,
Na praia ao longe por fim sepulto.

Dançam, nem sabem que a alma ousada
Do morto ainda comanda a armada,
Pulso sem corpo ao leme a guiar
As naus no resto do fim do espaço:
Que até ausente soube cercar
A terra inteira com seu abraço.

Violou a Terra. Mas eles não
O sabem, e dançam na solidão;
E sombras disformes e descompostas,
Indo perder-se nos horizontes,
Galgam do vale pelas encostas
Dos mudos montes.

2008/12/03


O nome da moda

Vi num blog outro dia alguém definindo, enunciando o significado das duas mais novas e excitantes entradas na taxonomia da cultura jovem brasileira contemporânea: "nerd" e "geek". Geeks seriam carinhas descolados que gostam de "gadgets" (principalmente dos da empresa de Cupertino, Apple), usam roupas com um visual do futuro, ou com ícones de jogos "de 8 bits", e cortam cabelo igual personagem de mangá. Nerds são pessoas que sabem alguma coisa sobre como os tais gadgets funcionam e são construídos, e lêem mangás com uma década de antecedência, e são tolerados pelos tais geeks, o que é novidade, já que na tal década antecedente eles não eram tolerados era por ninguém. Nerds usam óculos feios, e geeks usam óculos escuros feios.

Acho maravilhoso ver a forma como as palavras foram ganhando esse significado aí, e como de repente chegou esse momento em que alguém se preocupou em definir, pra "todo mundo combinar" que é isso aí, e a gente poder falar em "moda geek" sem espantar muito o consumidor, porque "geek é OK", não quer dizer que você é uma pessoa que comete atrocidades como estudar trigonometria no fim-de-semana...

Acho que a principal força a estabelecer o "geek" como o transado, e o "nerd" como o que não transa, foi o filme "A Vingança dos Nerds"... Não conheço nada tão marcante com a palavra "geek". Existe ainda algo de fonético em "geek" que o torna mais "bakaneenha", enquanto "nerd" soa como uma tentativa frustrada de um afásico em comunicar qualquer coisa.

Acredito que o fenômeno da segregação social de afásicos, de vários tipos, tem muito a ver com esse assunto aqui.

Verdade seja dita, "geek" e "nerd" são ofensas. São indelicadezas pronunciadas cotidianamente por pessoas intolerantes e insensíveis, a que os alvos destas acabam "se acostumando", e integrando à sua própria personalidade: "sim, é, sou estranho, esquisito, sou um palhaço, riam de mim..." Acho o cúmulo que pessoas que viveram suas vidas submetidas a este tratamento de aberração, bobo-da-corte, motivo de chacota, etc, precisem viver ainda o drama de saber se são "geek" ou "nerd". Quer dizer, não tem fim a crítica? Depois de já ser definido que você é uma aberração risível, você ainda tem que escolher entre dois subgrupos?

Já tenho raiva de ver isso na gringa, mas aqui no Brasil a questão toda tem um twist, o fato de não falarmos inglês e então palavras como twist, que tem significado tradicional, "de dicionário", se tornam neologismo com mais facilidade, adquirindo aqui primariamente o significado que é secundário na língua de origem.

Eu queria contar uma história sobre nerds geeks, porque sempre que ouço essas palavras na mídia moderninha, (tipo a revista Geek) lembro-me de histórias dessas. Tinha um amigo meu na escola que um dia ganhou a alcunha de "Esquisito". "O Esquisito", nossos coleguinhas chamavam ele. Era em português mesmo, não tinha o eufemismo de um anglicismo. Ele lutou por algum tempo, mas acabou aceitando eventualmente. Ainda com algum rancor eventual, acho, mas acabou aceitando sim.

Ele era um cara que tinha algumas habilidades informáticas, certamente acima dos nossos coleguinhas discriminadores. Não sei se ganharia de mim no Code Jam, mas seria certamente capaz de entender do que se tratava. Comprei dele minha primeira placa de som, uma Sound Blaster pré-Pro. Não tenho como expressar o carinho que tenho por aquela pequena placa de som que instalei eu mesmo no meu 286, e me abriu as portas para os joguinhos "modernos", talvez até pra computação gráfica (apesar de tecnicamente não ter nada a ver). Era um dos caras com que eu conversava no recreio, e fazia trabalho em grupo, e fugia do futebol. Deviamos ser ali uns 10 caras estranhos que conviviam no limbo social, e dentre eles tinha o sub-grupo dos caras que mexiam com computador, que deviam ser uns 3 ou 4.

Esse mesmo colega meu foi basicamente um líder num movimento de repúdio a um colega nosso que, como posso dizer, realmente escapava com folga do "normal". Não sei o que ele tinha/tem, mas talvez beirasse a afasia. Digamos apenas que se Alexander Luria entrasse na sala, talvez fosse tomado por um imediato interesse nele.

Esse meu colega Esquisito então inventava apelidos piores ainda pra ele, enchia o saco, fazia piada, e tals. E assim se afastava um pouco do fundo do poço da esquisitice. Havendo mais "losers" abaixo, você fica mais perto dos "winners" na dualidade tradicional dos filmes nas high-schools norte-americanas.

Não sei se todo mundo entende muito bem como funciona isso tudo, mas quando você é um "esquisito", muitas vezes essas humilhações são basicamente tudo o que você pode esperar de convívio social, e é assim que você acaba aceitando tudo. Porque é melhor viver achacado do que isolado. No final das contas, posso condenar todos ataques e achaques, mas não deixava de ser alguém dando atenção ao sujeito, o que às vezes é melhor do que a alternativa: não ligar.

Tem uma coisa interessante sobre esse nosso colega esquisitíssimo... Apesar de todos meus colegas morarem mais ou menos na mesma região ali, eu quase nunca encontrava com eles nas ruas. Quase nunca encontrei colegas meus passeando no(a) Savassi, por exemplo. Ele não, sempre vejo ele por aí, é o único colega de escola que reencontro anos depois do fim da tortura. Não é engraçado que o cara mais "esquisito" de todos seja o único "normal", que anda na cidade? Porque as pessoas não andam na cidade, meu deus??... Nunca entendi bem isso. É porque todo mundo tinha/tem carro menos ele e eu? Vão sempre em lugares caros e exclusivos? É porque todo mundo tá no trabalho ou estudando em casa naquele horário em que eu e ele saímos pra vagabundear por aí? Sei lá... Sempre entendi que éramos esquisitos em várias coisas, mas nunca entendi que freqüentar a Savassi às 15:00 fosse uma esquisitice.

De repente está aí o lance da "redenção do esquisito". Porque nós, palhaços, somos experimentadores inconscientemente, e acabamos dando uma dentro de vez em quando, e criamos moda... Esquisitos tem um certo destino-manifesto de desbravadores, como os degredados da Europa que colonizaram o Novo Mundo. Somos o contrário em vários parâmetros, e rechaçados por tal, mas às vezes contrariamos um certo parâmetro que agrada a galera, e caímos nas graças do povo, até que a moda se estabelece e viramos lixo de novo.

Então sei lá, entendo um pouco o lance de "revelar o charme" dos nerds sim, e a moda recorrente de cultuar o "bizarro" (palavra de significados notoriamente controversos). Mas quando a conversa começa a ficar prática demais, ali na famosa diferença entre o Charme e o Funk, começa a me dar asco. Começa a sair da coisa "true". O universo da repressão dos garotos que gostam de matemática, e os outros esquisitos, é muito maior do que essas marcas que tão sendo inventadas aí agora, com essas definições fáceis assim tipo, "geeks são caras que fazem as coisas, e nerds são fracassados"... Isso é conversa de empresário querendo ganhar dinheiro, gente, é marketing.

Talvez seja por ter convivido tanto com os esquisitos, as aberrações das escolinhas, por conhecer de perto essa sutil discriminação (que não é muito noticiada porque não envolve nem raça nem religião), é que não sei mais achar graça de "ser nerd". Nem sei achar aceitável que exista um tipo de esquisito "que se deu bem", e um que continua atirado à nerda. Eu até soube ver graça nisso por um tempo, mas hoje quero acreditar que as pessoas são mais complicadas do que isso. Que especialmente as pessoas estranhas possuam uma diversidade que é desrespeitada quando se tenta enquadrá-la em rótulos e nomes de "tribos".

Temos que dar cabo desse negócio de dar nome pra quem faz alguma coisa da vida. Nós é que somos os normais. Nós é que nos atiramos sem ressalvas à vida nesse universo. Tiramos nossas máscaras e damos a cara a tapa na sociedade. Somos afásicos, falastrões, burros, inteligentes, feios, charmosos, misteriosos, simpáticos, amedrontadores... Somos gente de verdade, muito prazer.

***

Aaah, já ouço meus colegas de escola lendo isso, e reagindo com um popular "dããã que mongol". Ou talvez um "hahaha e agora, você vai chorar?" Talvez me perguntando se eu quero ser padre. Caralho, uma vez me perguntaram se eu queria ser PADRE, velho!... Vai ser esquisito assim lá... em casa. Pior que eu já quis.


Blogando de dentro do Emacs

Estou testando um programinha pra postar no Blogger de dentro do emacs. Tentei previamente usar um tal g-client que não funcionou direito não. Mas esse e-blogger aqui parece ser bacaninha. Se esse post não for deletado,q ue dizer que funcionou, e que eu gostei!...

2008/11/30


Pensando Pessoa

Só recentemente que descobri, e me descobri em, Fernando Pessoa. Sujeito fenomenal, grande poeta. Viveu em um período por qual tenho uma especial afeição, o comecinho do século XX. O sujeito foi influenciado por pessoas de que em gosto, ou por quem tenho curiosidade, como Edgar Allan Poe e Walt Whitman, mas é autor losófono. Não conhecia alguma personalidade antiga em que pudesse me apoiar na tarefa de ser um falante de português admirador destes autores anglófonos. Tenho gostado muito de vários poemas dele...

Esse li ao acaso numa livraria hoje. Não decorei exatamente, é algo assim:

O Mundo, ó alma cansada,
é uma porta aberta
que possui atrás [desta?]
uma outra porta, fechada.

2008/11/21


caso de teste, uso de estudo

Esse post entra um pouco nas minhas indagações a respeito de como fazer certas traduções. Tem uma verbo no inglês muito bacana, 'exploit', que tem um som bonito, que passa uma impressão forte, é até nome de banda punk. Tenho me deparado muito com ela porque em aprendizagem de máquina a gente fala muito na dualidade "exploration / exploitation", e a gente gostaria, naturalmente, de traduzir este termo.

Dizem que em português já se institui "explotação". Até o digníssimo Sérgio Pachá da ABL me disse --- numa gentil resposta a uma extensa inquirição minha --- que tudo bem usar essa palavra, que inclusive integra o hino nacional do Timor Leste. Mas sei lá, não faz parte do repertório de palavras que usava quando era mais jovem, e sinto uma certa rejeição por ela.

Acho que em português é mais natural falar "exploração" nos dois casos mesmo... "Explorar uma mina", por exemplo, valeria igualmente para geólogos e espeleólogos, e pros engenheiros e mineiros. Não podemos usar essa palavra, entretanto, porque queremos justamente fazer uma distinção entre ambas atividades ao caracterizar a referida dualidade.

Uma palavra alternativa de que gosto muito é "espoliar". Ela preserva a agradável aliteração (explorar/espoliar), e dá uma descrição bem dramática. O verbo nos remete logo à palavra "espólio", uma riqueza obtida por meios até meio imorais... Acho que era perfeito, mas poucos concordam comigo.

