2008/02/16


Post dentro do campus party

Este é um post dentro do Campus Party!!...

Vou cobrir o Campus Party no meu blog agora!...

Tem hum... mesas... hummm... Computadores nas mesas, e pessoas atrás dos computadores... sim, tem um gabinete do Donnie Darko e um dum caveirão...

E, e, tem pessoas falando coisas alto, eee... bom, e pessoas blogando, cobrindo o evento!!!...

Agora vou tomar um café enquanto termino meu download do Musix, uma distro live votada pra produção musical que vou tentar mostra pra pelo menos uma pessoa por aqui...


O grande debate jornalistas e blogueiros... e engenheiros!?

Ouço muito debate por aí sobre o que é ser “blogueiro”, o que é ser jornalista, o que é escrever um blog, pra que serve, “como tem que ser”, como é errado, como é certo...

Tem gente tratando blog como jornal, querendo exigir restrições, processar pessoas que comentam em blog por calúnia e difamação. Tem jornalista que parece que já quer estender o absurdo monopólio que eles possuem dessa atividade deles para essa ferramenta aí também, essa "mídia".

Todo mundo muito nervosinho nessa história toda. E isso é porque quer todo mundo mandar nos instrumentos de lavagem cerebral (aprendi por aí que é bom dar uns bold no blog pra torná-lo um instrumento de lavagem cerebral mais eficaz.) Ficam encarando a mídia como esta ferramenta estratégica que deve ser controlada em nome do poder.

Não podia ter sido mais fortuito esse meu encontro com o Sepultura nesse momento em que começo a enxergar isso tão claramente. Só mesmo as seguintes pérolas cantadas pelo Max expressam bem o que eu sinto:

What is this shit?

I'm sick of this.


Temos que acabar com a possibilidade desse poder. As pessoas tem que parar de arregalar os olhos quando imaginam a possibilidade de falar algo que todo mundo vai ouvir. Tem que parar de sentir que vão fazer a cabeça do público, que vão fazer anúncio, se dar bem, determinar a “opinião pública” ou sei lá mais o que.

E isso só vai acontecer num movimento de baixo pra cima, quando as pessoas deixarem de ser controláveis. Passarem a questionar mais o que vêem (“Don't believe what you read”). Tem que ser mais auto-confiantes, sei lá. Menos bundonas.

E isso já é tããão velho...

Queria que algum pesquisador sério de comunicações sociais tentasse fazer um trabalho fazendo um paralelo entre a chegada da prensa de tipos móveis e os blogs... Que diferenças cruciais será que existem entre estes dois importantes momentos da história?

Sei apenas de duas semelhanças. Uma delas é que acadêmicos e intelectuais do mundo todo ficaram em polvorosa querendo dominar este novo instrumento, querendo dizer quem tem ou não tem o direito de usar, e quem sabe ou não usar do jeito certo... Todo mundo quer ser o pai super-controlador querendo dizer o que é pra fazer.

Outra semelhança é que quem fez mesmo os novos canais, os inventores, cientistas e engenheiros, Gutenbergs da vida, ficam esquecidos no meio o furor todo. Quem costuma igualar o papel de Gutemberg a o de qualquer pastor no trabalho de popularizar a bíblia e o protestantismo? Já no mundo da Internet, ninguém quer saber de quem bota esse bicho em pé. As pessoas só querem saber de apertar lá o botão mágico da ferramenta “encapsulada”, e usar esses programas: bloggers, twitters, wikis, fórums e e-mails. Os “milagres” são recebidos como que vindos do céu de forma passiva, calada... Fala-se muito dos efeitos e pouco das causas...


Minha bronca pode ser colocada bem explicitamente: em 1982 o “homem do ano” da revista Time foi O Computador!!! Sim, a boa maquininha!! Em 2006 foi Você, a pessoa que “controla” a era da informação... Os criadores destes prodígios tecnológicos, entretanto, são seres ignotos, desconhecidos, ninguém sabe ninguém viu.

Não tou pedindo pra apontarem algum Steve Wozniak ou Lee de Forest da vida... Em muitos casos seria mesmo algo injusto, porque é tão raro uma única pessoa ser responsável por estas revoluções que a Time quer elogiar. Mas dava pra fazer uma Time "Os Engenheiros Eletricistas", não? Nunca fizeram...

