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2009/01/29


Minha aura reparadora

Eu tenho tipo uma aura mágica, um campo de força místico que se manifesta às vezes quando eu chego perto de alguém que está mechendo com algo que não está funcionando. Quando eu chego, ou quando eu mecho na coisa, aí funciona. É incrível. Eu quero até fazer uma história um dia em que tem um santo engenheiro que quando entra na sala todos programas compilam, e todos cubos de rubick saltam nas mesas, resolvendo-se.

Meu computador começou a dar vários problemas recentemente. Minha aura não é tão forte assim... Cooler fazendo barulho, bateria morreu, e o pior de tudo: um terrível mal-contato no teclado, afetando as teclas esc, janelinha, F7, backspace, g, h e ~/^. O mais chato de tudo é que foi bem quando comecei a usar a "janelinha" com o awesome (meu novo gerenciador de janelas), e o esc eu uso muito no emacs.

Convivendo com o problema, comecei a suspeitar de algum mal contato em algum único fiozinho do teclado (teclados funciona com pares de fios que fazem contato...) Mas não abri pra resolver eu mesmo porque é meio difícil abrir notebook. Acabei levando num lugar e pedi pra dar uma revisão, limpar e ver se eles arrumavam o teclado.

O cara da oficina aceitou, já me fazendo um discurso aterrador sobre a possibilidade do teclado ter se desgastado a ponto das teclas não estarem fazendo o contato, o que seria irreparável, e me mandou me preparar pra gastar 300 reais num teclado novo. Ainda me ofereceu uma bateria nova, outros 300 conto.

Paguei 90 reais pro cara fazer uma limpeza e tentar resolver o teclado. Melhorou sim, mas ficou "quase bom", ainda tava dando o mal-contato de vez em quando... É de deixar puto, pagar essa grana, a máquina melhorar, mas não ficar perfeita. Não sei se prefiro isso ao serviço simplesmente não ter sido feito.

Hoje, depois de muito trabalho em achar uma chave de fenda que prestasse --- no Savassi só se acham sex-shops, finalmente abri a máquina e resolvi olhar eu mesmo como andava a conexão do teclado.

Abri, desconectei o cabinho, passei a ponta da chave de fenda pra tirar a ferrugem, coloquei de novo, e fiz uma descoberta importante: uma peça que prende o cabo está soltando do lugar, talvez seja preciso prender com algo. (cola quente? :) )

Montei de novo, e agora está funcionando 100%, nenhuma "engasgada" do teclado ainda... Porque funciona comigo e não com o técnico? Claro que deve ser pura sorte, mágica. Nada de material, qualificável ou compreensível. Nada mundano, certamente.

PS: Não mencionei algo crucial. A máquina voltou com o teclado mal-encaixado. O teclado é tipo uma bandeija de metal, e uma das pontas ficou pra fora do friso de plástico que emoldura ele. Quando remontei, botei no lugar certo. É a marca do serviço mal-feito, o cara remontar tudo "pros cocos". Será que não sou eu o abençoado, mas sim os outros que são amaldiçoados, e tudo que montam fica ainda meio capenga? :)

2008/08/18


Brasil 2012 - IPv6 para o Pelé. Ops!

Se tem uma causa pela qual este blog aqui luta, acima da popularização do software livre, ideais políticos, e outras coisas chatas e mundanas, é a adoção completa e irrestrita do IPv6 em toda a Internet.



0111
0 1 Campanha da fita binária,
1 0 pela conscientização da crise do protocolo IP.
10
1 0 ADOTEM JÁ O IPv6!!
1 1


O nosso estimado leitor Pimenta Malagueta recomendou-nos um artigo no arstechnica que faz coro a esta minha reivindicação. O texto foi ensejado pela chegada de uma marca numerologicamente notável: faltam apenas um bilhão de endereços possíveis a serem atribuídos na Internet. (Se você acha pouco, saiba que são "apenas" 3.7 bilhões os possíveis...)

Quer dizer, isto enquanto nos limitarmos ao IPv4... A migração tem que acontecer mais cedo ou mais tarde, e é atrasada antes demais nada devido ao interesse podre das empresas que não sentem muito no bolso enquanto a qualidade da Internet de todos usuários do planeta vai decaindo simultaneamente. Eles não querem renovar equipamento, não querem fazer administração "complicada", com gerenciamentos sofisticados de uso de larguras de banda, não querem viabilizar coisas legais como clientes criando conexões com QoS controlado dinamicamente...

Eles só querem manter roteadores podrinhos, velhos e basiquinhos, mantidos por estagiários recebendo salários de fome em salas dominadas por aranhas. E se um usuário tentar colocar a cabeça pra fora do perfil geral de atuação da manada, toma uma cacetada entre os chifres.

Por causa deaa letargia capitalista toda, é legal quando os governos da China e da Coréia e outros ali no leste asiático tomam iniciativas pra instalar o novo protocolo em suas fronteiras. Isso é uma chance de ouro, países mais atrasadinhos como eles e nós, em relação aos EUA e Europa ocidental, podemos aproveitar que não temos redes tão sofisticadas, e teríamos menos trabalho pra fazer a migração é só querer, e depois ver o Tio Sam chupando o dedo.

Vivem falando no Brasil "ai, tínhamos que ter feito que nem a Coréia do Sul x anos atrás, quando eles decidiram investir pesado em educação". Não será esta mais uma decisão da Coréia do Sul que se não imitarmos agora vamos nor arrepender mais tarde? Passamos os últimos anos invejando o crescimento da China em meio às crises no resto do mundo,. Não seria esta uma oportunidade que os governantes e homens de negócios da China (freqüentemente as mesmas pessoas, pelo que ouvi dizer) estão sabendo aproveitar, e nós não?

