2008/07/26


Horas e relações quebradas

Apesar do mundo se dividir mais ou menos todo em fusos-horários mais ou menos regulares, Com regiões saltando exatamente uma hora entre si, alguns governos acham bom determinar um fuso um pouco mais preciso pra eles. Por isso existem alguns lugares onde o horário com relação ao UTC é um número quebrado, e não uma soma de horas inteiras. Alguns lugares definem fusos bastantes quebrados, numa precisão absurda que talvez só interesse mesmo a astrônomos. A maioria destes "outliers" escolhe apenas um número com uma meia hora a mais... Imagine o seguinte, se sua cidade ficasse EXATAMENTE entre dos fuso-horários convencionais, pra que ficar louco tentando escolher um, se você pode falar "então é no meio"?...

É só questão de determinar quanto de erro você tá disposto a aceitar. Alguns acham que meia hora está OK, outros vão dizer que não, 15 minutos é melhor. É o caso desses caras.

Pois bem, hoje reparei uma coisa interessante. Dos poucos países / cidades que adotam fusos horários com horários terminado em :30 (com relação ao UTC), vário são países que possuem brigas políticas e diplomáticas com o Estazunís. Exemplo: Venezuela, Afeganistão, Pérsia (i.e. Irã), e Mianmar! Faltava só entrar Cuba e Coréia do Norte pra completar a lista dos países que não podem, por exemplo, comprar chapéu do Míquei Mause, caixinhas com produtos "fabricados" pela Microscrot, ter participantes no google code jam, e outras coisas não necessariamente boas ou ruins... (não sei se essas restrições chegam ao ponto de impedir a exportação de coca-cola e existência de mcdonald's)

Não é uma coincidência interessante??... (Se é que não é só impressão minha) Será que de tanto ter brigas políticas com outras nações, esses governos adquirem uma postura mais de "auto-determinação", assim, e começam a querer fazer pequenas ações só pra mostrar sua independência, e desejo de se despender de pressões políticas internacionais, seja numa questão tola qualquer como essa do fuso-horário? Vá saber.

2008/07/21


Ele e Ela

O que você me dizem desse texto tirado das regras do Google Code Jam?

A contestant may participate in one or both of her assigned sub-rounds. However, if a contestant advances from her first sub-round, she will have no effect on the contestants who advance in her second sub-round (whether she participates or not).


Os anglófonos são super preocupados porque a língua deles não tem gênero. Mas não é como se fosse tudo neutro, a sensação que eles tem ao falar em sua língua, é a de que estão falando tudo sempre no masculino. É como se todas as entradas nos dicionários da língua inglesa fosse "s.m." e não apenas "s." Sujeitos de frases só se tornam femininos se isso for explicitado, não tem palavra que cause isso, como por exemplo a portuguesa "pessoa".

Eu sou umA pessoa que se esforça muito pra colocar palavras do gênero feminino em meus textos, eventualmente empregando adjetivos no feminino para pessoas masculinas. Só uma pessoA atentA repara nessAS coisas. Isso ajuda a tornar A minha forma de falar menos masculinA, deixa A redação mais "inclusivA" ou "democráticA", e faz com que eu não tenha aquelA sensação estranhA de ser machista.

Mas no inglês não dá pra fazer esse tipo de truque. O resultado é que as pessoas se sentem incomodadas às vezes, principalmente desde que começou a era do "politicamente correto"... Resultado, surgem aquelas ignomínias linguísticas, como sair escrevendo "he/she", que eu odeio. Vá lá, em alguns contextos encaixar um "he or she" é perfeito, mas essas abreviações "he/she" ou "s/he" etc são horrorosas. Odeio essas abreviações assim. (Os mais perspicazes notaram o etc logo ali, e já notaram também em outros textos que tenho mania de escrever et cetera por extenso.)

Mas então. Aí vem o Google e mostra uma nova tendência. Essa empresa decidiu que nos textos dela ia fazer isso, se importar em deixar a redação mais feminina. Nesse parágrafo, sentiram que ia pegar mal dar a impressão de que os programadores concorrentes seriam necessariamente homens, se falassem "A contestant (...) he will". Mas aí acharam feio "he or she", acharam feio "he/she" ou "s/he", e optaram por... SHE!!... Sim, o texto acaba dandoa entender o contrário, que o concorrente seria um programador fêmea.

Quer dizer, o machismo lá é tanto que existe a necessidade de não simplesmente escrever "he", porque isso daria a entender que só poderiam concorrer mulheres, mas por outro lado, esse machismo permitiria escrever apenas "she", porque aí as pessoas pensam "não pode ser que ele esteja falando sério, que é só mulheres, na verdade deve ser genérico".

Quer dizer, "he" é específico, e "she" genérico. Inverteram o usual, que é o masculino se aplicar genericamente...

Melhor ainda, estão tipo inventando o substantivo feminino, né? analise a frase: A contestant may participate in one or both of her assigned sub-rounds. A única forma desta frase ser considerada correta é se a) os participantes são de fato apenas mulehres, ou b) se "contestant" fosse um SUBSTANTIVO FEMININO, o que não existe na língua inglesa.

Como vocês me explicam isso?

OBS: Mulheres já me falaram que gostam de ler textos com esses "he or she" pra todos lado. Eu, como homem, só posso diplomaticamente acatar, e buscar usar isso nos contextos certos... Mas fazer uma modificação radical dessas na lígua, na maior naturalidade, eu ainda não estou pronto pra isso não... Quer dizer, não é minha língua, não apito nada nesse sentido, mas tenho o direito de me espantar, não? E ainda de fazer a pergunta: seria possível algo assim na língua portuguesa? Essa mesma mudança do genérico ser no masculino, pra ser no feminino?

Post Scriptum: só agora notei que engraçado a semelhança entre as palavras aí... Genérico e Gênero!... A gente fala o "genérico" no "gênero" masculino. E essa agora?...