Em 1950 foram os soldados dos Estazunidos. Em 1960, os cientistas... 66, "os baby boomers"... 2003, os gorilas de novo. Em 2002 foi algo bem interessante, a ver com o que quero dizer, foram Os Whistleblowers!... Olha só que coisas interessante, específica-mas-nem-tanto!...



Já repararam como que o Doutor Victor Frankenstein, criador daquela curiosa criatura montada a partir de restos cadavéricos e de mais alguns aparatos elétricos (olha a E.E. aí de novo), é muito menos conhecido do que o monstro em questão? O monstro às vezes até leva o nome do criador, enquanto que este sofre uma obliteration-of-mankind...

E sob o céu pálido e acinzentado surge o monstro contemporâneo. Sua teia de cobre e vidro vai aprisionando o planeta aos poucos. Ninguém sabe mais quem o criou, e o que tinha em mente. Mas a criatura age ainda assim, trazendo a discórdia ao mundo, causando a cizânia. Uns querem botar fogo no bicho. Outros acorrentar, encoleirar. Outros bradam instantaneamente: “e meus filhos??”. Outros: “O que que eu fiz para merecer isso??...” E dá-lhe posts nos blogs.

Eu sinto muito que tem um eterno retorno rolando por trás de todos esses debates sobre jornalistas e "blogueiros"... E sobre engenheiros, que só eu falo.




Eu não gosto que falem que eu sou blogueiro... Eu sou um cara complexo (como todos), faço tantas coisas. Pra mim, me chamar de blogueiro é quase falar assim: "Nicolau, uma pessoal que come arroz no almoço"...

Com o perdão da simpática camarada Kaká, que deixou um comentário aqui outro dia &emdash; algo que sempre me emociona :_) , não acho que blogueiro "serve" pra incomodar, em especial incomodar jornalistas ou outros vips engravatados...

Segundo Robert Rosen, um dispositivo em um sistema (como um órgão num animal, ou uma pessoa numa sociedade) só tem uma "função" se a remoção deste elemento causa uma mudança no resto. Esta função é observável como a diferença entre o funcionamento do sistema antes e depois.

Se uma pessoa não se sente incomodada por um blogueiro, e se torna meramente um louco que tá afim de escrever na sua, não há portanto "função". A função é do tamanho do impacto na sociedade do que a pessoa escreve. E eu não creio muito que um escritor com uma grande função passe muito tempo de sua vida sendo primariamente um "blogueiro", ela acaba virando de uma vez um jornalista ou cronista ou escritor...

É muito fácil ignorar uma blogueiro incômodo, e remover dela qualquer função / influência que ela poderia ter sobre você. No momento em que você se recusa / resiste a se deixar levar pelo que estão te dizendo, você tira o poder do tal blogueiro ou jornalista. Não há portanto função a não ser que haja uma relação completa ali, não só de escrita, mas da leitura também... Algo parecido até com a arte... Não dá pra sair falando "esse quadro é isso ou aquilo", o quadro é o que vc tá vendo naquele momento!...



O que eu quero mesmo-mesmo dizer é que eu fico triste de ver que por um lado, tem jornalistas e escritores com raiva de que os tais "blogueiros" tão realizando a mesma atividade que eles. Eles se sentem meio ofendidos pela sugestão de que “qualquer um” pode fazer o trabalho deles. Eles não se conformam só em ser muito bons profissionais nestas atividades que desempenham, e serem pessoas que se dedicam a ela mais tempo do que outras. Mas pôxa vida, ESCREVER todo mundo aprende na escola, porque eles não podem deixar a gente ser jornalistas e escritores um pouquinho também???...

Por outro lado, ninguém gosta de ser um pouquinho cientista ou engenheiro.

E eu tenho uma teoria sobre porque isso acontece. No mundo jornalístico e escritístico, até existe erro de sintaxe e semântica, mas uma vez que um texto possui frases que fazem sentido, ele "passa". Como nesse meu blog, em que metade das coisas que eu escrevo vem em "fluxos" de escrita que às vezes eu nem sei onde vai dar. eu vou escrevendo assim, a esmo, vai saindo eu vou publicando.