O artigo ali do Arstechnica fala do site das olimpíadas de Beijing poder ser acessável através de IPv6. Uma formidável propaganda da tecnologia e do país, pela qual estão de parabéns todos envolvidos.

O artigo ainda menciona que, pelas contas mais pessimistas, os IPv4 pode se esgotar na época das próximas olimpíadas, em Londres...

Se não acabar até lá, teremos logo a seguir a copa no Brasil. Por causa dessa copa tão dizendo que vão construir metrô em São Paulo, em BH, que vao arruamr aeroporto, vão fazer trem... Que tal se a gente colocasse junto de todas estas reformas estruturais, uma implementação do IPv6 na Internet Brasileira?

Os chineses fizeram o IPv6 por Pelops, herói grego das olimpíadas. Podemos fazer por Pelé!... IPv6 por Pelé, é a nova campanha.

Mas não. Temos só aquela briga besta, de um lado uns querendo criar protocolos bizarros certificando cada conexão TCP feita na Internet, uma preocupação que só encontraria paralelo em fazer análise química de tintas pra descobrir quem anda escrevendo palavrão na porta do banheiro. Do outro temos aquele pessoal louco pra tornar NAT (e acredito que IPv4 também de tabela) algo obrigatório por lei, como se fosse a coisa mais linda do mundo.

Vamos pra frente, gente!...

A propósito, eu disse "novo" ali em cima? "protocolo novo"??... IPv6 já existe (em versão alfa, verdade) no Linux desde 1996!! Faz mais de 10 anos, portanto, que ele já está "rolando por aí"... E você que achava que a Internet e a informática moderna era sobre agilidade, hein? Era sobre ser incapaz de seguir o rumo dos acontecimentos. Qual o quê!

Se você quiser acompanhar o dia cataclísmico do fim dos endereços de IPv4, o artigo lá recomenda esse site. Tenebroso...

2008/06/06


Guindastes



Sim, este é um post sobre guindastes. Já pararam pra admirar essa maravilha do universo?

As taças na frente, os colchetes atrás, as alças... Como eles conseguem? Opa! Não, isso é o soutien!

Eu imagino a primeira pessoa que quis fazer um guindaste... Provavelmente foi alguém que já tinha experiência em amarrar roldanas no teto pra erguer coisas. Precisou um dia levantar uma pedra, uma viga em céu aberto, e pensou, "puxa, pena que não tem um teto aqui." E montou um teto portátil só pra amarrar uma roldana. Pronto, um guindaste!

Guindastes, ou gruas, já são utilizados desde os idos de muito antigamente, em construções, portos, et cetera. Hoje estão aí mais ou menos nos mesmos lugares, completamente estabelecidos, mas sempre se atualizando com a tecnologia contemporânea.

Estou escrevendo porque moro exatamente ao lado da obra da futura estação de metrô Butantã, que estão fazendo aqui em São Paulo. Volto pra casa todo dia pela Av. Vital Brasil, e estou acompanhando a obra. Outro dia passei, e o guindaste estava em operação. Um guindaste grande, montando a uma altura relativamente baixa, que lá do meio da obra alcança até o outro lado da avenida, e tava girando o enorme braço metálico em minha direção...

Engraçado como é raro olhar pra uma obra e realmente ver o guindaste funcionando. Em geral eles tão sempre só paradões lá. Parecem uma parte da obra, estática, só mais uma peça daquelas estruturas metálicas que eles colocam em volta, com plataformas de madeira enroladas em uma redinha de plástico verde. Mas dessa vez eu peguei o bicho vivo, movendo-se como um gigante colocando a mesa pro café-da-manhã.


Se voce nunca viu um guindaste, um bom guindaste desses de obra, de prédios e obras enormes, eu digo: são amarelos, tem uma torre vertical, uma cabininha onde fica o moço que controla, e a haste superior, com um ganchinho pendurado. Você fala no rádio pro cara "Fulano, pega pra mim esse piano em cima desse caminhão, e bota ali dentro daquele navio." Pronto, o cara vai lá, pega, e coloca. Igual o garçom pega um cinzeiro pra colocar numa mesa. Como eles conseguem??

Gente, que piano o que... Onde eu tou com e cabeça? "Fulano, pega pra mim esse navio dentro dessa fábrica, e joga ele ali pra mim no meio do Oceano Atlântico, por favor. Isso. Isso... Obrigado." Muito prestativo, o tal Fulano. Esta é a vida de um operador de um bom guindaste!

Você precisa levar um monte de tijolos 20 andares pra cima? Um monte mesmo, literalmente, empilhados desajeitadamente em um formato cônico. Pra que escada, ou elevador? Elevador é um bicho estranho, aquela caixa no meio de um canudo quadrado, tem uma portinha que abre-e-fecha --- às vezes pantográfica, tem que furar a parede em intervalos regulares, a cada andar, pra poder passar. Tem que conferir se o mesmo se encontra mesmo lá antes de entrar, se ele não te deixou na mão. E é aquela coisa meio mágica, né: você entra lá, e de repente "plim! quarto andar..." Isso sem contar as forças físicas contra-intuitivas que atuam lá dentro, que tornam o elevador um mistério freqüentemente investigado em aulas do segundo grau. Pra quê isso tudo??? Quer levar os tijolos? Você vai lá com o guindaste, e iça eles pra onde você quiser, como se fosse um peixe. Puxa igual uma coleira, ou uma sacolinha. Elevador? Porta pantográfica?!? Quá-quá-quá!! Sai dessa!

Se eu fosse engenheiro civil, ia querer ser aquele cara que olha pro projeto da obra e fala: "Ah, pode deixar, é só a gente botar um guindaste aqui, e pronto." Deve ser uma sensação muito boa, precisar de um guindaste.