Outra alternativa, que não tem muita beleza fonética, é "aproveitar". Acho que em mineração até utiliza-se muito o termo "aproveitamento" pra falar da produção de uma mina... "Aproveitar-se" é uma expressão bem-conhecida, e faz bastante sentido... Nossos sistemas vão "aproveitar-se" se seus conhecimentos e do ambiente pra atingir um objetivo. Mas ninguém gosta muito dessa alternativa porque perde lá a riminha, e a palavra não soa nada como "exploit"...

Hoje decidi que vou é chutar o pau da barraca. Não vou mais me submeter à tortura de tentar achar uma traduçãozinha perfeita pra riminha britânica, e vou é usar um par de palavras que me pareçam adequadas, pensadas ab ovo.

E minha conclusão é que deveríamos falar "teste/uso".

É tão mais simples!! Primeiro é bom por ser mais curtinho de escrever e falar, e dá até pra falar como uma palavra só: "O problema do testiuso..." Acaba com o horror que é você falar e ouvir o extenso "exploraçãoexploitação", e cometer um errinho fonético que faça cair por terra a edificação deste mamute ortográfico.

E é principalmente bom porque remove o romantismo. "Explorar" faz vc pensar num robô usando capacete de conquistador espanhol, pegando malária e desenhando mapas na Colômbia ou Peru. "Teste" transforma tudo num comportamento boçal e estúpido de um rato de laboratório drogado e com a massa cinzenta submetida à ablação. Ele não faz uma estimulante "exploração" de um espaço pra procurar obstáculos inconvenientes, e ver se o botão tem alguma "função" ou "papel" no ambiente. Ele só "testa" se ao andar pra frente ele não enfia a cabeça na parede, e se o botão faz a dor parar ou não.

"Uso" também tira essa coisa do colonizador, da moral, da "esperteza", do se-dar-bem. O cara tá só usando o negócio lá, e pronto. "Usando" a política obtida pelo processo de aprendizagem, ao invés da original. Usando um cotonete pra limpar o ouvido. Pronto.

Teste/uso. "O clássico dilema teste/uso da aprendizagem de máquinas". Pronto, falei, tá na Internet, tá na boca do povo já.

2008/11/20


Agradecimento ao Google

Querido Google. Muito obrigado pelo tema "terminal" do gmail. Estou emocionado. Combinou muito bem com meu Vimperator. Não quer dizer que eu vá parar de usar mutt, claro, mas não deixa de ser legal.

Só me deixa triste que precise ser o último teminha da lista, porque existem inúmeras pessoas do mundo que podem se chocar ou tremer de medo ao ver de repente este tema... Mas essa é a vida no rabo da gaussiana, e eu não troco por nada.

Mais uma vez obrigado,
++nicolau

2008/11/15


Coisinhas e problemões

Finalmente dando continuidade à série de artigos sobre peculiaridades da língua portuguesa, que a tornam satisfatoriamente "rica" ao contrário do que se ouve por aí, vamos falar sobre diminutivos e aumentativos.

Essas coisinhas existem também no espanhol, onde acredito serem usadas de forma similar. É não apenas uma útil forma de qualificação de coisas, mas também uma útil ferramenta para criação de neologismos. Várias palavras existem por aí que surgiram como diminutivo ou aumentativo de alguma outra, e se estabeleceram como palavra específica.

Diminutivos e aumentativos pode tanto tornar algo mais respeitoso quanto ridicularizar. Um "diminutivozinho" é sempre útil pra tornar a fala mas infantil ou ingênua, por exemplo. Pode impedir que alunos medrosos se espantem: "Olha gente, pega essa expressãozinha, e joga na integralzinha. Roda esse programinha com os dados da tabelinha que a gente mediu". Pode tornar algo mais amigável, um "amigão" seu.

Em inglês eu conheço alguns instrumentos similares. Tem o lance de botar um "y" no fim das palavras, por exemplo. "thing - thingy", "computer - computey", sei lá. Não é oficial, não funciona sempre... Pra aumentativo tem um negócio de botar "-o" nas palavras que às vezes acho parecido. Mas também não funciona muito bem. Em francês acho que existe o "ette" pra criar diminutivos, mas não sei se funciona ou é usado da mesma forma que nosso "inho".

Eu sempre esbarro em exemplos de palavras e frases em português com diminutivos ou aumentativos que não consigo traduzir pro inglês sem ao menos achar feio. Qualquer Xinho que vira "small X" fica ridículo. Olha aí o Felipão, "Big Phil", não é a mesma coisa... Que dizer por exemplo do recente Mensalão? como traduzir isso? "Big Phil" é fácil de entender, mas "Big monthly" ou talvez "big allowance" não traduzem tudo.

Como passar em inglês a mesma sensação de "um pedação de queijo?" Um pedação não é simplesmente um "pedaço grande". Quando a gente fala assim, com o "grande" separado, dá uma sensação de uma qualificação mais técnica assim, quase um projeto de engenharia... "Um pedaço com uma proporção 1:3.5 a um pedaço convencional."

Enfim, talvez seja muita viagem minha, mas desde que reparei na dificuldade de traduzir diminutivos e aumentativos, passei a apreciar melhor esta feraremnta de nossa língua.

2008/11/10


Olhando por novas janelas

Todos sabem que sou um antigo usuário e grande fã do VTWM, mas meu coração hoje foi balançado por um concorrente. Mais novinho, cheio das chinfras, e por default com uns keybindings muito bons, o awesome está balançando meu coração. Convido todas pessoas como eu, de gosto refinadíssimo e sempre crítico de suas ferramentas, procurando coisas novas que realmente funcionam e fazem sentido (sem nunca perder os clássicos de vista), a testar. Vocês podem ver um screenshot no site oficial, mas tem que realmente mexer no trem pra ver como é...

2008/11/03


White lightning

Acabei de me mudar para um apartamento novo, depois de um processo que durou meses. Quer dizer, um ano se você considerar que queria um lugar assim desde que saí de Campinas. Tem muita coisa que queria e espero escrever sobre isso tudo, mas só agora tive um verdadeiro ânimo, porque é um assunto verdadeiramente relevante.

Queria dar um depoimento de admiração pelo Speedy da Telefônica. Contratei o Speedy Duo (depois de outro processo longo e um pouquinho aborrecido que ignoraremos por agora), que dá uma linha sem limites para ligações locais, e ainda um Speedy de 2Mbps, por 121 reais.

Essa deve ser a melhor conexão com a Internet que eu jamais tive na vida. IP real (não importa que seja dinâmico), e o bicho atinge mesmo os tais 2Mbps. E eles não são gananciosos não, meu pppstatus aqui tá registrando uma velocidade máxima observada de 4968Mbps!... E nenhum NAT, nenhum administrador chato, nada! Pelo menos nada que eu tenha percebido ainda.

Aliás, meus agradecimentos a quem quer que tenha feito o programinha pppoeconfig, é uma mão na roda. O Debian way de fazer as pessoas felizes. Bom, ao menos eu...

2008/10/22


Série de heróis

Super comentário que ia deixar no blog do Nix, mas virou post:

Achei Heroes ruim desde os primeiros 15 minutos do primeiro episódio. Atuações ruins, e roteiro muito cheio de algo que chamo "suspenses desnecessários", como quando um personagem deixa de falar alguma coisa pra alguém sem qualquer motivo. Não tenho nada contra inverossimilhanças em geral, mas nesse caso é simplesmente fruto de incompetência.

Supernatural eu comecei a ver obrigado, e enquanto não é um primor, dá pra se divertir...

Fringe eu vou dar chance pra mais um ou dois episódios, depois que acabarem de explorar todas coisas óbvias de matemática divertida (e.g. a série de Fibonacci e o número pi). Se eles amadurecerem, e tb pararem de explicar tudo o que acontece (que nem no Bones) talvez eu suporte assistir...

Aliás, algo interessante: muitas dessas séries mais-ou-menos aí (o qu enão é o caso, por exemplo, de Lost e House) tem um personagem que se torna o único motivo porque vc ainda assiste ela. Tipo, no Heroes é o Hiro, no supernatural, talvez o Dean. No Fringe tá se tornando o velhinho...

E tem mais: de vez em quando acabo assistindo uns pedaços do Caminhos do Coração, e acho MUITO mais doido do que Heroes!!... Primeiro porque tem a Juliana Trevisol, que é a maior gata.

2008/10/14


Abaixo os binários!

Um testemunho da minha vida de micreiro, e de usuário dos programas que eu uso.

Gosto muito da minha máquina, uma Compaq v6210br. Podia ser melhor em uma porção de coisas, principalmente podia nunca ter quebrado.

Ela deu uns biziu, madei pra patética assistência técnica da HP, e ela voltou 2 meses depois. Como eles formataram o HD, tou aqui instalando tudo de novo.

Ela rodava bonitinho. A placa de rede sem-fio não lembro se rodava originalmente com o módulo nativo ou por ndiswrapper, mas eventualmente tive que passar a usar um dispositivo de wi-fi por USB, e o que funcionou pra mim foi instalar um Linux 2.6.25 "na marra" (não foi por pacote do Debian (que eu me lembre)) e usar o driver nativo, um tal rt27xx, acho.

A partir daí foi só tristeza, porque a mãquina começou a travar. Não teve mais jeito e precisei mandar pra assistência, que trocou a placa-mãe, e formatou o HD de brinde.

Fui instalar o Debian outra vez, por cima do Mandriva em que não fui inteligente o bastante pra descobrir como fazer pra instalar emacs, e aí mandei um Lenny beta 2 pra ver o que rolava. Usei a instalação "gráfica", que devo dizer que está um xuxuzinho.

Aí fui instalar os dispositivos de rede sem-fio, e ainda o módulo da câmera Logitech que me emprestaram. Peguei os pacotinhos Debian dos kernels 2.6.24 e 2.6.26. Mas foi só tristeza... Não consegui usar a rede nem por ndiswrapper, nem pelo módulos nativos (o da broadcom mudou, agora um tal b43). A câmera funcionou só através do mplayer, mas não no xawtv e nos progs de opencv que tou mexendo.

Resolvi então "apelar", e peguei direto o source do 2.6.27, lembrando da felicidade que eu havia tido antes com outro kernel "em desenvolvimento", o 2.6.25. Rolei lá o make-kpkg, e quando finalmente bootei, a rede funcionou de primeira. Estava na escola, já tarde, e satisfeito arrumei minhas coisas e fui pra casa.

Cheguei aqui, preparei uma cerveja no lado esperando passar por uma sessão de desinsetização pra fazer a câmera funcionar, e não é que a bicha funcionou de primeira??

Feliz da vida, vim aqui dar meu testemunho.

1_ Eu sofro mas eu gosto.

2_ Não tenho a menor vontade de usar nada diferente de Debian. (Talvez Debian com HURD, ou com BSD, mas Debian). Mas não significa que eu não marreto meu sistema com coisas "de fora" de vez em quando, e é assim que é pra ser.

3_ Compilar direto da fonte ao invés de baixar o binário funciona. (às vezes, claro.) É muito bom ver isso, porque essa possibilidade é justamente a diferença mais marcante entre os softwares proprietaristas e livres.

Alguém pode dizer "mas se vc estivesse usando ruíndols teria funcionado de cara, e não precisando recorrer a compilar o kernel mais novo na marra". A estes peço que leiam de novo o item 2.