Já no mundo científico engenherífico, se der erro de sintaxe vc tá perdido, irmão... Aí o compilador não compila, o Frankenstein não desperta, e vc passa fome. Se compilar, mas tiver errado, dá tela-azul, quebra, pára, pega fogo, sai fumaça... Pruma coisa funcionar às vezes vc tem que trabalhar um bocado, às vezes em condições desagradáveis. E são raros os escritores que sabem confeccionar um texto com esse mesmo tipo de carinho, cuidado e objetivo que são requisitos da prática científica. São escritores que lêem o que estão escrevendo e sentem que está saindo fumaça, ou que ao publicarem aquilo estariam realizando algo semelhante a soltar nas ruas um brinquedo tóxico, ou um carro com falhas de segurança, ou um Frankenstein. Nunca li a tal obra, mas suspeito, por exemplo, que Mary Shelley possa ter sido uma dessas escritoras sim...




Mais um pequeno pensamento.

Esses jornalistas surtando aí com a Internet, e com blogs. O problema deles é que eles meio q são donos de instrumentos caros, as impressoras, sistemas de distribuições, emissoras de TV...

Estas ferramentas caras são basicamente meios de produção, sim aqueles que Marx ensinou que os ricos malvados são donos e ferem todo mundo a partir daí.

A Internet, os blogs et cætera vieram baratear enormemente custos de transmissão. Aí esse povo ficou doido, porque de repente surgiu um meio de produção desse produto deles baratíssimo, que todo mundo pode ter. De repente socializou essa ferramenta deles, e nem teve uma revolução em que eles tenham tido que ser roubados, mortos e estatizados... Não, eles simplesmente ficaram meio que obsoletos! (Só na a parte material da produção, não a escrita.)

Aí de repente eles tão tendo que... TRABALHAR! Agora eles tão sendo obrigados a ser aquilo que eles diziam que apenas eram: pessoas que trazem notícias realmente boas, e que realmente são legais e que todos têm vontade de ler. Tão tendo que explorar essa face mais nobre do jornalismo (e outras atividades) que antes ficava meio que mascarada e protegida pela detenção dos meios de produção material.

O que está havendo é uma reovulão socialista que não depende de pegar um monte de aço e sair distribuindo por aí... Lembre-se a palestra la do Eben Moglen... Antes o negócio era o aço. Agora não mais. E a revolução socialista mudou de cara, do mesmo jeito que mudou de cara os meios de produção. E ela agora tá acontecendo de um modo super natural, e ninguém tá nem percebendo direito!...

Quer dizer, os jornalistas tão... E as empresas de software tb (mas elas fingem que não. os marketeiros ajudam muito nisso)

2008/02/14


Descendo o sarrafo nos caretas do século XX

Comentário meu num blog do estadão. O artigo se chamava "Campus Party 2008 - A tatuagem mais legal", e parece que saiu do ar. Era sobre um concurso que fizeram no Campus Party em 2008, quando a galera notou que tinha muita gente tatuada lá, e com umas tatuagens "diferentes" e criativas... Organizaram o concurso da seguinte forma: fotos das tatuagens seriam enviados num lugar lá no flickr, e para votar era só botar um comentário. O autor do tal blog do estadão meio que achou ruim porque seria um "exagero no uso de tecnologias web", algo assim.

Aproveito pra reproduzir o comentário corrigindo uns errinhos ortográficos... (Será que ficou meio over?)




Que conversa furada essa sua! Deixa de ser careta...

Vou te contar, sabe como eu compro livros ultimamente? Eu passeio na livraria, fico olhando os livros, e se tem algo que me atrai, eu boto no meu "wishlist". Eventualmente eu mando comprar pela Internet. Em parte porque é mais barato, o que já é motivo o suficiente.

Fazer o concurso na web permite, entre outras coisas, que pessoas que não estão lá no campus party (como eu) participem, ao contrário de você, que parece que está lá com seu olhar crítico e feroz, julgando que é "over" e quem não é.

O concurso on-line ainda vai manter um "log" de tudo, as páginas vão ficar lá pra sempre, enquanto que um concurso "físico" é aquele momento efêmero ali, que vai no máximo ser parcialmente registrado em fotos.

Quanto a fanzine de papel, eu publico o meu de vez em quando. Às vezes tb imprimo posts do meu blog e deixo em lugares públicos para serem lidos (sim, assim como o meu blog, ninguém lê). Mas complementando seu comentário: também não é porque NÃO é digital (ou "overdigital") que é legal. As coisas são legais porque as pessoas acham ou não acham. A gente tá aqui é experimentando as tecnologias, sem preconceitos sobre o que é ou não é legal ou adequado ou um "vício".