"Alô Central? Manda um guindaste aqui pro 3546228. Isso. Isso... Obrigado." Pronto! É o fim de seus problemas. Quando o monstro chegar ele vai fazer todas aquelas coisas que vocês, formigas inúteis, ficam fazendo corpo mole, ficam matutando, bolando. Ficam pensando, "ai, vou levar 4 tijolos de cada vez... Vou levar primeiro um tanto, depois o resto... Vou fazer x viagens. Vou carregar duas sacolas, vou pegar um carrinho-de-mão". Não, não, deixa aí!... Ninguém vai subir. Larga aí no chão, amarra uma cordinha, que o guindaste pega!... Olha que bom!

Tem prédio que tem carrinho de supermercado, pra levar as comprinhas do bagageiro do carro até sua cozinha. Que pensamento pequeno... Bota logo um guindaste! Olha só que prático, gente! Enfia as sacolinhas do Carrefour lá no gancho, e pronto, leva pra lá. Quanta confusão levar aquele monte de coisinhas pra todo lado. Quantas vezes já desci de elevador carregando amplificador, guitarra, computador, mala, mochila. Só precisava de um guindaste, e pronto. Na próxima reunião de condomínio vou me pronunciar: "Dona Otaísa, precisamos mesmo é de instalar uma grua lá no décimo-segundo!..."

***


Essa magia do verbo içar me chamou a atenção uma vez que um amigo meu da escola de engenharia, o Fernando Missagia, me contou sobre um barzinho que tem no Mercado Central (o de BH, óbvio) onde o sujeito aparentemente possui uma espécie de grua doméstica, e quando você pede uma cerveja ele simplesmente iça ela até a sua mesa. Olha que beleza!... Além de resolver todo o problema logístico, evita até de gelar a mão do garção com a garrava de "loira gelada". Içar coisas é sempre muito legal. Objetos dependurados "por um fio" são sempre muito interessantes, como pontes estaiadas, também, antenas AM de 100 metros... Olha que legal essa antena:




Grandes porcarias a Torre Eiffel, a Torre de Pisa. A mais alta estrutura do mundo era uma antena de baixas freqüências da Rádio Varsóvia, na Polônia. Tinha quase 650 metros, mas sofreu um acidente e desmoronou em 1991. Perdeu o título para uma antena similar no Estazunís, na Dakota do Norte (nas redondezas de Fargo). Quase desnecessário dizer, são todas estaiadas. O tamanho descomunal é necessário para se transmitir em uma faixa de freqüências peculiar, que atinge distâncias odisséicas, longínquos recônditos remotos.

É até engraçado pensar nessas antenas de baixa freqüência transmitindo em 200kHz, literalmente "em sintonia" com a curvatura do planeta Terra (as big as she's round), e nós aqui com essas porcarias de telefoninhos celulares de 2GHz que não funcionam direito, e inclusive não conseguem receber sinal dentro de quem?... Elevadores, claro!...

Pense nisso: Uma pessoa dentro de um elevador não-conseguindo falar através de um celularzinho daqueles que se sentar em cima fica curvado igual cartão velho de plástico dentro da sua carteira, no bolso da sua bunda. Agora pense numa pessoa pendurada no gancho de um guindaste falando num daqueles walkie-talkies que tem uma antena enorme, meio molenga, usando um capacete amarelo. Quem é mais legal?

Como é bom saber ver a beleza de um bom guindaste, ponte, antena, linha de transmissão...

Pense nisso da próxima vez que você estiver utilizando algum veículo (de preferência um ônibus, ou caminhão), e cruzar o Rio Pinheiros através do notório Estilingão.


(olha o guindaste lá em cima!)


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2008/03/24


O crime do software proprietário

Todo mundo já ouviu falar do famoso desabamento do prédio Palace II . Alguns dos motivos do desabamento foram uso de material ruim na construção, como areia da praia (não exatamente pura), e falhas de projeto mesmo.

Agora me diga, o que você acharia de uma construtora que dissesse: “Vem morar aqui! Me dá R$X, e pode entrar. Mas você nunca poderá nem pensar em me perguntar a proveniencia da areia utilizada na mistura do concreto, nem medir a área das vigas da garagem, do lado de onde você estaciona seu carro.”

Por um lado, do ponto de vista puramente Hamurabiano, está tudo bem desde que você possa matar o filho do Sérgio Naya caso prédio desabe com a sua prole dentro. Mas é isso memso que a gente quer? Toda essa obscuridade?

Você não acharia interessante dar uma olhada nos cálculos do seu prédio, se quisesse? Não acharia bom que esses dados fossem públicos, nem que fosse pra não ter trabalho se um dia tivesse alguma suspeita e decidisse levar os dados pra algum engenheiro de confiança da rum parecer?

Você não acha bom nem mesmo ter a liberdade de poder dar um chutinho na parede de vez em quando pra ver se ela agüenta, ou ver a cor dos tijolos quando acontece às vezes de cair um pedaço do reboco?

Poisé, no software proprietário o que acontece é que essas liberdade são removidas. Você não só não tem acesso ao processo de cosntrução do seu produto, como freqüentemente ainda é vetado de tentar descobrir qualquer coisa sobre ele. Tudo bem que raramente um software envolve risco grave a você ou à sua família, mas a questão é a moral disso tudo, a postura, o profissionalismo.

Porque tem que entrar a vida ou saúde física de alguém em jogo pra gente começar a ser mais sério, e achar ruim o tipo de aproveitamento que os engenheiros e programadores dessas empresonas multibilionárias fazem com a gente?