EDIT: Pra deixar o posto mais útil, uma dica. Pra criar o módulo da nvidia utilizadno a fabulosa ferramenta module-assistant, que te permite (quando está tudo OK) compialr e instalar módulos com o comando (e.g.) "m-a a-i nvidia", tive que alterar o código do pacote original. São mudanças que parece que serão necessárias pra passar do 2.6.26 pro 2.6.27. Segui as dicas desse site aqui.

Foi mais difícil do que o que devia ser, porque não dá pra alterar o código e então rodar o m-a, tem que jogar o código alterado no pacote que ele descompacta... Eu poderia tentar descobrir como criar um patch, mas ia dar muito trabalho.

Aí foi correr pro abraço...

Aliás, outra dica. Por muitos anos passei muita raiva ao mexer com a configuração do X, porque precisava parar de ouvir música (com o xmms, por exemplo), ou então tocar música num console de texto, com mplayer, o que não é confortável. A solução é usar o mpd pra ouvir música, um daemon que fica tocando músicas e pode ser controlado por diferentes clientes, incluindo gráficos, de console (curses) e linha-de-comando. Aí pode reiniciar o X tranqüilo. O cliente que eu uso é o ncmpc, que rodo numa janelinha de xterm com uma fonte pequenininha, fundo branco, e com a opção "auto-center" na lista de músicas... É o melhor tocador que já tive, porque tem um esquema muito simples de navegar pelos artistas ou arquivos. Mas tenho certeza que poucos dividirão comigo este gosto...

2008/10/02


Testinho micreiro

Tudo bem... Mas sou mais o sucessor, Amiga, especialmente pq esse daí nem sei se vendeu no Brasil. :P

2008/09/30


A patética assistência técnica da HP

Meu Compaq deu pau, e mandei pra assistência da HP. Já fazem dois meses, o que significa que a máquina ficou em manutenção por 20% do tempo que eu a possuo. Eu não diria que um tempo de funcionamento efetivo de 80% é o tipo de cois que alguém gostaria de ter...

Hoje finalmente fiquei ofendido a ponto de botar uma
reclamação no Reclame Aqui. Transcrevo aqui minha prolongada análise crítica da situação, cheia de pormenores e teorias da conspiração, como só eu sei fazer...

A propósito, eu queria tentar processar a HP por roubo da minha máquina, será que algum advogado aí acha que seria posível?

---

Adquiri um computador portátil (notebook) modelo Compaq v6210br no dia 4/10/2007. Alguns meses depois, a máquina começou a apresentar um problema similar ao relatado por muitos outros usuários neste site. No meu caso, o dispositivo de rede sem-fio (wi-fi) parou de ser detectado. A HP lidou com este problema generalizado neste modelo ampliando a garantia destas máquinas por mais um ano, o que eu considero uma espécie de recall meia-boca, hipócrita.

Aliás, gostaria de saber já de início se isso não poderia ser considerado uma atitude recriminável por parte da HP, reagindo de forma irresponsável à descoberta de um problema que afetou um grande conjunto de produtos produzidos por ela. Além de simplesmente ampliar a garantia ao invés de fazer de fato um recall, eles sugeriram que os usuários tentassem realizar um procedimento para contornar o problema, descrito em um site apontado por um e-mail. Tratava-se de uma atualização da BIOS, e o procedimento exigia o uso do sistema operacional Windows da empresa Microsoft, que __não foi o sistema distribuído originalmente com a máquina__. Elas vinham com Mandriva instalado.

Entreguei minha máquina no local designado no dia 30/07/2008, às 13:59. A HP diz no site deles que eles "tem de 10 a 20 dias" para devolver o produto. Não sei, aliás, o que isto significa, porque ao meu entender eles deveriam dizer é simplesmente "20 dias". Um prazo de devolução não é um intervalo de tempo com limite inferior, mas sim um ponto, um limite superior, e só. Isto é mera retórica utilizada de forma safada para iludir o consumidor. Mas enfim.

Liguei ao se passarem 20 dias, para apenas então descobrir que tratavam-se de 20 dias úteis, ou seja, aproximadamente um mês. No site fala isso de fato, então até aí não posso reclamar. Mas já me acho no direito de reclamar da forma como atendimento funciona neste período. Em primeiro lugar, o pessoal que recebe a máquina é uma empresa separada. Acredito ser a DHL disfraçada, o que sugiro que eles façam mesmo, porque tenho raiva da DHL desde uma vez que eles __perderam os presentinhhos de Natal da minha família__. Que tal isso pra tornar um consumidor seu inimigo?...

Pois bem, a atendente da DHL explora essa separação da empresa da seguinte forma: tudo que você pede e pergunta, é respondido com "nós não somos a HP, não podemos fazer nada". É um golpe da HP, criar uma forma de intermediário para infernizar a vida dos consumidores, e maquiar o serviço ruim. Você nunca entra em contato direto com a empresa, ou com quem vai fazer mesmo a manutenção...

Neste momento da entrega do produto, tenho especial nojo da questão do papelzinho que somos obrigados a assinar dizendo que autorizamos a formatação do HD. A atendente insiste que precisa ser assinado, recusando-se a receber a máquina em caso contrário. Ou seja, não existe a possibilidade de entregar a máquina para reparos sob a condição de que se o técnico julgar necessária esta atividade drástica e freqüentemente despropositada, a manutenção seja então abortada e imediatamente devolvida ao dono. É o que eu gostaria que fosse feito no meu caso. A propósito, acho um absurdo em geral pedirem para as pessoas fazerem backup dos 40GB do HD, e esta é outra prática da HP que gostaria de saber se não é irregular. Não é razoável obrigar os clientes a ter armazenado grandes volumes de dados.

Após a entrega do equipamento, neste período de 20 dias úteis o atendimento por telefone não lhe dá qualquer informação. Eles não podem nem dizer se a máquina está de fato no centro de manutenção da HP em Jundiaí. Acho isto outro absurdo. E a pessoa que atende ainda pratica o tal golpe do intermediário, ela nos diz que ela não pode contatar o tal centro. É como se pra ela isto fosse ser um crime, então temos que ser simpáticos e evitar deixá-la em problemas. Crime, acho, é basicamente __roubar__ o equipamento de uma pessoa, retendo-o, mantendo-o inacessível, e não dar qualquer tipo de satisfação, a não ser a possibilidade dessas ligações telefônicas infrutíferas.

A primeira vez que liguei foi porque acreditava que o prazo seria 20 dias normais, e não úteis. Liguei outra vez antes do prazo da HP pelo seguinte motivo: eles só começaram a contar o prazo a partir do dia 02/08/2008. Eu entreguei no dia 30/07, mas lá no infame "sistema" estava esta outra data. Outro absurdo. Liguei ainda mais uma vez quando me disseram que deveria esperar até o fim do dia útil do último dia do prazo, e só então eles teriam "permissão" de me dizer qualquer coisa.

Quando liguei após o fim do prazo prometido e, na minha opinião, já estendido, o discurso mudou um pouco. Eles reconhecem o atraso, mas apenas pedem desculpas, e dizem que vão averiguar. Me disseram que iam mandar um e-mail pra sei lá quem, e nunca soube mais informações dessa tal pessoa. (Gostaria de ter pedido cópia do e-mail...) Pediram uma semana, depois outra... É de semana em semana que eles gostam de te enrolar.

Coisa de duas semanas depois do tal prazo de 20 dias úteis, aí eles finalmente me mandaram pro tal "setor de qualidade", que é o setor que tem, este sim, autorização dos chefões mafiosos da HP a tentarem fazer alguma coisa. Foi só então que falei com alguém que (aparentemente) ligou lá na manutenção pra saber da minha máquina. Foi a primeira vez que alguém me confirmou que ela estava lá de fato. Eu não duvidaria se me dissessem que ela estava na verdade, por todo esse, tempo em algum depósito clandestino da DHL... Mas enfim.

Aliás, pra chegar no tal setor de qualidade o usuário tem que utilizar uma opção secreta do menu, deve digitar (no meu caso) 4, depois 2, e então a opção secreta: 7.

A pessoa que atende no setor de qualidade nos faz esperar, aparentemente contatando alguém em Jundiaí para perguntar da máquina. Mas as respostas são vagas, sempre nas mesmas desculpinhas, pedindo pra ligar em uma semana. E tem mais: me pediram uma vez para contatar a loja onde entreguei o equipamento e discutir a respeito do recebimento. A atendente praticamente me passou uma bronca, falando sobre a importância de que eu buscasse o equipamento assim que disponível para que este não retornasse para o centro de reparos... Suspeito que isso seja algo que eles falam pra todos clientes, para dar uma esperança a eles de que o equipamento vá chegar em breve. Porque não há sentido algum em me pedir que ligue no centro de serviços, já que tudo estava perfeitamente combinado, eu seria contactado quando o equipamento chegasse. Trata-se de uma manobra diversiva em minha opinião. Recomendo que quem ouça esse papo-furado no futuro reaja de forma negativa.

Passada mais de uma semana do primeiro contato no setor de qualidade, período em que me comunicaram que seria finalmente realizado o conserto, não obtive notícias. Liguei de novo, e desta ver ouvi uma nova desculpa: seria falta de peças para o reparo. A atendente não quis buscar saber para mim qual seria esta peça em falta, depois de (aparentemente) ter ligado lá uma primeira vez. Recomendo que quem ligue busque fazer essas perguntas mais específicas, pra descobrirmos o quão real é esse atendimento.

Eu tenho uma grande suspeita de que não só minha máquina (e eu) está sendo tratada com desprezo, como toda essa central de atendimento seja uma grande mentira, uma grande encenação de um processo de manutenção muito diferente do real. Acho que, na melhor das hipóteses, minha máquina ficou parado em algum canto escuro, e só foi encontrada após o primeiro contato do setor de qualidade, e não está aguardando peças, e sim tempo de algum estagiário boçal que vai tentar reparar minha máquina formatando o HD, e não vai conseguir.

A HP me parece ter muito telemarketing e pouco técnico, e muito chefe pra pouco funcionário. Mas trouxas pra se submeterem a este tratamento lamentável, como eu, parece ter de sobra por aí.

Estou aqui no aguardo. Da última vez que liguei, hoje, 30/09/2008, me falaram que faltam peças, e ainda que tratarão meu caso com grande urgência. Uma contradição, já que não há urgência que supere uma falta de peças. Ainda me disseram que a máquina seria estudada em dois dias, mas que devia ligar na próxima segunda, daqui a seis dias... Que aritmética é essa?

Eu gostava muito da HP, mas essa manutenção foi um show de desrespeito... Não estava esperando ficar satisfeito, mas eles definitivamente passaram dos limites do aceitável, com folga.


Baixa és tim má

Vivemos num mundo dominados pelos "homem de negócios". Pessoas que deixam o Donald Trump satisfeito, "correndo atrás" das grandes mamatas. Essas pessoas me fazem morrer de raiva todo o dia umas três vezes pelo menos, quando detecto que alguma de suas sábias decisões tornou o mundo um lugar pior de se viver, na minha modesta opinião. Ou na minha modesta existência de ser humano menos importante do que os outros, que não habitam como eu aquele lugar temível: o rabo da gaussiana.

A última decisão destas bestas odiosas foi a seguinte: na excitante parceria TIM - Asus, a empresa está vendendo aparelhos da outra já com uma porção de vantagens extras. Vem num pacotão um eee pc, um minimodem e um plano da TIM pra você usar esse computador com acesso ilimitado através da rede de celular desta.