Qual é a forma mais adequada de expressar meu choque ao ver esse seu post absolutamente reacionário? É responder pelo blog mesmo, ou te procurar pessoalmente prum bate-boca?? Talvez tomando uma cerveja. Gostaria que o senhor me dissesse a forma mais adequada, porque tenho medo de que esta resposta eletrônica seja apenas um vício meu...

Quem sai falando assim: "é mais adequado fazer as coisas assim ou assado", ou "o VÍCIO em usar a web"??... Tenha paciência. O único vício aqui é o seu em sair querendo ditar o comportamento das pessoas. E o mais engraçado é você demonstrar esse comportamento conservador justamente com relação a algo que envolve tatuagens... Já foi bem comum ouvir pessoas falarem que "não é adequado" fazer tatuagem disso ou daquilo aqui ou ali... E que fazer tatuagem é um vício condenável.

Querendo teorizar e já teorizando, é impressionante ver como que a tecnologia vai avançando, mas a mente humana continua no mesmo lugar. A tecnologia anda, e a psique fica pra trás. Sempre vemos os mesmos chatos querendo falar o que se deve ou não se deve fazer.

Faça-me um favor. Algo que eu acho que seria mais adequado: Publique esse seu textinho aí somente na sua mídia impressa, "adequada", que por acaso eu não leio nunca, e livre a minha maviosa Internet de suas opiniões reacionárias e quadradas do século XX.

Você está deitado sobre os trilhos do trem da história, e ele ainda não funciona com levitação magnética.




PS: Num comentário lá no blog dele, ele falou em "mídia impressa retrógrada", uma distorção grave e enorme do que eu disse. Notem que eu nunca chamei nesse texto a mídia impressa de retrógrada, apenas de "adequada", entre aspas, insinuando que meu debatedor teria opiniões a respeito da adequação de certas mídias para certas coisas. Aposto, por exemplo, que ele acha errado citar a wikipédia em artigos científicos.

Jamais falei que algum meio seria inerentemente retrógrado, mas apenas o que o jornalista-tornado-blogueiro escreveu. O conteúdo dele, aquela seqüência de caracteres ali, seja em blog seja em jornal, é retrógrada. Foi só ele quem chamou fanzine de "ultrapassado"...

Aproveito para citar uma música do Sepultura que ando ouvindo (uma coisa bem própria de blogs, né, sair citando letra de metal)

(...)
Why criticize what you don't understand
Why change my words, you're so afraid

You think you have the right to put me down
Propaganda hides your scum
Face to face you don't have a word to say
You got in my way, now you'll have to pay

Don't, don't believe what you see
Don't, don't believe what you read
No!!!

2008/02/13


Tentando causar o efeito Slashdot

Mandei uma notícia sobre o Campus Party no Slashdot... Será que é dessa vez que eu consigo aparecer lá?? =)

Aqui vai o texto da notícia:

Campus Party is a big LAN party that happens yearly at Spain ever since 1997, and had 5.500 participants in the last three editions. This Valencia Campus Party is generating spin-offs, and last Monday started the first Brazilian edition of Campus Party, sponsored mainly by Telefónica (Spanish telecom company operating in Brazil) and the Government. The Brazilian Party already began with more then 2.700 campers, and a 5GBps connection to the Internet. Our Campus Party is featuring lots of interesting lectures and workshops, and even a BarCamp. The subjects of the events range from gaming, FOSS and case modding to music, robotics and astronomy. It is happening inside the pavilion of the Bienal, in São Paulo. The media is making a large coverage, and many people are live-journaling, sending pictures to flickr and broadcasting video streams. One nice source of information about what is going on in there is a twitter livestream by blogblogs. The CParty seems more and more interesting by the hour, and will go on until Sunday. All us Brazilian geeks and nerds are very excited! +<8) (Só falta aparecer no Slashdot!)



((( Eu ia tentar colocar o "badge" do slashdot pra vcs poderem me ajudar fazendo pressão neles pra aceitarem, mas pra isso eu teria q ter submetido a história a partir daqui... too bad! :P fica pra próxima! :] )))

2008/02/12


Hacker é cracker sim.

Ou talvez quem sabe "hacker não necessariamente é cracker". Aliás, quer saber? "Cracker" é é nome de biscoito!

Tem muita gente que tenta popularizar a idéia de hacker falando que "hacker não é cracker", dizendo que o hacker do mal, que usa seus poderes pra cometer ilíticos tem outro nome, criando uma dicotomia maniqueísta estilo GIJoe vs. Cobras.