Temos que cobra ruma sociedade aberta por princípio. Não devemos nem esperar o prédio cair pra furar o olho do Sérgio Naya, nem cobrar informações detalhadas de seus produtos só se você puder eventualemtne morrer devido a mal-funcionamento. Existe muito mais na vida do que apenas estar vivo. O segredo do proprietarismo de software pode não te mantar, mas faz da vida um inferninho que poderia ser evitado se fosse tudo livre.

***

O recém-falecido Arthur Clarke tinha um frase assim:


Any sufficiently advanced technology is indistinguishable from magic.

Ou,

Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de mágica.

A prática diária da engenharia não deixa de ser uma mágica. Fazer surgir prodígios de elementos aparentemente inocentes, surgir a dinâmica a partir da inércia, ou vice-versa... E envolve estudos em alfarrábios arcanos, e o conehcimento e aplicação destemida de movimentos e palavras mágicas aparentemente sem-sentido.

O que o mundo proprietário faz é explorar isso o máximo possível. O consumidor vê apenas uma mágica se desenrolando sob seus olhos, enfeitada ainda por cima com camadas e camadas de marketting e técnicas de relacionaento pessoal, retórica pura. É mais do que mágica: tudo se torna ainda um espetáculo, onde a própria mágica começa até a passar pro segundo plano.

Numa sociedade livre, aberta, os mágicos de plantão aqui trabalham do mesmo jeito, mas não são obrigados a cochicar seus segredinhos encantados. E não ficam por exemplo vestidos de preto feito atores de um teatro kabuki, tendo o dobro do trabalho necessário para que o mago bonitão que estã iluminado no palco pareça mais bonito fazendo o número.

Na sociedade aberta, a mágica rola solta. O encanto e fantasia permeiam as ruas, em contato direto com o povo em geral. Se alguém quiser tentar começar a decorar as palavras mágicas que escuta, pode de repente começar a se tornar um mago ela mesma. E aí a tal mágica pode de repente até parar de sê-la, e a tenologia deixa de ser suficientemente avançada pra essa pessoa, tornando-se “mera” tecnologia.

Este é outro aspecto improtante da diferença entre o software proprietário e o livre. O software proprietário compete com todos, compete até com o próprio consumidor. Quando você compra o softweare proprietário, você está finalizando um processo onde o produtor está lhe causando um malefício. É basicamente um feitiço do mal, uma praga que lhe é rogada. Porque é do interesse da Sarumansoft que você dependa pra sempre dele. Já o Gandalfix pode não ter a mínia paciência de ouvir os leigos falarem sobre mágica, mas não vê problema em que as crianças brinquem. Não luta pelo monopólio.

***

Pra finalizar, pense no seguinte. Todo mundo que já trabalhou num projeto minimamente complexo sabe que praticaemnte tudo que é feito no mundo é feio como se fazem as leis e lingüiças. Tudo sempre sai meio mal-projetado, feito pela metade, não otimizado, incompleto e capenga, porque sempre existem prazos pra se cumprir, e as metas raramente são claras, coerentes ou mesmo satisfatórias. Às vezes nem satisfatíveis.

Num projeto aberto, geralmente temos entusiastas trabalhando apenas pra fazer o melhor programa possível. Não tem pressões de marketting, não tem requisitos estranhos... Só tem engenheiros felizes criando programas felizes.

Eu só me dei conta dessa questão claramente quando li a Proposta do projeto SWAN. Esses caras estão trabalhando pra fazer um substitudo pro firmware que vem nesses tocadores de MP3 “chineses”, “genéricos”... Na verdade a maioria é essa arquitetura chamada s1mp3, duma empresa chamda Actions, e a idéia é explorar essa arquitetura. Abaixo vem um texto tirado do site deles.


When a manufacturer releases a new product, they work with a limited number of staff and to a tight deadline. These limitations in resources are, sadly, reflected in the limitations of the firmware that the manufacturer is able to supply.

With more programmers and unlimited time, a product can always be improved. The s1mp3.org project is set up to achieve just that. Although we all work for free, we are an enthusiastic and organised team with no corporate deadlines to stifle our creativity.

ActionsTM have supplied the world with some incredible technology. The SWAN Firmware will unlock the true power of your ActionsTM based MP3 Player. Think of it as putting finely tuned Formula-1 Engine in your Rolls Royce.


Traduzindo,

Quando um fabricante lança um produto novo, eles trabalham com ua equipe limitada, e com um prazo apertado. Estas limitações de recursos se refletem, infelizmente, nas limitaçoes do firmware que o fabricante é capaz de fornecer.

Commais programadores e com um tempo ilimitado, um produto sempre pode ser melhorado. O projeto s1mp3.org foi formado justamente para isto. Apesar de todos trabalharmos de graça, somos uma equite entusiasmada e organizada sem prazos corporativos para restringir nossa criatividade.

A Actions (tm) forneceu para o mundo uam tecnologia incrível. O Firmware SWAN vai destravar o verdadeiro poder do seu player baseado em Actions. Pense nisso como colocar um motor de Fórmula-1 ajustado nos mínimos detalhes em seu Rolls Royce.


Esse que é o lance!... Esse é o barato. Tudo bem que pra construiur uma pirâmide vc precise ir lá montar toda uma estrutura de poder imperialista e opressora e ainda fazer tudo meio nas coxa. Mas isso não se compara com uma boa obra de arte, certo? O que você prefere pendurar na sua sala, algum pedaço de cortina fabricada em alguma filial gigante de uma mega empresa, um tapete persa feio com mão-de-obra infantil, ou um tapete feito com amor e carinho por uma pessoa que não só se importa com aquilo, com também não foi forçada a fazê-lo para não morrer de fome?