Achei muito legal essa promoção. Em primeiro lugar porque isso vai desafiar aquela empresa suja que tomou de refém esta cidade: a vex. Outra criação malignamente maquinada pelos tais "homens de negócios", os mentores sinistros de um plano diabólico para infernizar a MINHA vida e dificultar MEU acesso (e de outros ciganos eletrônicos) a redes wi-fi nos estabelecimentos comerciais da cidade...

Em segundo lugar, porque adoro o eee pc. Estou louco pra ter um. A de 7 polegadas mesmo, velhinha, com pouca memória, que seja. Essa máquina me deixa muito mais entusiasmado do que qualquer macbook ou iphone.

...E uma das razões da minha simpatia pelo eee, (de forma alguma principal razão, já que minha avaliação primeira é do hardware) é que a ASUS lançou ele pensando em rodar Linux. Usaram Linux sem nenhum receio, sem pudores desnecessários... Simplesmente foram lá e fizeram a máquina do jeito como tem que ser, com liberdade, sem o temor bizarro que levam as pessoas a insistir em lançar a máquina com aquele selo de aprovação da Micr_soft: "designed for wind*ws".

Parem pra apreciar um pouco isso, gente... Selo de aprovação. Quantos produtos, objetos você vê no seu dia-a-dia que contém um "selo de aprovação" de uma empresa? Uma coisa é controle de qualidade da empresa, outra é fiscalização do governo, ou outras entidades, e.g. de proteção do meio-ambiente. "Selo de aprovação" que nem esse do Bibill é diferente. Só que se você vê um selo de aprovação do George Foreman numa grelha elétrica, você acha engraçado. Mas por algum motivo quando se trata de computadores e notebook, as pessoas pensam diferente, elas exigem a porcaria do selinho de aprovação do Bill Gates...

Bom, a Asus se permitiu fazer uma máquina sem pensar nisso a princípio, fazendo simplesmente uma máquina sem ter em mente já a venda casada. E a máquina era linda.

Aí começaram a comprar, e a tascar lá o wiuqomz XP por causa das inúmeras necessidades incontornáveis que elas têm em suas vidas, e que as prendem de forma irredutível a este SO... O que eu posso fazer? Ajudo as pessoas a experimentarem alternativas o quanto possível, mas se um cara optou de vez, vai lá e instale, oras, não tenho nada com isso. Aproveite que a máquina não foi "designed for Linux", e que computadores são estes dispositivos incrivelmente versáteis e flexíveis, onde se podem tentar instalar diferentes SOs.

Aí entra o homem de negócios. O homem de negócios reparou que aqui no Brasil só "pega" windows. W1nd0w5 XP. Ele sabe que todo mundo quer o eee, e quer com o tal miupoms xp. Aí faz contactos, troca cartões de visita, ligações de blackberry, transmite planilhas do celular, e tals. Aí criam o plano: vender esse produto novo, com menos empecilho o possível. Bota o sistema que "todo mundo combinou usar só esse" pra pegar a maior fatia do bolo, e deixa o resto do bolo morrer de fome, paradoxalmente.

Estou me referindo aqui a uma questão muito bem retratada por Raulzito. É o lance do sapato número 34. Eles decidem que, pra facilitar a vida deles, tem que ser tudo igual, tem que ser uma configuração só de computador pra reduzir custos de coisas como manutenção, atendimento das pessoas, distribuição, etc etc etc. (Muitas vezes defende-se isso dizendo que é uma indispensável economia de escala, e que assim ajuda a levar o serviço a mais pessoas, e se não fosse isso, ah, aí seria elitizado...)

Aí então lançam o super lindo pacote: Asus eee pc com minimodem, plano da TIM e WIND*LS XP instalado. E não existe alternativa! Vejam bem, este é que é o ponto. Não queria que fosse monopólio de Linux, mas sim que vendessem a máquina, e o plano, mas facilitassem pra que se use a máquina e o serviço com o software que o usuário desejar.

Tem uma coisa que acho engraçado é como que o Windonz aparece como intruso nessa história toda. O eee vem (vinha?) tradicionalmente com Linux, então não é de se esperar ver o XP assim fácil. Mas a TIM só anuncia como sendo uma parceria apenas "TIM ASUS" e não "TIM ASUS Maicownosoft"... Porque o terceiro parceiro não é explicitado, se a campanha toda dá uma super atenção pro fato da máquina vir com esse sistema produzido por eles, e que teria um grupo de usuários super fãs de olho nele?

(Eu digo um motivo pra isso. Eles gostam de dar a impressão que o sistema operacional é uma coisa tipo o processador ou um pente de memória RAM, um verdadeiro "componente"... Eles só se identificam juntos da Intel, mantendo a famosa dobradinha vencedora.)

***
Isso poderia ficar por aqui, só rotineira raiva da máquina só ser oferecida com Windogs, mas não. Mas eles não se contentaram dessa vez em simplesmente erradicar a idéia de um sistema diferente daquele com selo de aprovação do William Gates terceiro, que não é à toa que é o homem mais rico do mundo. Não, dessa vez eles resolveram que além de simplesmente tomar as santíssimas decisões de negócios, eles iriam FALAR MAL de Linux. Iam CACETAR. Olha o tipo das coisas escritas no site da TIM:

O netbook vem com o dobro de memória RAM dos netbooks ASUS EeePC 701 comercializados no mercado, vem com Windows XP ( versus Linux do original ) e com o mini modem incluído.


O dobro de memória RAM, pra quem não sabe, é que de outra maneira o Ruíndolls não ia rodar nem a pau. Mas a questão aqui é outra: Eu pergunto: quem escolheu, e o que exatamente estava pensando, quando colocou a palavra "versus" ali em cima? Não é uma palavra meio forte? (Nada é mais importante aqui nesse blog do que chamar a atenção a este tipo de coisa, o uso de palavrinhas específicas nesse tipo de texto publicitário mais elaborado, encharcado de retórica.)

3. Por que o valor do modelo EeePC comprado na loja da TIM é mais alto do que os vendidos nas redes de varejo, que custam em torno de R$ 1 mil?
O modelo EeePC oferecido em parceria com a TIM conta com memória de 1GB, enquanto os demais possuem apenas 512MB. Para esta oferta, o sistema operacional do equipamento é o Windows XP, que apresenta mais recursos do que o Linux implantado no outro modelo. Além disso, a oferta do EeePC adquirido nas lojas TIM inclui o minimodem USB no pacote de dados TIM Web Ilimitado, com velocidade de 1Mbps.


Sinceramente... "apresenta mais recursos"!? Que babaquice. Que coisa superficial, puramente agressiva e desprovida de substância. A que recurso se refere? Será o clipinho animado que auxilia os usuários de word a executar os wizards pra fazer coisas complicadas? Ou será a capacidade de ler os formatos de arquivos proprietários e cheios de segredinhos da Microshoft? Ah, talvez o recurso de aleatoriamente te jogar numa tela azul de GPF, igual o iPod shuffle clama deixar sua vida melhor tornando-a mais imprevisível.

Wimdons sempre vai apresentar mais recursos, porque o software proprietário é difícil de ser portado pra plataforma Linux, (talvez com o wine, mas eu não mexo com isso). Existem obstáculos tanto técnicos quanto legais. Enquanto isso programas livres e abertos podem ser portados bem mais facilmente pras plataformas proprietárias. Assim é natural que existem "mais recursos" do lado de lá das janelas.

Mas quem é que quer saber de "mais recursos", gente? Você tem que se questionar sobre isso. O que importa é ter os recursos que você precisa, oras. Eu pessoalmente preciso de emacs, gcc, octave, python, mozilla, elinks, zsnes, gimp, bitlbee, bitchx... Ah, e APT pra baixar todos esses pacotinhos!... E atualizar os tais "recursos". É uma lista que fiz pensando no que uso no dia-a-dia, diferentes pessoas farão diferentes listas.

Cada um cada um. Questione-se!... Saiba que cada um você é. Não pense em "número de recursos", quanto mais melhor, mas sim em atender o que você requer.

É que nem TV a cabo. Falar em número de canais é enganoso, na prática tem poucos canais com que você realmente importa, e que você realmente vai ver, ou vai vir a gostar. Claro, você os tem que ter à disposição pra vir a conhecer, e eventualmente mudar de opinião... Mas tem gente que já conhece bem seu gosto geral.

Bom, chega. Só informo ainda que o enviado do capeta que vem encarnado na máquina da TIM trata-se do "Sistema Operacional Wi***ws® XP Home Original", e que existem várias "funcionalidades" oferecidas pela máquina, como microfone, USB, wi-fi e "áudio de alta definição" (???). Outra funcionalidade anunciada é:

Instalação de softwares corporativos padrão W*ndo**®


Que blábláblá, "softwares corporativos". Leia-se: triunfo do tomaládácá dos homens-de-negócios.

Falam em "padrão" como se fosse POSIX. Não se compara, desculpem.

2008/09/21


Rusgas informáticas contemporâneas

Respostas prolongadas e cheias de picuinhas a um e-mail provocativo do meu irmão, respondendo depois que eu falei pra alguém assim: "Se fosse Debian era só dar APT..." no meio de uma conversa.

[Eu não saberia nada a respeito de windows, e teria parado de usar em 1996]

Foi mais ou menos em 2001 que parei de usar definitivamente, quando saiu o Windows XP com aquele fundo de tela com a casinha dos Teletubbies... Mas deu tempo sim de ver os primeiros "wizards" de instalação, que deixam a tarefa de administrar o sistema mais divertida e mágica!!

Mas sério, esses programas de instalação mostram lá mil splashscreens, telinhas, perguntam onde vc quer instalar o programa, por exemplo... Porque não joga na droga do "C:\Arquivos de Programas" lá e pronto? (Preferiria "/bin", mas tudo bem.)

E ainda tem aqueles contratos risíveis de 20000 caracteres que vc tem que clicar uma caixinha dizendo que leu... Que dizer dos mil programas que dão problemas bizarros que tem que tentar "mexer no registro" pra ver se resolve? E as reinstalações pra exorcizar programas velhos? E os utilitários alternativos que vigiam o sistema pra você, pra tentar minorar o problema?...

Não é mais legal existir um comando no seu sistema em que você fala "computador, instale o vlc" e ele instala, e pronto? E que você pode confiar quando manda "computador, remova o vlc"? E quanto à miríade de opções de programas disponíveis pra wingonz, ficam em uma miríade de sites diferentes, cheio de anúncios piscantes. Tem que procurar o site certo, e dar download de dentro do browser, e rodar no Explorder, q coisa chata!! Muito mais doido existir um centro de distribuição sóbrio com gente cuidando pra ver se tudo funciona, e um aplicativo para "rule them all".

Isso (apt e cia.) é uma coisa que ninguém nem imaginava ser possível nos idos de 1996, e o mundo proprietarista só vai aderir a isso quando tiver alguma forma de "DRM" pra saber se você pode instalar o programa, e aí tudo vai ter que ser eventualmente pervertido por "piratas de dados" etc, mal posso esperar. Aliás, o biu gaytes deve tar mais interessado é em programinhas em Java que rodam de dentro do IE (e só do IE).

Com apt é possível até mesmo vc fazer um esquema que pega um programa pirata, instala, gera a chave, e já craqueia sem você precisar ver nada! Facilitaria até isso!




[a respeito do progrma Transmission pra bittorrent]

Vi uma versão mais antiga do Transmission, e parece que era mesmo bastante flowdido. Mas a versão que instalei deixa selecionar arquivos dentro do torrent, e tal, de repente ele deu uma melhorada só recentemente. Eu gosto _mesmo_ é de bittornado, com interface via ncurses, mas esse eu nem recomendo a ninguém (exceto talvez metade dos leitores do meu borg) porque as pessoas ficam horrorizadas.