Acho que ser hacker tem muito mais a ver com a postura do pesquisador científico, por exemplo... Ciência não tem moral, quem tem moral são os cientistas como seres humanos completos. Hackers são hackers porque gostam de fuçar as coisas, e o fazem. Se eles vão cometer crimes nessa atividade, ou deixar de fazer algo pra não cometer, isso é outra história, isso é cada um com sua consciência.

Vamos acaso criar um nome diferente pros cientistas como Feynmann e Von Braun, que hackearam a natureza pra contribuir para a criação dos ICBMs?... Creio q não. São cientistas antes de mais nada, e não "crackistas".

Porque não dizem também que "cientista não é crackista", uai!...

Eu sou muito mais preocupado é em esclarecer pra imprensa que 99% desses "criminosos digitais" que eles prendem são pura e simplesmente estelionatários golpistas que jamais realizaram um feito "hacker" significativo. Boa parte é melhor em engenharia social do que em eletrônica, e por mim isso desqualifica para o título.

No que depender de mim esse termo "cracker" nunca vai pegar. Isso é pior do que a tentativa das ditas "esquerdas" em dizer que existe uma "direita" (especialmente aqui no Brasil).

Hackers criminosos são hackers criminosos, assim como existem astronautas assassinos e cientistas sádicos. Não existe necessidade de criar nomes próprios pros "caídos" de outras áreas, porque seria o caso com os hackers?

(eu digo porque: por causa do desconhecimento, medo e preconceito... Mas isso vcs sabem)

2008/02/11


Beneath the Remains - Wikipedia, the free encyclopedia

Beneath the Remains - Wikipedia, the free encyclopedia

Saindo de BH, comecei a sofrer a velha síndrome de querer começar a reafirmar suas origens. A gente entra numas de querer comer pão de queijo, cappuccino shake 3 corações e tals.

Uma coisa que comecei a sentir é que tem gente que pensa em BH e em minas e fala assim: "aaah Minas Gerais, Belo Horizonte... Gosto muito de ouvir Clube da Esquina, Jota Queste e Pato Fu". Só que eu não gosto disso aí não ou!... Mas não quer dizer que eu não gosto de BH, eu gosto são das coisas da "minha tribo"! Eu gosto de... Sepultura!!!

Acontece que eu não posso falar muito isso porque não conheço nada de Sepultura. Conheço por cima, nunca tinha ouvido direito. Tou aqui agora pegando a discografia, pra ouvir até decorar as músicas mais importantes pelo menos. Já tou inclusive planejando comprar uma daquelas camisetas mais crássicas, com o S grandão na frente. (Se é que ainda existe dessa, é difícil ver ela no Google.)

E é engraçado ouvir as letras, porque fala muito em viver num mundo cheio de terrorismo e controlado por políticos corrupstos que só querem saber de ganhar dinheiro etc etc etc... Tipo, tá super atual. Ainda hoje é bastante correto descrever o mundo através das duas frases:

Hate through the arteries. Mass hypnosis.


Sobre hot-spots abertos, torrents no talo e os problemas no compartilhamento da Internet em casa

Andei discutindo com algumas (mais de duas) pessoas anônimas sobre liberação de acesso do seu roteador a seus vizinhos, e sobre a etiqueta que se deve observar ao gozar do privilégio. Tão me chamando de nazista por aí porque eu botei senha no roteador do meu avô, e porque eu acho que quando vc entra numa rede não deveria ter que se preocupar sobre a banda que está ocupando... Permitam-me discorrer um pouco melhor sobre estas duas questões:

1_ Eu jamais configuraria o roteador de uma outra pessoa pra deixar a rede aberta, sem senha. O meu, em casa, eu deixaria, porque sou eu quem vai administrar, vou ter plena consciência do que isto significa. Mas o dos outros eu deixo fechado por default.

É como decidir deixar a porta de casa sem fechadura. Você não instala uma porta na casa de alguém e deixa sem fechadura. Vc deixa a fechadura lá, e se a pessoa quiser deixar destrancado, ela que deixe. Mas antes ela precisa aprender a trancar e destrancar.

Quando alguém mais experiente configura um sistema pra outra pessoa utilizar, tem sempre que deixar configurado da forma mais fechada e segura possível. Isso obriga o usuário a aprender a abrir o sistema. Ao mesmo tempo em que aprende isso, ele aprende sobre o funcionamento e configuração e manutenção do sistema, e assume as responsabilidades.