Claro que qualquer pessoa prefere a terceira opção, mesmo que visualmente essas coisas pudessem até parecer iguais (e raramente parecem). Quem não gosta do pequeno produtor local? Do artesão velho e experiente que domina sua arte e trabalha livremente por prazer, senão por capricho?... A diferença é que pra fazer bilhões de cópias de um pedaço de pano desenhado você realmente vai precisar de algum tipo de fábrica ou manufatura tosca. Software não, é só copiar!...

Já pensou se todo mundo pudesse ter um verdadeiro exemplar de algum quadro foda, como um Van Gogh ou Rembrandt em casa?...

Resumindo, qual sistema operacional você prefere ter: um Vermeer ou um Thomas Kinkade?

2008/03/15


Hidros estadunidenses

Os gringos gostam muito de falar em filmes e documentários sobre a tal Represa Hoover, e sua usina hidro-elétrica. Ela foi batizada em homenagem ao presidente (1929--1933) republicano e engenheiro Herbert Hoover. (Não confundir com J. Edgar Hoover, famoso crápula diretor do FBI em 1924--1972.)

Ela fica no rio Colorado, entre o Arizona e Nevada (o rio é toda a fronteira oeste do Arizona, com Nevada em cima e a Califórnia em baixo). A usina teve seu momento, vai. Quando criada em 1936 foi uma obra notável. Mas ela não é mais grandes coisas!... Sua potência atual é de 2,1GW, e hoje é apenas a quinta maior usina hidrelétrica dos EUA. É o bastante pra se considerar uma usina de respeito, mas depois dos anos 1940 os EUA construíram outras usinas maiores, como a da represa Grand Coulee, que hoje gera uns 6,8GW.

A segunda maior usina deles é a da Chief Joseph Dam. As duas ficam no rio Columbia, e no estado de Washington. Não entendo porque nunca se ouve falar dessas duas... Mesmo depois que Woodie Guthrie foi contratado em 1941 para compor músicas sobre a energia hidroelétrica e o rio Columbia!

O lago formado pela Grand Coulee foi batizado em homenagem ao presidente (1933-1945) democrata Franklin D. Roosevelt. A Chief Joseph, a um cacique da região... Estão notando um padrão aqui? Agora me digam, já pensou se Itaipu se chamasse "Usina Médici / Strößner"???... Acho que não hein. E esse lago da Grand Coulee, aliás, não é grandes coisas. Ela não tem muita capacidade de reserva não... Eu ficaria ofendido por batizarem um lago pífio com meu nome!

A Chief Joseph é operada pela USACE, e a Grand Coulee e a Hoover por um certo
Bureau of Reclamation, do DOI. Engraçado, tem gente que imagina que os EUA são um país-símbolo do capitalismo, e portanto da privatização, mas suas maiores usinas hidrelétricas são estatais!...

Um aspecto ambiental interessante: Tanto a Grand Coulee quanto a Chief Joseph bloqueiam a subida dos salmões pelo rio Columbia. Mas a Johnny Day, outra usina grande que fica mais pra baixo do rio e foi construída mais recentemente, tem escada de peixe. O rio Columbia passa perto da cidade de Portland, Oregon, e forma boa parte da fronteira entre este estado, e Washington acima.

Em termos de potência total gerada em usinas hidro-elétricas, a China e o Canadá estão à frente do Brasil. Os EUA vêm só em quarto lugar. Mesmo com Santo Antônio e Jirau ainda vamos ficar apenas pertinho de ultrapassar o Canadá em potência instalada, mas muito provavelmente vamos ultrapassar em produção de energia. A maior usina hidrelétrica do Canadá também tem nome de político, e fica pros lados de Québec.

Aproveitando que estamos no assunto, ainda tão pra fazer a primeira fazenda de cata-ventos que atinja 1GW. Já as maiores nucleares do mundo estão entre uns 5 a 10 GW.

Chernobyl eram 4 estações de 1GW cada. A número 4 saiu de funcionamento antes do esperado, em 1986, mas as outras três funcionaram por muito tempo ainda. A número 2 também saiu de operação antes do previso em 1991... (que eufemismos mais gentis da minha parte!) A última só saiu de operação em 2000.

A maior nuclear de todas é/era a Kashiwazaki-Kariwa, no Japão, com pouco mais de 8GW, que está temporariamente desativada por causa de um terremoto em 2007. Entre todas usinas do mundo, só perde/perdia em potência pra três hidrelétricas: Itaipu, Três Gargantas (China), e Guri, na Venezuela, com 10GW. O nome oficial da usina da represa Guri é Central hidrelétrica Simón Bolivar, nome trocado em 2006 seguindo a tradição saxônica.

2008/03/05


Biziu no ITER

Eu sou a pessoa que eu conheço mais empolgada com a iminente construção do reator do ITER . Este projeto busca construir a primeira usina de geração de energia elétrica baseada em fusão nuclear, ao contrário das outras nucleares que existem hoje que são baseadas em fissão.

Só hoje, entretanto, que fiquei sabendo através dessa notícia na Nature que algumas pesquisa mais recentes mostraram que ocorre um fenômeno em plasmas relativamente quentes que não foi levado em conta no design original do reator do ITER. O fenômeno em questão são umas “erupções” muito potentes porém muito curtas, o que pode ir danificando aos poucos as paredes do Токамак. Imagino que elas devam surgir a partir de alguma não-linearidade meio sutil, não previstas por modelos mais simples da dinâmica do plasma...

Agora tão revendo o projeto, vendo de que forma controlar esse fenômeno, o que significa mais atrasos e mais dinheiro... :( (e mais diversão e aprendizado por outro lado!)