[ Seria um absurdo falar que "facilidade de achar programas e instalar" é uma vantagem do Linux ]

Bom, primeiro que é inacurado falar "vantagem do Linux" já que Linux é somente um componente do sistema completo na sua máquina (ou conjuntos de máquinas integradas). Existe "uma miríade de possibilidades" sabe, inúmeros gerenciadores de janela diferentes, gerenciadores de arquivos, até gerenciadores de pacotes, e ainda diferentes repositórios de pacotes que você pode utilizar. Isso tudo permite criar inúmeras opções pra utilizar Linux, que são as distros. Eu conheço 10 distros de Linux que são melhores do que o Windows.

Os sistemas de gerenciamento de pacotes oferecem são sim um modo de vida muito mais agradável do que o inferno proporcionado aos usuários de uhimpols. Se não tem muitos programas disponíveis, não sei, mas a administração via apt é mil vezes melhor do que qualquer coisa que conheço.

As pessoas tem na cabeça que usar Linux, e especialmente Debian, é difícil pq tem que sair mexendo em coisas complexas e ignotas. O normal é só chamar o apt e pronto. Não tou nem querendo discutir se "na prática funciona mesmo" ou não. Só tou falando que no mínimo a idéia e intenção do apt é algo revolucionário e positivo.


[ falar isso seria tão absurdo quanto falar que AMD pega fogo e que MacOSX é bom porque é melhor pra trabalhar com imagem ]

É, e Photoshop tem "CMYK nativo" né? Qualquer outro programa é inútil por causa disso.

2008/09/18


Fechando o círculo de fogo na Suíça

Muito boa a qualidade da webcam do LHC. Entrem lá antes de ler o resto, e apreciem por uns instantes, dá pra ver a cada 5 segundos mais ou menos um dos momentos em que uma rajada de neutrons de carga negativa atinge o bloco de Bórax no centro do aparelho, o que causa umas faíscas roxas.

***

Viram que legal?? Muito bom, né? Contribuição de nossa leitora misteriosa, Mme. Z!

Poisé, essa webcam todo mundo pode acessar, tá funcionando bem. Mas lembra quando rolou lá a inauguração do LHC? Eu fiz a maior propaganda, fiquei acordado até tarde... E pra nada! Foi triste. O servidor deles parece que só conseguiu transmitir o tal webcast para um número bastante reduzido de máquinas, e quem não sentou na cadeirinha na hora certa, dançou. Pelo menos eu pude acompanhar pela BBC...

A ironia de tudo é que algo que se fala muito sobre o CERN é ele ter sido o berço da "WWW", esse conjunto específico de protocolos, paradigmas e programas utilizados que formam os serviços que muitos eludem-se ao acreditar que constituem o todo e o fim último da Internet.

Eu fico triste ao constatar que o CERN deu uma aceleração Lorentziana na WWW e ajudou a espalhar a Internet por todo o lado, mas anos depois disto, num momento em que os olhos do mundo se concentraram sobre a instituição, eles promovem um evento na Internet que serviu mais foi pra mostrar como a ferramenta está aquém de nossas necessidades. (ferrmenta - Internet, e não o LHC! :) )

Não conseguiram montar um servidor de vídeo violento, nem rolou mirror, nada... A solução era o que? Multicast né, gente. É usar de fato tecnologias já pesquisadas pra resolver essas coisas, montar uma rede mais flexível, e finalmente implementar por aí o IPv6 e outras milongas mais.

Ou talvez nem isso, não tem uns sites por aí que retransmitem seu vídeo?? Porque ninguém botou o trem lá? Mesmo que tivesse tb, creio que eu teria tido dificuldades pra achar...

***

Tudo bem que a pesquisa deles é outra história correndo em paralelo, e o tal nascimento da WWW que teria ocorrido lá não é algo tão deslumbrante assim. Mas dá pra ter uma impressão de que a WWW saiu do CERN nos anos 90, deu meia volta, e mordeu o calcanhar dos próprios naquele dia. Eles criaram lá esse monstrinho cheio de interfaces que me dão raiva, e que até onde eu sei não concretiza as visões de caras como Douglas Engelbart ou Ted Nelson, e demonstraram naquele dia uma fraqueza da ferramenta. Não rolou!! Sei lá as razões, não rolou, fiquei tristinho. O ciclo histórico se completou, mas não pude acompanhar pela internet enquanto o ciclo de partículas ia se fechando dentro do aparelho.

(Mas façamos justiça ao fato de que pelo menos não precisava de Fresh pra abrir o stream).

Estamos vendo a tal web 2.0 surgir, mas por baixo ela continua mais ou menos a mesma. Muita mudança plástica, nem tanta mudança estrutural. Muitas ferramentas sendo desperdiçadas, seja por interesses de monopolização, seja por pura ignorância ou preguiça.

Quem sabe o incremento de força no CERN não seja o prenúncio agora de uma nova etapa na história da Internet?... Tem muita coisa pra acontecer. Eles estão até envolvidos já com o problema de distribuir o processamento dos dados que vão coletar. Tomara que nasça desses desafios tecnológicos o que vai ser de verdade uma "nova" web.

***

Não posso terminar sem antes notar outra forma como a web teria agora retornado de forma meio negativa ao CERN, fechando um ciclo numa rebelião anti-progenitora. Quem falou melhor sobre isto foi o John Ellis, que nesta palestra muito boa (e extensa) mostra aproximadamente aos 40 minutos como que a web foi/está sendo utilizada pra espalhar FUD e desinformação sobre o LHC, e até mesmo desvairadas mensagens ameaçadoras carregadas de ódio.

É outra renovação que tem que ocorrer na Internet. Um terceiro tipo de "web 2.0". Além das ferramentas fundamentais e do jeitão dos sites, o conteúdo tem muito pra ser melhorado. Os usuários precisam amadurecer. O mundo precisa amadurecer, virar 2.0. Ouçam meu apelo, pessoas 1.0. Apelo ao qual acredito que se juntariam a mim esses dignatários todos que citei anteriormente, e outras pessoas de bom-senso como os estimados leitores deste humilde blargh. O apelo é: "Vê se cresce!!"

2008/09/12


Who doesn't risk, doesn't...

Faz algum tempo que estou querendo começar um projeto para coletar pequenas palavras e expressões da língua portuguesa que são difíceis de se traduzir; em especial que sejam difíceis de traduzir para o Inglês.

Ouço muito amigos meus falando que consideram o português mais "pobre" do que o inglês, que acham o inglês muito melhor para expressas várias coisas, que é uma língua muito mais rica...

Minha teoria é que todas línguas tem suas peculiaridades exclusivas. A idéia do glingolês ser "melhor" que a nossa língua seria apenas uma impressão derivada do seguinte fato: Quase nenhum conhecedor de português faz traduções para o inglês. Primeiro porque isso é raro, em geral há interesse apenas em traduções no sentido inverso. Segundo que muitas vezes os lusófonos que precisam publicar no idioma da rainha da Inglaterra acabam é produzindo o conteúdo direto neste, ao invés de trabalhar livremente com sua linguagem materna, para então se colocar a traduzir. Se nós, bons conhecedores do bom português, nos empenhássemos mais freqüentemente em fazer este processo, descobriríamos que existe um grande número de "riquezas" de nossa língua que ficam além da expressividade do Tio Sam, e isso do mesmo jeito como às vezes fica aquém...

Hoje começamos com "arriscar"!

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Como traduzir "arriscar" para o inglês?

"Risco" não tem problema. Aliás, tem se for um risco tipo "riscado", porque um risco em um carro, por exemplo, é quase sempre "scratch", que é mais especificamente um "arranhão", e no caso de traços de lápis e caneta usamos "line" que traduzimos sempre direto pra "linha", senão "rabisco"... Mas enfim.

"Risco" de "arriscado" (e não de "A"-riscado como na famosa piada intradutível) é simplesmente "risk". Uma coisa "arriscada" é "risky", até aí tudo bem. O risco de cair da corda-bamba, é "the risk of falling from the slackwire". "Atividade arriscada" ou "de risco" é "risky activity" (que traz uma atroz aliteração e por isso o pessoal fica mais é no "risky business", ou no esquizitado "risk activity", em que a pobre palavra passou por um processo de esquizitação pra virar um adjetivo.)

Mas e quanto ao verbo "arriscar"? Em inglês existe sim o "to risk" (aliás, vamos aproveitar pra malhar esse negócio do infinitivo ter esse prefixo "to ..."). Mas o "to risk" é meio estritamente arriscar uma coisa que você vai perder. "Risk your money", "risk your arm". Em geral a gente até fala mais é "colocar seu dinheiro em risco" nesses casos. E em inglês tem "expose to risk", né?

Acontece que "arriscar" em português pode ter um sentido um pouco diferente, que é o de arriscar fazer algo. "Arriscar fazer uma curva fechada", "Arriscar uma troca na Porta dos Desesperados do Sérgio Mallandro". Às vezes, no coloquial, ainda esquizitifica-se toda a frase, e fica: "arriscar _de_ fazer uma curva...". Isso deve vir da expressão "o risco de fazer uma curva". "Arriscar de fazer uma curva" deve ser uma verbalização dela...

O "arrisca" aqui diz respeito é à ação que você vai fazer, e não à entidade colocada em risco. Existe até o poético "vou arriscar um soneto com estas palavras", por exemplo... O que está em risco é sua reputação como poeta --- ao menos de sonetos --- mas você "arriscou" foi a composição.

Acho que o mais parecido em inglês seria o "take a chance". Uma expressão bastante comum, aliás, pronunciada quase como uma palavra: "I'll teikatchens at the roulette." Mas ainda é diferente. Não dá pra traduzir direito... Quer dizer, você sempre pode arriscar de fazer uma tradução meio ousada.

2008/09/10


Se ligando no LHC

Muitos dos meus leitores vão provavelmente gostar de saber que hoje começa a fase mais "excitante" da ativação do LHC: um feixe de prótons vai circular lá, de forma contínua (mas baixa potência ainda).

O CERN montou um webcast que vai se iniciar em breve, às 4:00 aqui no Brasil, e vai durar até as 13:00. Vc pode acessar tudo em http://webcast.cern.ch/index.html

Não me digam que estou avisando em cima da hora, porque sei que meus leitores são pessoas normais, e estão agora, às 3:00, justamente procurando saber se tem algo bacana pra ver na Internet daqui a uma hora!... :D

Dá pra abrindo direto no mplayer tb:

mms://wmsuds.cern.ch/webcast

Acho que a rádio BBC 4 tb vai estar transmitindo.

O webcast vai ter palestras, vídeos pré-gravados, e entrevistas... Não sei se vai ter alguma filmagem emocionante tipo lançamento de foguete, mas vai ser uma festa...

Aproveitem e confiram também o rap do LHC! (obrigado, Rafael!)

2008/09/06


Olho de Aquiles

O principal ponto fraco do ser humano são os olhos. Não digo figurativamente assim não, tipo, que os olhos enganam, imagens são traiçoeiras, "beauty killed the beast", etc. Eu falo muito desses assuntos, mas estou falando literalmente!

Outro dia estava vendo Desaventuras em Série, e uma das coisas que a super-cuidadosa personagem da Meryl Streep fala é pra tomarem cuidado com a maçaneta de vidro, porque ela pode explodir em mil pedacinhos, e um deles pode te acertar o olho. Ontem tava vendo Sid e Nancy --- muito bom filme, aliás --- e no começo rola um esquema que tá todo mundo deitado, alguém joga algo e um dos cara reclama que poderia ter acertado o olho. Aquele monte de punk podrão cheio de piercing, fazendo skin-carving, e tal, mas mesmo assim os caras tavam ali (no filme, ao menos) neurados em ter um acidente ocular.