Quem configura um sistema, tem responsabilidade sobre ele. Se o usuário optar por fazer algo perigoso, ele tem que ter consciência de que vai estar fazendo isso.

Configurar um roteador pra uma pessoa que não domina a tecnologia é um pouco como construir um apartamento para alguém. Você não constrói um chão que agüente só 200kg/m2 sem avisar o usuário (e confiar nele). Vc constrói pra agüentar lá uns 500kg/m2, a não ser que ele te peça, e que vc tenha certeza de que ele sabe o que isso significa, e que ele seja o responsável por um eventual acidente.

Vc não pode deixar a rede aberta se for você o responsável pelo bom funcionamento dela, mas não vai ficar lá administrando todo dia. Vc tem que ter certeza de que o usuário vai vigiar se não tem algum mané atrapalhando a conexão dele. Senão o CREA te detona... É a vida dos engenheiros desde os tempos de Hamurabi.


***
2_ Eu acho que se você é legal, e deixa sua rede aberta, e alguém entra nela e começa a baixar 10.000 torrents e de repente você não consegue mais usar sua própria conexão com a Internet, esse cara é um mané, e se vc quiser eu te ajudo a ir lá e dar uns sopapos na cara dele. Mas acontece que a filosofia em que se baseou a construção dos protocolos TCP/IP é totalmente contrária à idéia do usuário na "folha" da rede terem que ficar vigiando o seu consumo da banda.

O TCP envia pacote o quanto dá pra enviar. Se tem coisa pra mandar, e se tá indo, ele manda. Mas conforme os pacotes vão demorando pra chegar do outro lado --- ou melhor, conforme os ACKs vão demorando a chegar de volta --- ele vai esperando, e assim a velocidade da transmissão vai naturalmente se ajustando aos recursos. E essa flexibilidade se reflete em todas camadas acima do TCP também. Por isso ninguém devia ter que ficar limitando o funcionamento do seu BitTorrent.

Se você tem uma conexão de 20kB/s, e tem uma conexão TCP ocupando tudo, e de repente você liga outra conexão paralelamente, em um sistema convencional as duas vão aos poucos se ajustando pra dividir irmãmente a conexão. O protocolo funciona assim, ele é meio "passivo". E esse é o maior motivo do sucesso do TCP/IP. Não tem muita discussão, ele simplesmente vai tomando conta do que pode, e se não pode, abaixa a bola.

Como o TCP/IP funciona dessa forma, pra um roteador limitar a velocidade das conexões de um usuário basta ele levantar a estatística de quantos pacotes vc tá enviando. Se vc começa a enviar demais, ele simplesmente joga seus pacotes extras no lixo. Isso acontece até vc aprender quanto vc pode ocupar. E na prática vc acaba sempre transmitindo um pouquinho acima do que pode, porque é assim que vc efetivamente mede o quanto é que pode.

É assim que funciona... Quer dizer, é assim que nossos roteadores DEVIAM funcionar. Essa era idéia lá nos anos 90. Só que esses roteadores paias que essas d-link, 3com, cisco e outras fabricantes enfiam pela nossa goela não fazem isso não meu chapa. O que os engravatados decidiram é que o povão ia ter que se contentar com roteadorezinhos vagabundos que não te permitem ter um controle adequado de alocação de banda entre os clientes do roteador.

E a coisa mais podre do mundo não é nem a falta de controle de banda. É o problema do número de acessos do roteador. Acontece que esses dispositivos são quimeras bizarras que nada tem a ver com o verdadeiro TCP/IP. Essas porcarias todas dividem a conexão entre os clientes usando NAT, que é uma meleca duma gambiarra feia que não devia existir. Por causa dessa maldição contemporânea, nosso "roteador enxerido" é obrigado a ter uma lista de todas as conexões TCP ocorrendo em nossa rede, ao invés de ser de fato apenasmente um roteador de IP. E se o limite de conexões for ultrapassado, vc tá perdido irmão...

Esses roteadorezinhos que a gente usa não foram projetados pra dividir direito a conexão entre clientes desconhecidos. São brinquedinhos pra colocar em casa, e dividir uma conexãozinha entre duas máquinas, e mais uma impressora estribada da vida. Na hora que algum zé mané inventa de deixar o torrent ligado "no talo", ao invés da máquina dele ser naturalmente limitada pelo roteador, como deveria ser, ele acaba engasgando o roteador.

