2006/12/28


A nona do Lud, e comunismo

Olha só essa... Segundo a kikipédia, o velho Lud não teve colhões de colocar esses versos COMUNISTAS na sinfonia dele!...

Joy, thou glorious spark of heaven,
Daughter of Elysium,
We approach fire-drunk,
Heavenly One, your shrine.
Your magic reunites
What custom sternly divides;
All people become brothers
(Schiller's original:
What custom's sword separates;
Beggars become princes' brothers)
...Interessante que lá tem um link para Elysium, e diz lá que a palavra designa um lugar atingido por um raio!... Olha só que legal: Um dos maiores avanços da música teve aí sua cota de conexão com a engenharia elétrica! :)

2006/09/29


Muita gente adora lembrar, em saudosismo cômico, daquelas previsões errôneas sobre o futuro da informática, feitas lá pelos anos 1950, 1960... Tem aquele cara (acho que da IBM?) que disse que no mundo haveria necessidade/demanda de apenas um punhado de supercomputadores. E tb tem aquela declaração do William Gates III de que "XkB de memória seria suficiente pra qquer um"... Enquanto isso vimos que computadores diminuíram de tamanho, aumentaram muito sua capacidade de processamento e memória, e se espalharam por todos lados.

Essa admiração por como os computadores se tornaram mais rápidos e numerosos se corporifica na Lei de Moore. As pessoas adoram citar ela pra falar sobre o vertiginoso ritmo de crecimento do mundo da informática.

Hoje eu reparei que isso tudo se dá ao mesmo tempo em que as pessoas parecem ser cada vez mais cegas ao absurdo do oligopólio da industria pela Micosoft, Intel, IBM e etc.

Eu não sou da época, nem conversei sobre isso, desse ponto de vista, com gente da época, mas eu não acredito que nesse mesmo período em que se acreditava que haveriam poucos supercomputadores, as pessoas imaginassem que haveria demanda pra um único sistema operacional, com mais uma fatiazinha de mercado lá pra Apple, e outra mixa pra malucos.

No mínimo, de lá pra cá, enquanto RMS e outros ficavam enterrados lá no submundo, a grande massa nata-elite-inteligentzia dos programadores hippies acreditavam muito em conceitos como shareware, e ainda acreditavam no sucesso de pequenas firminhas de informática e consultoria fazendo seus próprios softwares.... Muitas empresas por aí são casos de sucesso do sonho americano, firminhas que cresceram e cresceram... a própria M$ é um caso.

Hoje não acredito que jovens programadores (ou mesmo velhos) acreditem muito nesse "modelo de negócios". Todo mundo acredita mais nas grandes empresonas de software...

O mesmo vale pra indústria de microchips... Quem acreditava piamente que uma plataforma, a Intel, dominaria o mundo? A gente goza da cara desse pessoal que falou "no mundo haverá demanda pra apenas 7 computadores" e "no futuro, uns 64kB vão ser mais do que o suficiente", mas a gente não é capaz de citar nenhm Alvin Toffler da vida que tenha dito "no futuro haverá demanda pra um único SO e um único microchip, que vai rodar um único editor de texto, planilha, apresentações, e ainda um único grande programão de CAD e de PDI pros mais técnicos..."

E vamos nos lembrar ainda de outros fenômenos... Já ouvi falar que o número de fábricas de microchip pra computadores é extremamente reduzido (Acredito que no meio de semicondutores em geral, o mercado seja maior e mais diversificado). Quem não se lembra duma época aí em que pegou fogo numa fábrica na Tailândia, acho, e o preço das memória subiu um bocado??? A indústria de placas-mãe, som e vídeo também são um bocado oligárquicas... Apesar de que de uns tempos pra cá, elas dão uma diversificada, depois recaem, depois volta.. sei lá....


Exite ainda o problema da estrutura da Internet ser muito mais hierárquica do que se sonhava em fazer nos anos 80 e 90.

Enfim, enquanto fazemos piada de previsões frustradas, nós nos cegamos para situações aburdas que estamos vivendo hoje, de que talvez as pessoas nos anos 1960 pudessem achar graça se especulássemos.

2006/09/18


Carteira de identidade e inocência presumida

...Discutindo sobre a tal lei dos cybercafés, alguém me perguntou: "você sabe pra que serve carteira de identidade?"

Vamos lá, existe o registro do cidadão, OK, mas isso é outra coisa. Nós tamos falando aquela carteirinha que todos nós TEMOS que levar conosco o tempo todo... Pra que serve aquilo?