Tem alvo mais exemplar na chamada "luta suja" do que o olho? Dedo no olho é a epítome da luta suja. Uma tática famosa dos desesperados em combate, é pegar areia ou terra do chão, e jogar na cara do oponente. Isso aliás, eu vi noutro filme outro dia, o Wild Hogs.



Não é só que o olho é o ponto mais fraco do corpo, e de maior relação estrago / potência do golpe. (i.e., tem um efeito muito trágico (i.e. cegueira) pra uma ação relativamente simples. Qualquer desmembramento é muito mais difícil.) Além disso, é tudo muito desproporcional com relação ao resto do corpo.

Quantas situações você já ponderou pra decidir se era ou não perigoso se expor a ela, e o primeiro e muitas vezes único risco que você conseguiu encontrar para deixar de encarar o desafio foi que "tal coisa pode pegar no olho"?...

Não tem soco na costela, quebra de pescoço, bater cabeça em quina, cair de bunda, torcer o pé, chute no saco e quebrar o nariz que se compare a uma estocada no olho.

Não fosse nossa fragilidade ocular, as pessoas teriam mais dificuldade em racionalizar o medo instintivo que muitas vezes lhes impede de tentar enfrentar situações adversas. Porque o medo de machucar os olhos é a primeira e geralmente única coisa que conseguimos levantar para justificar nossos temores. O mundo poderia ser muito diferente!

2008/09/02


Cromo gúglico

Entrei no site do google chrome, já prevendo a inexistência de uma versão pra Linux, e bolando o e-mail desaforado que ia escrever pra eles, que seria basicamente:

There is no Linux Version??

I hate you!

Fuck off and die.


Quando entrei, entretanto, notei uma preocupação com isso. Um detalhe imbecil que pode passar desapercebido a muitos... Na primeira página tem falando: "Google Chrome (BETA) para W*n*o*s". (palavrão obscurecido por mim) Ora, se está especificando, ao invés de simplesmente escreito "baixe aqui..." como se não existissem alternativas àquele canhesto sistema operacional, então é porque alguém está se preocupando com outras versões, muito provavelmente uma pra Linux.

Sondando mais a página, me chamou a atenção um botãozão azul, "saiba mais", e escrito um texto que nem li: "sobre o desenvolvimento em software livre (em inglês)." Cliquei e caí numa página assim:

Google Chrome para Linux

O Google Chrome para Linux está em desenvolvimento e uma equipe de engenheiros está se esforçando ao máximo para fornecê-lo a você o mais rápido possível.

Insira o seu endereço de e-mail abaixo para que possamos informar você sobre o lançamento do produto.


Eu pergunto: Tá todo mundo caindo nessa página, ou eles tão me transportando lá porque tem um banco de dados mágico que sabe que eu uso Linux?... Ou talvez simplesmente leram os dados que meu browser manda?... Será que algum leitor de nosso blog usuário do sistema operacional alternativo (se há algum que seja) poderia testar pra nós, se eles tão caindo lá tb?

EDIT: Nosso estimado leitor K-Max confirmou nossas suspeitas, e nós reconfirmamos. Eles realmente lêem o user-agent, e oferecem pros usuários de Linux essa página pedindo desculpas aí.

Achei bizarro substituírem o link de download... Quer dizer que eles não querem que tentemos rodar o chrome dentro do wine, por exemplo? :) (A propósito, que user-agent o pessoal usa no Explorer dentro do wine? %) )

Pra quem quiser experimentar por si mesmo, existe um add-on do firefox que te permite alterar seu user-agent facilmente.

E pra quem nem sabe do que se trata... É uma string que seu browser, um espião delator sujo, envia pros servidores de http tagarelando qual é o seu browser e seu sistema operacional e a cor da sua calcinha. Páginas podres que dependem da plataforma do usuário muitas vezes usam essa informação pra modificar o conteúdo, freqüentemente apenas barrando quem não seja usuário de IE ou de Netscape, e de w1mgows. Aí é so vc pegar tipo esse add-on aí, botar lá a string dum desses browsers alternativos, e mandar brasa.

Alterar o user-agent é freqüentemente necessário quando vc quer usar o wget pra leechar páginas. É uma forma de tentar filtrar sanguessugas digitais, verificar se é um browser ou se é o wget... Aí vc bota lá a string mandando dizer que vc usa um browser recomendado pelo Bihl Gades, e o servidor responde "aaah bom, então tá, pode passar! Pegue todos estes arquivos jpeg de alta resolução sem grilo!"

2008/09/01


Morte digital

Eu ainda vou morrer de ataque cardíaco por causa do enorme stress que sofro com cada progrmainha mal-feito que sou obrigado a usar na minha vida.

Acabei de entrar aqui no site da TIM. É impossível entrar no site direto usando mozilla. Estou usando um mozilla bonitinho, com flahs oficial isntalado, mas não sei porque cargas d'água, o site simplesment enão entra. Pior, fica mostranod um desenho ridículo com robozinhos imbecis, e com um quadrado branco enorme tampando a figura, em cima de uma região qu eprovavelmente deveria conter um painel.

Usualmente eu supero isso usando um link secreto que eu tinha anotado, mas está n aminha outra máquina que está na oficina.

Hoje descobri que se eu selecionar "Pernambuco" ao invés de "São Paulo", ele acaba entrando!! O que me dizem disso? Coisa de hacker. Estou pensanod em me mudar pra Pernambuco, porque os sites de Internet feitos pra lá funcionam, ao contrário dos de sampa.

No final das contas não adiantou nada entra rno site da TIM, como sempre, porque tudo que eu requisito simplesmente não funciona. Eles enviam "números de protocolo" pro meu celular automaticametne super bem-feito e sem problema, mas o que eu preciso saber, não dá pra requisitar na Internet.

Acabei, como sempre, recorrendo ao telefone, e tenho que dar o braço a torcer: pedi que enviassem os números das cotnas a mim por sms, e deu certo!... Milagre. Mas antes disso passei alguns minutos torturantes em que a tendendo alterou erroneamente o endereço de uma linha que não me pertence mais.

Mas verdade seja dita, desde que a TIM mudou o atendimento da Bahia pro Rio de Janeiro, ficou MUITO melhor. Lamento informar o pesadelo da realidade aos leitores bahianos, tenho certeza que se fossem eles (meus leitores) trabalhando lá o atendimento estaria ótimo. Mais ainda, estaria todo automatizado, sem necessidade de intervenções humanas e sem números de protocolo.

Enfim. Fui então entrar no site do meu banco. E pra isso eu digitei o endereço na barrinha de endereço do Mozilla... E meu deus, como essa barrinha me tira do sério. Que porcaria. Ela tem uma funcionalidade que admiro muito: conforme vc vai digitando, ela tenta encontrar sites que batem no histórico, e vai listando numa combo box em baixo. É ótimo, vc digita alguns caracteres, e já aprece a página que você quer, vc só dá "pra baixo" e enter. É quase que nem um tab completion.

Só que não funciona sempre. Só às vezes. Por algum ominoso motivo ignoto, às vezes eu vou digitando "gmail..." e não aparece nada. Às vezes aparece. Isso vai modulando meu humor ao longo do dia. Se aparece fico feliz, se nõ aparece fico puto, fica aopertando a setinha, depois apertando mdu mouse pra lá e pra cá sem descobrir o que diabos fazer pra funcionar sempre que eu quiser.

Porcaria de programa. Esse tipo de comportamento imprevisível é indesculpável. Ess e'o maior mal das interfaces gráficas... São enormes esfinges caóticas, que não sabem elas mesmas as respostas para seus enigmas.

Aí beleza, entro no site, peço uma lanc elá, que tme que imprimir, e o mozilla diligentemente bloqueia o pop-up, e apareec aquela barrinha em cima "apareec lentamente faszendo scrollll minhocoso nojento travando, ficando transparente, etc. Não entendo como alguém ache isso agradável. mas enfim) aí aparece a tal barrinha amarela, que antigamente vc apertava na prórpia barirnha, e já abri ao menu. Hoje nõa mais, hoje,t em que apertar o botão na direitoa. Oh well.

Aí você aperta o botão e tem as opções "inserir o site tal na lista / editar lista / bloquear esse site". OK, legal. aí eu permito, e o que acontece?... O firefox NÃO ABRE o popup que er apra abrir. Você tme que ir de novo na porcaria do site, e apretar todos botõeszinhos coloridos de novo até finalmente mandar abrir de novo o popup, e pronto...

Isso não é problema se vc puder simplesmente dar reload, ou se pode ir pra trás e pra frente. Mas em site de banco, que é cheio das pseudo-seguranças picaretas, é tudo difícil de navegar. Qualquer coisinha ele cancela as operações, etc. Então tudo se perde, e eventualmente você tem que LOGAR DE NOVO na sua conta, o que envolve coisas chatas como usar auquele ridículos "teclados java" como o do Banco do Brasil.

Tudo porque a porcaria do mozilla não pode abrir o tal popup que el bloqueou, e que sabe perfeitamente qual é o endereço. Deve tar enfiado no cache dele em algum lugar, mas o puto não abre!!!...

Sei lá se tem algum ícone escondido em algum lugar que ativa isso. Eu quero que aquela opção ali do menu já abra o que ele bloqueo, pô!!!... Que coisa estúpida. É um verdadeiro no-brainer.

Enquanto isso eles ficam preocupados em escolher a melhor corzinha de amarelo piu-piu pra colcoar nesse scrollzinho, ficam decidindo amelhor velocidade com que ele tem que "abaixar" lá do topo da página, tem que resolver o problema de que todo co conteúdo da janela tem que abaixar também...

É ridículo, é muitos homem-hora gastos com estupidez, com coisa que não tem a menor importância. Contando o homem-hora que gasto todo dia passando raiva com todo esse tipo de besteirinha.

Aí entro no blogger pra falar mal de tudo e todos, e tenho sempre que logar d enovo, porque nõa sei porque cargas d'água ele simplesmente é incapaz de manter minha sessão aberta depois que fecho a janela.

É dureza.


Cruzando a janela

Hoje fiz um negócio legal que meus melhores leitores vão saber apreciar!

No meu último trabalho de uma disciplina aqui na Poli (que vou botar no meu site mais cedo ou mais tarde), tínhamos que fazer um par de programas pra rodar no console mesmo (algo que qualquer um tem que concordar comigo que é absolutamente alien no mundo wirdnws desde o XP, senão o 95). Um programa apenas abre um vídeo de entrada e insere uma marca d'água. O outro detecta ela no vídeo gerado.

Fiz tudo usando a FFmpeg. Terminei os programas, funcionou tudo legal. Mas tinha um probleminha: meu professor parece que não usa muito Linux, e queria códigos fonte de quem usou outros esquemas pra programar...

Como o FFmpeg é uma biblioteca pequena, relativamente independente de outra coisas (bem como o programa que eu fiz) então tinha boa chance de que eu conseguisse compilar tudo no widlows sem mudar o código... Mas eu fiz até melhor (agora vem a coisa legal). Resolvi tentar fazer uma compilação cruzada! Gerar o binário pra ele usar na plataforma estranha que ele usa, mas sem eu precisar instalar aquele sistema operacional bizarro nas minhas máquinas: compilar pro uíndious direto do meu Linux!...