2008/03/01


Decepção arabica

Sou usuário de café, (coffea arabica segundo Linnaeus), e isso não é segredo pra ninguém. Consumo-o compulsivamente, quase convulsivamente. Sempre que viajo para algum lugar, ou me mudo, ou mesmo visito qualquer lugar desconhecido, busco descobrir um bom lugar para consumir esta adorada substância estimulante ritual legalizada. Minha rotina sempre envolve tomar um ou dois cafezinhos em dois ou três lugares diferentes ao longo do dia.

São Paulo é sempre proclamada por seus habitantes e simpatizantes como uma “capital gastronômica” do país, e um lugar onde “come-se muito bem”. Assim sendo, estou sempre desafiando os paulistanos, experimentando o cafezinho de todos estabelecimentos por que eu passo...

Hoje foi o dia de por à prova o famoso Maksoud Plaza. O tradicional hotel paulistano fica a um quarteirão da Avenida Paulista, e eu freqüentemente passo na porta quando visito a escola da minha namorada. (Passava quando ia no Stand Center, que está infelizmente interditado.) A passagem sempre era um desafio, um chamado... Hoje estávamos voltando do almoço e decidimos finalmente botar o bastião da hospitalidade e chiqueza paulistana à prova.

Tinha esperanças de gostar da experiência, já que o fundador é um inventivo engenheiro metido a filósofo como eu mesmo — não necessariamente possuidor das mesmas crenças.

Começou mal. Subimos pelo belo caminho até a entrada, eu ia vestindo uma camiseta vermelha-soviética, e carregando meu notebook de universitário descolado. Chegamos perto da porta giratória, e um dos carinhas de uniforme de Sgt. Pepper's que estava calmamente andando na entrada deu uma parada de lado, bem na minha frente, ficando no meu caminho!!... Coincidência? Sem querer?... Sei.

Entramos então no belo saguão, que eu não conhecia. Achei bem interessante... Me lembrou o jeitão do mais recente برج العرب, (Burj al Arab). Ao que parece esse tipo de construção é um “átrio gigante”, queria saber agora se é algo comum em hotéis chics.

Entramos no restaurante à esquerda da entrada, e fomos servidos: dois espressi. O preço exorbitante do produto é de R$5,00 cada. Não vem nem com uma agüinha mineral, nem mesmo um biscoitinho ou uma mentinha que seja. Deveras abusivo.

Na saída não havia garçom ou qualquer funcionário que pudéssemos chamar para ao menos avisar que o dinheiro estava em cima da mesa. Nem pude avisar também que uma das clientes anteriores havia deixando um óculos de X-centos reais sobre a cadeira...

O café nem tava ruim não. Era bem bom. Mas ao todo foi longe da “complete coffee experience”.


Dizem que muitos ricos não ficam ricos à toa. O negócio é não dar nada de graça, vender caro, aproveitar todas oportunidades à exaustão, e ser daquelas pessoas que “são assim, ó” (com o punho fechado). Vai ver que eu estava ali apenas presenciando a epítome disso.

Tem lugar aqui em São Paulo que anuncia em alto e bom som que é um “ambiente exclusivo”, um lugar “super-exclusivo”, elogiando. Tipo... o que isso quer dizer afinal? Eu tou com essa teoria de que significa: “Um lugar caro pra burro, onde pobre não dá conta de ir.” Por exemplo, um lugar onde se paga C$5 (cinco ‘conto’) com um cafezinho que não tem nada de mais, pode não ser um bom café, mas é certamente um lugar excludente. Digo, exclusivo!... Eu mesmo buscarei pra sempre me excluir de entrar lá de novo (apesar de que agora quero conhecer as famosas portas projetadas pelo dono.) É só pra quem quer, e também pode...

2008/02/18


Trucando os 5,5GBps da Telefónica

[[ATUALIZAÇÃO: Finalmente encontrei um post bastante informativo sobre a estrutura da rede do Campus Party criada pela Telefónica num blog por aí, escrito por Rafael Rigues]]

Quando ouvi falar que a Telefónica tava oferecendo acesso à Internet a 5,5 gigabytes por segundo para o Campus Party, fiquei empolgado, e na hora já quis botar a rede à prova, e ver o download mais rápido que alguém conseguia fazer. Chegamos a fazer um download a 8,6MB/s, o que até onde eu sei é o record de maior velocidade de download obtida no Campus Party... Continue lendo sobre como fizemos nosso experimento!

Acontece que todos os 5,5 gigabytes por segundo seria muito difícil de testar, porque é muita coisa, não daria pra testar com um PC. Uma placa de Ethernet de um computador pessoal convencional contemporânea possui um limite de 1Gb/s, a famosa "Ethernet gigabit", o que equivalem a aproximadamente 120MB/s (megabytes por segundo, um CD a cada 6 segundos). Os 5,5GB/s no Campus Party são aproximadamente 47Gb/s, o que acredito ser a velocidade de um único link de fibra ótica. Queria inclusive saber se é isso que o pessoal ligou lá. Como além de ser impossível testar com PCs, seria injusto querer ocupar o link inteiro do Campus Party num teste, achei que ia ser interessante fazer só o seguinte: tentar chegar a 1Gb/s em uma máquina normal dentro do Campus Party.

Na verdade eu queria simplesmente registrar o record de download dentro do Campus Party, e criar um “evento”, uma notícia relacionada a essa grande potência de transmissão. Porque não tem graça ficar só ouvindo falar quanto tem aquele canal bandalargado todo lá, o legal é poder contar, por exemplo “eu baixei lá o último episódio do Lost em 10 segundos!!!”