Então aqui que vem minha briga. Não pode ser considerado falta de ética uma pessoa entrar numa rede e sair tentando consumir todos recursos dela, e efetivamente conseguir. É falta de ética a D-link, 3com, Cisco e amiguinhas venderem pra gente estas bostas. É falta de ética as empresas chamadas "provedoras de Internet" não moverem um dedinho mínimo pra acabar com essa porcaria chamada NAT. É falta de ética a gente ser vítima de um bando de executivos babacas que só querem saber de ganhar dinheiro oferecendo pra nós um servicinho que não é sombra do que a tecnologia que existe é capaz de realizar.

Falta de ética é vivermos em 2008 sem conseguirmos imaginar quando se dará o fim do NAT e a ascensão do IPv6 e a popularização de roteadores que prestam. IPv6 tá fazendo 10 anos de vida.

Falta de ética maior é nosso povo viver absolutamente desinformado acerca da exploração que está sofrendo, a ponto de algumas pessoas serem capazes de imaginar que o sofrimento causado em nosso dia-a-dia quando temos estas disputas mal-resolvidas nos compartilhamentos de conexão em nossos roteadores são devido a um mal-comportamento incivilizado de seus pares, ao invés da ganância, preguiça e outros vícios desses engravatados dessas mega-corporações tipo as "provedoras" de Internet e os fabricantes de equipamentos... E também o Bill Gates (pronto, falei!)

Os roteadores que usamos hoje são como dispositivos de uma tecnologia avançada colocada sem proteção na mão de crianças. Resultado: uma machuca a outra e elas dizem que a culpa é da criança que não soube brincar. Não uai. A culpa é de quem colocou na mão delas uma coisa mal-feita. A culpa do engenheiro, como é desde os tempos de Hamurabi.

E eu fico puto porque esse assunto é tão importante pra mim, e ninguém tá pouco se importando. Eu acho sim que se alguém detona sua conexão ele é um babaca. Mas a gente não pode falar com naturalidade, como se fosse normal ter esses roteadores defeituosos. É isso que tem que mudar, e não as pessoas que querem ocupar toda a banda disponível.

Quando a gente se dispõe a tratar do assunto sem questionar a tecnologia maculada que tá dentro destas caixinhas mágicas prateadas em nossas mesas, a gente tá ficando de quatro pras empresas jogarem a canga no nosso pescoço. Quer dizer que estamos aceitando de fato que é assim que vai ser e pronto. Não é assim não gente. O que tem que mudar são estas bostas dessas máquinas. A gente não pode aceitar viver num mundo em que a gente tem que ficar vigiando o funcionamento de nossas máquinas pra não machucar inadvertidamente (ou não) nossos vizinhos de LAN.

Não era pra alguém ser capaz de detonar sua conexão ao entrar em sua rede que você tão gentilmente cedeu. Não era pra isso ser possível. E não é nem igual carro, por exemplo, que vc pode matar alguém se usar errado. Num roteador padrão, funcionando do jeito certo, não deviam acontecer essas merdas. A gente não pode aceitar essa condição. A gente tem que lutar é contra isso.

Quando vc simplesmente aceita o roteador como ele é, e o seu sistema operacional como ele é, e começa a criar regras de conduta em sua sociedade em decorrência da forma como a tecnologia está se apresentando pra você, vc está se deixando manipular. Você está cedendo na disputa cyberpunk entre dominar a tecnologia, ou ser dominado por ela. Você está tratando a tecnologia como um fato incontrolável da natureza, e os fabricantes desta tecnologia acabam sendo deuses no seu mundo, decidindo seu destino.

Aquelas frases do Heinlein e do Clarke falando sobre tecnologia avançada parecer mágica são exatamente isso aí. A gente tá achando mais fácil mudar nossa vida, nossa conduta, e criar regras sociais do que mudar a própria tecnologia. Estamos nos curvando à tecnologia que devia ser a nossa escrava. Está tudo de ponta-a-cabeça.


***
Eu já causei problemas em redes dos outros inadvertidamente mais de uma vez, por causa desses nossos roteadores toscos e redes mal-feitas. Na minha experiência, sofri mais ao machucar os outros sem querer, do sofri recebendo ataques dos outros. Vai ver que é por isso que insisto em nunca jogar culpa nos usuários...