Como fazer? Não tem mistério, é só pegar o Mingw32, o que no Debian é apenas questão de dar um apt-get. Aí pega o código fonte do ffmpeg (lá no SVN...), e dá o configure certo, algo como

./configure --disable-ffplay --disable-ffserver --enable-gpl --enable-cross-compile --enable-memalign-hack --target-os=windows --prefix=/usr/local/ffmpeg-mingw32 --cross-prefix=i586-mingw32msvc-


Na hora que vc der o make, ele deve chamar o mingw32 lá pra tudo, e pronto, vc vai instalar as bibliotecas do ffmpeg na versão da plataforma alien num diretório lá num /usr/local da vida. Aí é só compilar o seu programa com o mingw32 tb, e dar os -I e -L certos da vida. No meu caso tive uma dificuldade só lá, deu uns erros assim quando fui compilar:

/usr/local/ffmpeg-mingw32/lib//libavformat.a(rtsp.o): In function `udp_read_packet':
/home/nwerneck/src/ffmpeg/ffmpeg/libavformat/rtsp.c:1251: undefined reference to `_select@20'
/home/nwerneck/src/ffmpeg/ffmpeg/libavformat/rtsp.c:1256: undefined reference to `___WSAFDIsSet@8'
(...)


Mas era só mandar linkar tb uma tal -lw2_32. E aí pronto, gerei as versões binárias pro meu professor rodar meu trabalho na arquitetura estranha que ele usa!... Ah, mas não acabou ainda gente. Tem um detalhe muuuito importante que não pode esquecer. Nesse sistema operacional bizarro existe uma coisa que não pode ser omitida. Algo que é até intuitivo, como tudo que a micoshoft faz, não sei como esqueci de fazer isso.

Seu programa executável nesse tal sistema PRECISA ser um arquivo que o nome termine com a string ".exe". Por exemplo, meu programa chamava "insere", aí tem que mudar o nome pra "insere.exe", por exemplo. Se você não fizer isso o programa SIMPLESMENTE NÃO FUNCIONA. O sistema vai dizer que ele "não soube detectar o formato do programa" uma mensagem de erro super trágica assim.

É só isso, se vc se lembrar de mudar o nome, deve dar tudo certo. Sugere-se tb que o nome não tenha mais de 14 caracteres, contando com a extensão, ou seja, 8 de nome + '.' + 3 de extensão. Não sei porque isso... Vai saber o que esse povo inventa nesses sistema propriatas.

Ah, eu compilei o programa com ligação estática tb, pra ter certeza de que tudo ia funcionar... Isso parece tb que é algo bem comum pra quem trabalha nesse outro sistema aí, então não foi feio.


***
DIGRESSÃO:
A propósito, aprendi algo sobre a FFmpeg muito legal, é a primeira biblioteca que eu vejo que simplesmente abandonou a idéia de fazer "releases", eles mandam você pegar direto o SVN e pronto.

FFmpeg has always been a very experimental and developer-driven project. It is a key component in many multimedia projects and has new features added constantly. New, official "releases" are few and far between. In short, if you want to work with FFmpeg, you are advised to go along with SVN development rather than relying on formal releases. SVN snapshots work really well 99% of the time so people are not afraid to use them.


Traduzindo pra ser legal:
FFmpeg sempre foi um projeto muito experimental, e conduzido pelos desenvolvedores. Ela é um componente chave em muitos projetos de multimídia e tem novidades adicionadas contantemente. Lançamentos oficiais novos são poucos e distantes um do outro. Resumindo, se você quiser trabalhar com a FFmpeg, é aconselhável que você siga o desenvolvimento no SVN ao invés de contar com lançamentos formais. Snapshots do SVN funcionam muito bem 99% do tempo, então as pessoa snão tem medo de utilizá-los.


Isso é muito bacana, por faz algum tempo que o desenvolvimento de software livre vinha desafiando essa visão do mundo dos propriatas (praticante da propriataria de software) de que software é desenvolvido num beco escuro na Zona Fantasma por engenheiros ignotos Lovecraftianos, e empacotados quando eles ficam "prontos".


(Engenheiros na zona fantasma)

Ora, os melhores softwares nunca ficam prontos... Eles estão em constante desenvolvimento e novas características vão sendo incorporadas aos poucos. Essa é a realidade da coisa. Encarar tudo como uma escultura, ou construção de uma casa, é um absurdo. (Aliás, quem já fez uma escultura ou saca, sabe que elas nunca ficam realmente prontas tb... É tudo igual, a diferença é que é tão fácil reformar um programa de computador, que fica mais fácil sucumbir à tentação de dar mais e mais umas mexidinhas...)

Os propriatas de software precisam fazer isso pra ganhar dinheiro, e pra fazer marketing, pra vender aquela ilusão do "software garantido", "com a qualidaaaade do fulano". No mundo livre isso não existe. O que existe é a percepção da realidade que software seguro, é o software velho. Ou você escolhe usar um velho que é comprovado mas menos estribado, ou você vive no avant garde, mas se arriscando a tomar uma cacetada de vez em quando. É por isso que vários projetos criam a idéia do "pacote estável" e o "pacote em testes", e ainda a "distribuição de desenvolviemnto", que é o código no SVN do servidor central onde se gerencia o projeto... No Debian isso é bem claro, existem as diferentes fontes de pacotes em que você pode tentar manter o seu sistema (eventulamente você sempre resolve que precisa de um certo pacote do unstable, ou precisa votlar pra uma certa versão antiga de algum outro pacote...)

O FFmpeg aí jogou no lixo isso tudo. É pegar do svn e pronto!... Você consegue imaginar algo parecido sendo feito por propriatas?? Algo como cobrar uma mensalidade pra você acessar lá a versão SVN do Altokod, ou do C0rreu dal? Duvido que rolasse.

O que os propriatas fazem é manter a versão de desenvolvimento deles em segredo, bem escondida na Zona Fantasma (wikipédia se vc ainda não sabe do que se trata). Aí dá essa ilusão de que "não interessa" aos usuários mundanos. No mundo livre todas versões de tudo tão sempre à disposição. Aí o que acontece? As pessoas vivem angustiadas por se depararem com o comprometimento entre o novo e o seguro... Aí eu pergunto, você realmente prefere viver na alienação?... Ignorance is bliss??...

2008/08/29


Morte Magnética

Todo mundo se ligando aí no disco novo do Metallica hein!...

Eu te digo porque vai ser legal. Porque é o primeiro desde a "saída" do Cliff a ter um baixista que presta. Nada muito contra o Justice Forró não, e talvez o black album, mas convenhamos que nenhum dos dois é "aqueeeela coisa". O Master é aquela-coisa.

Vamos ver.

EDIT: Copiando umas informações muito boas tiradas do comentário ali:

O St. Anger foi feito bem durante as briguinhas com o Newsted, e eles começaram a procurar um novo baixista imediatamente depois.

http://en.wikipedia.org/wiki/Saint_Anger
"""
Uncomfortable with the idea of bringing in an immediate replacement for Newsted, the band opted to have producer Bob Rock play bass guitar for the recording of the album, with plans to find a fulltime bass player upon the record's completion.
"""

Bob Rock, aliás, que vem produzindo o Metallica desde o Black Album, e foi substituído agora pelo Rick Rubin
http://en.wikipedia.org/wiki/Rick_Rubin
que produziu (além das Dixie Chicks ( :D ), SoaD e Slayer) o Unchained do Johnny Cash (1997), e foi quem sugeriu a ele gravar o Hurt do NIN (2002)!!!... :o Taí mais um excelente motivo pra ter grandes expectativas!


Círculo virtuoso

http://oglobo.globo.com/sp/mat/2008/08/29/temperatura_despenca_13_graus_na_capital_em_duas_horas-548004899.asp

A chegada da frente fria fez muita gente parar no centro de São Paulo para olhar para o céu. Por volta das 12h, um círculo colorido, chamado de halo solar, pôde ser visto ao redor do sol. A meteorologista Fabiana Weykamp, da Climatempo, explica que o fenômeno não é raro, mas precisa de condições bastante específicas para ocorrer.

(...)

Fabiana conta ainda que diversas pessoas ligaram ou mandaram e-mails para a Climatempo, buscando explicações para o fenômeno.

- Tinha muita gente com medo, querendo saber se era algum tipo de presságio de algo ruim. Mas não é nada disso. O halo solar é apenas um fenômeno óptico, como o arco-íris - afirma a meteorologista(...).


"Alô? É da Climatempo? Oi, é que pousou uma coruja preta na minha cabeça, segurando uma lagartixa morta na pata esquerda. Isso por acaso não é algum presságio? É mau-agouro?"

"Ah, não se preocupe, senhor. Estas são todas atitudes cientificamente explicáveis dos bichos da natureza. Este fenômeno não é raro, mas precisa de condições muito específicas para ocorrer."

"Ufa, que alívio! Tinha a nítida impressão de ser algo raro já que nunca havia visto ou ouvido falar de algo assim na minha vida. Agora estou bem mais tranqüilo, sabendo também que trata-se de um fenômeno mundano da natureza, que não desafia as mais fundamentais caracterśticas constitutivas do universo, e ainda é desprovido de significado e de possibilidade de interpretação. Vou seguir agora com minha vida usual, a mesmice maçante de sempre, da qual me retirei por um equívoco indesculpável, um lapso em que cri momentaneamente que neste mundo algo poderia ser digno de nota. Obrigado, tchau!"

"Eu compreendo. Certo. Você tomou suas pílulas hoje, 1138?"

***
ADENDUM:

Minha raiva ao ler essa reportagem vem de uma porção de motivozinhos. enumero a seguir alguns deles:

1_ O principal é o seguinte. Eles realmente querem que eu acredite que uma pessoa que tenha acreditado que o fenômeno pudesse ser alguma forma de "presságio", "mau-agouro" ou outras coisas supersticiosas teria o discernimento e sangue frio pra ligar pra CLIMATEMPO pra pedir esclarecimento?

Se uma pessoa ligou pra CLIMATEMPO pra perguntar alguma coisa, é porque ela definitivamente tem uma boa idéia de que a pergunta dela se relaciona a fenômenos meteorológicos. Que pessoa é essa que viu aquela coisa no céu, imaginou "ah, deve ser um fenômeno meteorológico", e aí ligou pra climatempo não perguntando que fenômeno seria, mas sim perguntando "ô moço, isso será que é boi-tatá???"

Quem acha que é "presságio" vai procurar ou um centro de macumba, ou alguma fonte de informação mais geral (tipo a própria redação de um jornal), não especificamente o Climatempo, né?!?!?! Sinto muito, não. Não houveram vários telefonemas para a Climatempo perguntando se aquilo era o primeiro selo do apocalipse.

2_ Que absurdo é esse de falar que "não é raro" e que "depende de condições específicas"?... Primeiro que é óbvio que é raro, se não fosse raro não seria notícia. É raro sim. ao menos em São Paulo.

Quanto às "condições específicas" bom, e de que forma algum fenômeno tipo esse poderia depender de "condições gerais"?... Se dependesse só do Sol tar no céu a gente via todo dia, né? Que palavreado mais pomposo e desnecessário.

O que a moça quis dizer é que observar esse fenômeno é como ter um filho com olho azul. Isso depende de um certo gene específico, ou seja, não é muito algo que pode ocorrer "ao acaso". Mas não é raro porque, uma vez que a tal "condição específica" seja atendida, ele ocorre, de maneira determinista. Vide população nórdica onde olho azul não é nada raro.