Pra realizar este experimento, tinha que ter duas coisas: uma pessoa dentro do Campus Party que pudesse fazer o download pra mim, e alguém fora disponibilizando um arquivo em um servidor http “evenenado”, capaz de fazer um upload animalescamente veloz. Quem veio me ajudar neste último requerimento foi meu amigo Arlindo Follador lá da UFMG, e o resto do pessoal que cuida das redes do CDPEE. Eles botaram no ar um Apache, com um arquivo de 700MB disponível pra download num certo endereço de IP, e a partir daí foi só pedir pra amigos dentro do Campus Party, e de outros lugares, testarem pra mim o download e anotar a maior velocidade obtida.

...Eu fiz questão de usar um servidor de http mesmo, Apache, bem convencional, e fazer o download via mozilla ou wget. Pra mostrar que quando a rede é boa, é só disso que vc precisa!... Nada de programas cabulosos. (Na verdade cheguei a precisar de um, mas isso fica pra depois.)

Antes dos testes eu já tinha notícia de alguém ter feito um download (acho q num stand da própria Telefónica, não lembro) a ao menos 3,3MB/s de um CD do Ubuntu de um servidor da UFRGS (link?). Queria ao menos chegar nessa velocidade, né??

Pois bem, servidor no ar, começamos a fazer alguns testes, e vimos que infelizmente não ia dar pra testar o gigabit ainda... Acontece que o switch lá no nosso servidor tinha uma porta de fibra ótica, e as outras eram de apenas 100Mb/s... Isso dá um limite de velocidade superior de 12MB/s... Mas ainda assim resolvemos testar!...

Os resultados estão a seguir. Os números entre parênteses são os (mal-)calculados a partir do outro, o medido.


JucaBlues @CP 8.6MB/s (68.8Mb/s) 13/02/2008 23:41
AmigoArlindo (8.43MB/s) 67.4Mb/s 13/02/2008 16:30
CEFALA 8.30MB/s (66.4Mb/s) 13/02/2008 23:02
Carina univ. 3.3MB/s (26.4Mb/s) 13/02/2008 16:30
Nicolau LTI 1.3MB/s (10.4Mb/s) 13/02/2008 16:30
Nathan (.nz) 710kB/s (5.7Mb/s) 13/02/2008 19:30
Nicolau POLI 600kB/s (4.8Mb/s) 13/02/2008 18:30
Cristiano NYC 360kB/s (2.9Mb/s) 13/02/2008 17:30
Sinval >300kB/s 2.4Mb/s 13/02/2008 17:30
Leo A 236kB/s (1.9Mb/s) 13/02/2008 23:46
Nicolau SDF 160kB/s (1.3Mb/s) 13/02/2008 22:55
Luis 116kB/s (0.93Mb/s) 14/02/2008 19:02
Daniel 115kB/s (0.92Mb/s) 13/02/2008 17:30
NF 106kB/s (0.85Mb/s) 13/02/2008 22:55
Carina casa 50kB/s (0.41Mb/s) 13/02/2008 23:23


(nota: ‘B’ = byte, ‘b’ = bit)

O que podemos ver, em primeiro lugar, é que realmente a conexão dentro do Campus Party foi violenta! Nosso amigo lá dentro conseguiu baixar o arquivo ainda mais rápido do que um servidor (CEFALA) que estava ligado dentro do mesmo prédio, mas não pela fibra ótica. A seguir temos algumas pessoas conectadas dentro de outras universidades (em laboratórios convencionais), e depois podemos constatar um resultado interessante: amigos meus no exterior (Nova Iorque e Nova Zelândia) conseguiram taxas acima de amigos meus com conexões convencionais no Brasil!... Isso é legal pra mostrar como que a distância física pode ser muito pouco importante para velocidades de transmissão na Internet. Mas claro que também não é legal ver como que no Brasil temos conexões tão ruins... :P

Bom, discussão dos resultados: Como nosso servidor estava certaemnte limitado a 12MB/s, Não podemos garantir que o os 8,6MB/s obtidos dentro do Campus Party foram por causa de um limite lá dentro, ou um limite de nosso servidor. Mas com certeza até essa velocidade eu garanto que você conseguia obter lá dentro!... Fiquei feliz em quebrar o único outro record que tinha ouvido ter ocorrido lá dentro, desse pessoal que pegou o Ubuntu (e a gente ainda fez numa bancada mesmo, e não num stand). Que eu saiba, esse foi o download (grande) mais veloz realizado dentro do Campus Party!... (Se vc sabe de outro mais rápido, me avise!)

Recentemente obtive mais um dado interessante sobre o assunto: O blog Fernando Corp Music reportou um outro teste de velocidade que parece ter chegado aos 8MB/s, usando o tal velocímetro do rjnet... Se esse teste for bão mesmo, isso significa que os usuários do Campus Party estariam mesmo restritos a um limite de aproximadamente 100Mb/s, parecido com o que tínhamos em nosso servidor... É uma pena que não pudemos colocar um servidor mais animal na UFMG pra gente ter certeza! :/

Só que como não fui eu quem fez esse velocímetro do rjnet, eu não boto a mão no fogo por ele não... Testei agora aqui em minha máquina, e a princípio ele fez uma medição ruim, só de 100kB/s, enquanto que meu download chegou aos 500... Mas medindo repetidas vezes ele foi chegando nesse valor. Eu gostaria de poder ter confiança de que esse velocímetro seria mesmo capaz de medir com precisão se fosse o caso dos campuseiros estarem ali ligados com conexões acima de 100Mb/s.

Conclusão? Inconclusivo!... Ficamos sem saber se o pessoal do Campus Party não estariam por acaso com limitações de 73Mb/s em suas conexões (esse número é a conta certa feita a partir dos 8,6MB/s que obtivemos). Mas essa é sem dúvida uma conexão muito boa já!!...