Até onde eu sei, se vc não estiver com a sua carteira, os X9 podem te levar pra canolândia... É interessante que de certa forma, a carteira é sua condição para ser tratado sob o tal princípio da inocência presumida. Se vc tiver sem carteira, ocultando sua identidade, o Estado não presume mais sua inocência e te enquadra nas base de que "se ele não quer me dizer quem é, alguma ele deve ter aprontado!"


Cidadão sem carteira é suspeito, cidadão sem carteira e correndo, é obstrutor da justiça!

Apesar disso tudo, não sou contra essa lei da carteira de identidade (que eu nem sei direito como é mesmo)... Acho que sou a favor, mas não tenho medo de falar abertamente que se trata de uma violação desse princípio tão elogiado e tão pouco praticado!...


O indireto direito ao anonimato

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=396IPB007

Foi nesse site do Observatório da Imprensa que fiquei sabendo de um projeto de lei que o meu senador Eduardo Azeredo anda elaborando.

A idéia é obrigar que os cybercafés registrem, por 5 anos, quem acessou o que e quando.

Antes de afirmar que sou contra, só queria levantar um paralelo da situação atual com o que ocorre com outras tecnologias.

No mundo da telefonia, existem os orelhões. Andam colocando câmeras em alguns por aí, mas se tem uma característica fundamental nos orelhões como nós temos hoje, é o anonimato que ele fornece... Isso é tão relevante que em vários filmes policiais que passam aí na TV o fato de que alguém ligou de um orelhão e impossibilitou sua identificação é freqüentemente relevante à trama.

Citemos ainda como que é raro alguém ter BINA em casa... No mundo dos celulares isso já mudou, apesar de que parece que vc pode pedir pra telefônica não falar seu número quando vc liga... (não sei ao certo)

Outro meio de comunicação que possibilita o anonimato é a velha carta!... Sim, a velha carta, vc não precisa colocar remetente, se quiser pode até colocar um falso numa boa. Pode fazer "spoofing", colocando o remetente que vc quiser, olha que interessante.

Outra situação em que podemos buscar o anonimato é em encontros face-a-face, quando vc olha pro lado, fica de costas, cobre-se com as mãos ou com algum tecido. Isso é bem antigo, acho até que tem algumas peças de teatro da Idade Média e Grécia antiga onde esta tecnologia de apocrificação é extremamente relevante para as tramas.


***

Esse projeto de lei visaria combater, em primeiro lugar, pessoas que entram por aí em caixinhas de comentários de blogs e cometem o "tenebroso" crime de perjúrio e difamação... Eles não querem que essas pessoas possam se safar!!

Agora lhes convido prum gedankenexperiment. E se eu for lá do outro lado da cidade, te telefonar dum orelhão, e falar correndo "ladrão filho-da-puta!" e desligar na sua cara. Como você vai fazer, colega??... Como você vai me processar por perjúrio, calúnia e difamação?

E se eu contratar um serviço underground de telemarketing pra telefonar pra 100.000 pessoas durante uns 15 minutos e espalhar por aí um boato de que uma certa pessoa famosa aí possui alguma certa característica ruim? Qq se pode fazer quanto a isso? O cenário anterior pode até ser descartado como uma má comparação, porque é uma comunicação 1:1, mas aqui já estamos tratando de uma forma de broadcast, apesar de não ser TV.

Com cartas e cartazes dá pra fazer o mesmo... Outro dia aí a políça até prendeu um grupo de skinnazi em Curitiba porque eles espalharam uns cartazes falando as merda deles lá.

Poderímos partir desse tipo de crime pra querer cadastrar todos os donos de mimeógrafos? Deveríamos ordenar que as gráficas tivessem um cadastro de o que cada cliente seu andou pedindo pra xerocar? Deveríamos fichar e vistoriar periodicamente qquer dono de xerox, fax, impressora matricial, jato-de-tinta ou laser, ou ainda mesmo prensas gutenberguianas? Afinal, são todos instrumentos que podem ser potencialmente utilizados para cometer-se perjúrio-calúnia-e-difamação de forma anônima.


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Agora então afirmo: sou contra! E estou EXTREMAMENTE decepcionado com meu senador. O pior de tudo é o seguinte: Esse é o tipo de questão com que quase ninguém se importa. Mas é uma rara questão com que eu me importo muito. Acho que de todas as coisas com que o Azeredo já trabalhou, essa deve ser a questão que mais me faria mudar de idéia a respeito de um candidato.