Existe nisso tudo uma grande confusão entre física e probabilidade, entre a "teoria" e a "prática". Esse tipo de confusão epistemológica me fascina, porque revela verdades sobre nossos sistemas cognitivos.

Resumindo: "específico" não é sinônimo de "raro"... De jeito nenhum. Pense nisso, pq tou cansado pra escrever mais. :P

3_ Me dá raiva essa idéia da ciência combatendo a superstição. As pessoas gostam de tratar a ciência como "o oposto da crendice popular e das religiões incivilizadas". O dever do cientista não é (e.g.) privar americanos nativos de sua cultura não, gente.

As pessoas tem a vida delas, elas vêem coisas, elas criam idéias, criam teorias da conspiração, criam interpretações... Isso é assim mesmo. Tem que ser assim. Assim que é viver.

Eu admiro muito mais um caipirão no meio do mato que olha prum halo solar e se caga de medo, e supõe ser alguma forma de bruxaria daquela velha suspeita que mora no alto do morro, do que um citadino janota que vê com dificuldade o mesmo fenômeno através do céu esfumaçado da metrópole, e não tem nenhuma reação. Pisca o olho e diz "isto é apenas um fenômeno da natureza."

Saber que algo que você está vendo "é um fenômeno da natureza" não diz absolutamente nada. Tudo são fenômenos da natureza, oras. Porque é que essas pessoas encontram conforto nesse tipo de afirmação??? A pergunta é meramente retórica, pois respondo: é porque elas simplesmente trocaram a velha religião pela ciência. A postura imatura, passiva e alienada permanece.

2008/08/26


Blues Chic Blues Genre

A cidade de Chicago, Illinois, onde foram filmados The Break-Up, o Homem-Aranho 2 (fingindo ser NYC), e os excelentes filmes Batman Begins e TDK (fingindo ser Gotham City), deve mesmo ser uma cidade de caráter. Não bastasse um estilo próprio de Jazz, descendente do som original de New Orleans (cruzando os States, lá pro sul), há ainda o blues chicagüense, e até mesmo um famoso guia de estilo editorial!... Parece que tudo o que se pode produzir nesse mundo, pode ser feito em "Chicago style". (Ou será que o ponto deveria vir antes das aspas? Hummm...)

Meu repentino interesse nisso tudo vem da minha descoberta do admirável Paul Butterfield, em minha insaciável procura por tudo o que é mais legal neste mundo, e mais especificamente por tudo que se pareça com Canned Heat (a banda, não o produto). Me liguei no Paul por causa desse vídeo maravilhoso no utube, em que ele divide o palco com Stevie Ray Vaughan, B.B. King e Albert King. Notem a infeliz vestimenta do nosso estimado SRV... Loucos tempos aqueles.

__
E já que ninguém nunca entende minhas fraquíssimas piadas que tento perpetrar nos títulos de meus textos, aqui vai uma diquinha.

2008/08/25


Liberdade pela obscuridade?

ATUALIZAÇÃO 2:

Faz algum tempo que uns desenvolvedores do Debian têm se debruçado sobre um projeto "debian-live", criando um conjunto de ferramentas pra que as pessoas façam live-cds do jeito que elas quiserem. Você pode pegar paradas e ver as últimas notícias do projeto aqui.

E não é que hoje lançaram finalmente uma versão beta 1?

2008-08-27: Debian Live Lenny Beta1

The Debian Live team is pleased to announce the first beta of Debian Lenny's Live images.


Parece até uma resposta ao gNewSense, na minha mente paranóica.

Tá aí agora. Você pode usar essa ferramenta (que suponho se livre), pra selecionar só os pacotes que você realmente considerar livre, você pessoalmente, e criar o seu live CD.

Eu mesmo vou montar um sem Gnome, nem KDE nem xfce, vou fazer um livecd com vtwm!!!

E com IceWeasel, já que a logomarca do Firefox infelizmente não é livre, né... Me pergunto, por acaso o gNewSense não vem com o Firefox, ou eles não consideraram isto uma nuisance?

Este é o Debian way. Não é fazer uma distro livre, é fazer um pacote que você instala com apt, e te ajuda a fazer Live-CDs do jeito que você quiser. Pode até fazer um Live CD com os tais pacotes do Debian-Live dentro, pra gerar novos Live-CDs sob demanda, ao vivo. Isso não é simplesmente DOIDO DEMAIS?

Quem sabe faz ao vivo, e tudo com apt.

ATUALIZAÇÃO:

Na verdade a notícia do Slashdot foi absurdamente exagerada. O nível das notícias de lá está lentamente se tornando tão ruim quanto o dos comentários.

A distro nada mais é do que um Live-CD organizado pelo princípio de possuir apenas software estritamente free. A necessidade de derivar a partir do Ubuntu é antes de mais nada porque desejava-se um Live-CD, e isso o Debian (a fonte do próprio Ubuntu) não é. Só isso.

Aí misture-se a isso afirmações exageradas sobre Ubuntu ser muuuito mais bem-apessoado q qualquer outra distro, e sobre ser fundamentaaaal pro futuro da humanidade que todos possuam computadores com apeeeenas coisas absolutaemnte liiivres instaladas. Aí você tem uma receita pra uma notícia bombástica pra irritar o Nicolau.

No final das contas vc pode perfeitamente pegar esse negócio aí e instalar uns skype e varicad da vida com o bom e velho dpkg, e possivelmente colocar as fontes de pacotes contrib e non-free à disposição, inclusive os pacotes do Marillat... Nada diferente de usar Debian, exceto que deve possuir o "emerge" que é muuuuito mais fácil de usar do que apt, e vem num Live-CD que faz a instalação mais prazerosa pra usuários new-school.

i.e. nothing to see, move on...



ORIGINAL:
____
Fiquei meio encafifado com essa tal distro "patrocinada" pela FSF. Aqui vai um "reprint" do meu "comment"que eu "postei" no slashdot.

A NOTÍCIA

To me this feels just lame. It's a bit like the dream of the programming language that will forbid programmers to create bad code. "Oh, Debian is baaad, dude, it ALLOWS people to install proprietary filthy bits if that even crosses their minds. Let's do this new distro that kinda certifies every little file in the HD and if it meets something different from fully 100% GPL compatible, it just goes BOOM, explodes the box!!"

People must CHOOSE to have free software all the time, they must do so KNOWINGLY. They must be FACED with the alternative all the time, must be tempted by the devil all the time. That is how we go on with our lives. Yes, it is difficult.

The idea that we need a new "pure" distro instead of Debian (or many others) is ludicrous to me. People should just LEARN about how to use APT, and understand how that affect their lives, instead of look for a distro that "handle all that" for you, and send you to user heaven when you die without hassles.

This is a proposal to create alienated users, just like the dark side already does. It's playing by their rules. I've seen a lot of this in other contexts, it happens sooner or later.

Programming languages, like distros, are TOOLS. When we put limits to them, you are making a sin. That is the sin the proprietary world do all the time... Tools are extensions to our bodies and souls, and by limiting them, thei are crippling us. This distro is a limited distro. It was born from an idea of limiting what can (or should) be done. This PRINCIPLE is wrong, and should not be followed.

How much time before people get this and subvert it, find ways to install this or that proprietary thing? It will be sort of a "pirated" gNewSense, with probably an even worse name. So there will be them, the great "freedom fighters" who will "liberate" gNewSense for the people to use and finally do what they will, instead of strictly what the creators of the distro had in mind... A "people's" version of a "GPL" version of a "people's" version of Debian...

Can't you SERIOUSLY not install Debian and NOT include the contrib and non-free sources (which are not default BTW) and then NOT install skype, or pirated windows binaries or pirated Mathematica or SNES ROMs or Leisure Suit Larry or whatever? Just do that, do NOT use proprietary, instead of asking for your big brother to watch over you.

Perhaps they like the spirit of this in Venezuela, or other countries where Stallman has been going to a lot lately. I sure don't like it here in Brazil. But what do I know? I haven't tried many distros in my life. I only switched from FreeBSD to Debian after I asked RMS himself for suggestions, and I liked it ever since. He did look a bit uncomphortable at the time by suggesting it, I believe he still didn't find it the perfect distro. I honestly hope he doesn't find THIS the perfect one,and feels at least a bit uncomphortable by suggestig it too...

2008/08/19


Notas acadêmicas

Inspirado neste segundo por esta carta do estimadíssimo professor Hans Moravec, queria botar, em algum lugar qualquer, uma nova tentativa de colocar em poucas linhas a minha maior motivação em meu doutorado.

Existe um monte de pesquisa em robótica (e IA em geral) onde computadores enormes e gigantes, usando equipamentos caríssimos conseguem fazer certas tarefas muito bem.

Mas é caro e complicado. O bom é coisa barata. Queremos construir coisas baratas, por uma série de motivos.

O Roomba, da iRobot, é uma prova de que coisas simplezinhas e baratas têm poder. Ele é muito menos poderoso do que outros similares, mas ficou muito mais popular e famoso, porque é barato (e simples?...).

O que eu quero é estudar essa transição do "baratinho e simples" pro enorme e custoso.

Preço é um NÚMERO REAL, não é uma variável binária: barato/caro.

Poder computacional é mensurável em instruções por segundo e bits transmitidos por segundo. A memória de uma máquina é mensurável, em bits.

Fala-se muito em "arquiteturas reativas" versus outras mais poderosas... Não podemos nos prender nisso. Temos que estudar o processo contínuo através do qual a tal arquitetura reativa, sem memória, vai se tornando essas outras. Temos que ver o que acontece conforme vamos lentamente dotando essa máquina de memória, de forma gradual, contínua e suave (sei lá, pode dar um fractal, mas é uma superfície, e não um quadradinho de um formulário).

O Deep Blue consegue criar uma trajetória pra limpar o chão de uma casa muito melhor do que o Roomba, porque ele tem mais memória pra se lembrar como é a casa, por onde ele passou, o que houve lá no tempo passado, etc, e ainda mais poder computacional pra processar todas essas informações, e pra controlar seus movimentos ao mesmo tempo. O Roomba não tem quase nada, é um bocó, um jacú de mola absolutamente desinformado. Mas faz lá um servisso toskinho.

O Deep Blue, entretanto, é obviamente uma bazuca pra matar o mosquito que é fazer esse processamentinho. (Ou ainda uma quantidade de processamento maiorzinha que vai satisfazer completamente o consumidor.)

Portanto a pergunta é, onde fica esse ponto ótimo? Qual é o robô mais simples possível que atende os requisitos? Qual é o mínimo de recursos computacionais (processadores e bits de memória) requerido pela tarefa de limpar uma casa?...

As pessoas geralmente se perdem ou brincando com os computadores super poderosos, que podem fazer qualquer coisa, ou brincando de ir colando as pecinhas de lego, montar lá um roombô e ver "o que que dá". OK, adoro isso tudo também, me divirto à beça, etc. A questão é: como fazer a ponte?... Quanto eu posso ir tirando fora do robô gigante e fodão que resolve tudo com erro de 0.00000001 mm e em 0.00003 ms, até que ele fique com um erro de 10mm em 5s? E quanto falta colocar no Roomba pra finalmente ficar espertinho o bastante pra não falarem mais que este ou aquele outro aspirador é mais inteligente? Qual é o mínimo de inteligência que um aspirador precisa ter pra ser o suficiente em sua tarefa?

A gente já tem as soluções, quero ver como ir degradando elas, quero saber as condições mínimas, os limites de funcionamento... Isso é, aliás, o que considero a alma do estudo de engenharia.