Isto significa que na eleição que vem, eu votaria em QUALQUER candidato que apoiasse o meu ponto de vista em detrimento do do Azeredo. Apesar de eu gostar de muitas coisas que ele já fez, essa é uma questão que eu debateria nacionalmente se eu fosse alguém com algum mínimo de importância política. Essa é uma questão que eu me sinto no dever de priorizar ao fazer meu lobbyie por aí.

Só que como é uma questão com que ninguém se importa, não se fala sobre isso em campanhas, e eu não tenho como saber em que candidato eu posso confiar. Um jeito de poder confiar seria conhecer a ideologia do partido daquele senador, e considerar que ele a seguiria. Eu achava que a ideologia do PSDB fosse absolutamente contrária a isso daí, e agora tou sem saber: Ou o PSDB simplesmente não se importa com a questão, ou se importa e tem essa opinião do senador, ou se importa tendo a minha opinião, e é o senador quem está errado.

Se a terceira opção não se mostrar a verdadeira, acho que vou ter que definitivamente parar de falar por aí que simpatizo com os tucanos... Vou acabar fundando meu próprio PH/A/P/V/C/.

***

Existem mais dois argumentos de apoio a essa lei aí. Um é de que "precisamos lutar contra os pedófilos, torcidas organizadas e terroristas". Eu tou meio tremendo de medo por ouvir isso. Nunca na minha vida ninguém teve coragem de falar na minha cara um discurso tão de "direita" quanto querer controlar o acesso à Internet pra vigiar a população. O próximo passo é indiscutivelmente querer proibir a criptografia, e caímos direto no cerne do movimento "cypherpunk".

Outro argumento lembra que a constituição proíbe manifestações anônimas. Mas o espírito dessa lei é indiscutivelmente proibir que alguma Ku Klux Klan da vida suba a rampa do congresso usando máscaras, algo que eu abomino. Mas não é disso que estamos tratando aqui...

2006/09/05


Mais modelos-brinquedo de dinâmica política

Exite um comprometimento interessanteno mundo da política: Se você defende opiniões muito fortes, restringe muito suas alianças, e acaba conseguindo "subir" pouco no poder. Pra "subir", você tem que ir abrindo mão de questões "polêmicas", e uma vez chegando no alto do poder, não vai poder fazermutias coisas se não quiser comprometer suas alianças.

Podemos criar um modelo matemático bobo pra isso: Imagine que todos problemas da humanidade sejam binários. As opiniões de uma pessoa poderia então ser representadas por um grande vetor de -1, 1 e 0 pra quando a pessoa não se importa com o assunto ("don't care")

A multiplicação dos vetores, com uma certa normalização que não sei bem, vai dar um índice de concordância entre as pessoas. Se você tem muitas concordâncias, tem muito apoio, pode fazer muitas alianças, e assim pode vencer eleições maiores, e chegar a cargos mais altos. Só que tendo o rabo preso com muitas pessoas diferentes, acabanão podendo fazernada sem comprometer estas alianças.

Pra governar com liberdade, tendo opiniões e lutando por elas, você tem se ser apoiado por uma grande população que concorda plenamente com você em um número grande de questões. Quanto menor a população, mais fácil isso acontecer...

Deve ser possível extrair alguns fatos interessantes modelando o mundo político com um sistema dinâmico assim...

2006/09/02


Etimologia do título deste blogante

Ontem escrevi uma carta praquela filósofa gente-fina do saia-justa. Ela deu uma entrevista no Jô Soares... Pra inventar um nome pra esse blog de teste aqui, comecei obviamente da palavra filosofia, inspirado.

Segundo a Wikipedia...

The term philosophy comes from the Greek word Φιλοσοφία (philo-sophia), which means "love of wisdom" to love wisdom or less commonly "friend of wisdom".

Agora, toooodo mundo tb sabe que...

Grok (IPA /gɹɑk/, rhymes with rock) is a verb that connotes knowledge greater than that which can be sensed by an outside observer. It is an understanding beyond empathy and intimacy. In grokking, one experiences the literal capabilities and frame of reference of the subject.

Robert A. Heinlein originally coined the term as part of a fictional Martian language in his 1961 novel Stranger in a Strange Land, where it literally means "drink" and figuratively refers to the merging of essence that encompasses the theme of the book. The term has become part of the English language, attested in dictionaries and used most by certain counterculture groups and in hacker culture.


E aí, não era obrigatório que um dia alguém fizesse essa piadinha-séria? :)