No próximo evento a gente monta um servidor animal mesmo, aí vamos testar pra valer!... :)



Mostrei este post ao Gorpo, e ele disse: “poisé, por isso que eu digo... Se vc tem uma dúvida sobre a Internet, pergunte sempre a um engenheiro eletricista!...”

2008/02/16


O grande debate jornalistas e blogueiros... e engenheiros!?

Ouço muito debate por aí sobre o que é ser “blogueiro”, o que é ser jornalista, o que é escrever um blog, pra que serve, “como tem que ser”, como é errado, como é certo...

Tem gente tratando blog como jornal, querendo exigir restrições, processar pessoas que comentam em blog por calúnia e difamação. Tem jornalista que parece que já quer estender o absurdo monopólio que eles possuem dessa atividade deles para essa ferramenta aí também, essa "mídia".

Todo mundo muito nervosinho nessa história toda. E isso é porque quer todo mundo mandar nos instrumentos de lavagem cerebral (aprendi por aí que é bom dar uns bold no blog pra torná-lo um instrumento de lavagem cerebral mais eficaz.) Ficam encarando a mídia como esta ferramenta estratégica que deve ser controlada em nome do poder.

Não podia ter sido mais fortuito esse meu encontro com o Sepultura nesse momento em que começo a enxergar isso tão claramente. Só mesmo as seguintes pérolas cantadas pelo Max expressam bem o que eu sinto:

What is this shit?

I'm sick of this.


Temos que acabar com a possibilidade desse poder. As pessoas tem que parar de arregalar os olhos quando imaginam a possibilidade de falar algo que todo mundo vai ouvir. Tem que parar de sentir que vão fazer a cabeça do público, que vão fazer anúncio, se dar bem, determinar a “opinião pública” ou sei lá mais o que.

E isso só vai acontecer num movimento de baixo pra cima, quando as pessoas deixarem de ser controláveis. Passarem a questionar mais o que vêem (“Don't believe what you read”). Tem que ser mais auto-confiantes, sei lá. Menos bundonas.

E isso já é tããão velho...

Queria que algum pesquisador sério de comunicações sociais tentasse fazer um trabalho fazendo um paralelo entre a chegada da prensa de tipos móveis e os blogs... Que diferenças cruciais será que existem entre estes dois importantes momentos da história?

Sei apenas de duas semelhanças. Uma delas é que acadêmicos e intelectuais do mundo todo ficaram em polvorosa querendo dominar este novo instrumento, querendo dizer quem tem ou não tem o direito de usar, e quem sabe ou não usar do jeito certo... Todo mundo quer ser o pai super-controlador querendo dizer o que é pra fazer.

Outra semelhança é que quem fez mesmo os novos canais, os inventores, cientistas e engenheiros, Gutenbergs da vida, ficam esquecidos no meio o furor todo. Quem costuma igualar o papel de Gutemberg a o de qualquer pastor no trabalho de popularizar a bíblia e o protestantismo? Já no mundo da Internet, ninguém quer saber de quem bota esse bicho em pé. As pessoas só querem saber de apertar lá o botão mágico da ferramenta “encapsulada”, e usar esses programas: bloggers, twitters, wikis, fórums e e-mails. Os “milagres” são recebidos como que vindos do céu de forma passiva, calada... Fala-se muito dos efeitos e pouco das causas...


Minha bronca pode ser colocada bem explicitamente: em 1982 o “homem do ano” da revista Time foi O Computador!!! Sim, a boa maquininha!! Em 2006 foi Você, a pessoa que “controla” a era da informação... Os criadores destes prodígios tecnológicos, entretanto, são seres ignotos, desconhecidos, ninguém sabe ninguém viu.

Não tou pedindo pra apontarem algum Steve Wozniak ou Lee de Forest da vida... Em muitos casos seria mesmo algo injusto, porque é tão raro uma única pessoa ser responsável por estas revoluções que a Time quer elogiar. Mas dava pra fazer uma Time "Os Engenheiros Eletricistas", não? Nunca fizeram...

Em 1950 foram os soldados dos Estazunidos. Em 1960, os cientistas... 66, "os baby boomers"... 2003, os gorilas de novo. Em 2002 foi algo bem interessante, a ver com o que quero dizer, foram Os Whistleblowers!... Olha só que coisas interessante, específica-mas-nem-tanto!...



Já repararam como que o Doutor Victor Frankenstein, criador daquela curiosa criatura montada a partir de restos cadavéricos e de mais alguns aparatos elétricos (olha a E.E. aí de novo), é muito menos conhecido do que o monstro em questão? O monstro às vezes até leva o nome do criador, enquanto que este sofre uma obliteration-of-mankind...

E sob o céu pálido e acinzentado surge o monstro contemporâneo. Sua teia de cobre e vidro vai aprisionando o planeta aos poucos. Ninguém sabe mais quem o criou, e o que tinha em mente. Mas a criatura age ainda assim, trazendo a discórdia ao mundo, causando a cizânia. Uns querem botar fogo no bicho. Outros acorrentar, encoleirar. Outros bradam instantaneamente: “e meus filhos??”. Outros: “O que que eu fiz para merecer isso??...” E dá-lhe posts nos blogs.

Eu sinto muito que tem um eterno retorno rolando por trás de todos esses debates sobre jornalistas e "blogueiros"... E sobre engenheiros, que só eu falo.




Eu não gosto que falem que eu sou blogueiro... Eu sou um cara complexo (como todos), faço tantas coisas. Pra mim, me chamar de blogueiro é quase falar assim: "Nicolau, uma pessoal que come arroz no almoço"...

Com o perdão da simpática camarada Kaká, que deixou um comentário aqui outro dia &emdash; algo que sempre me emociona :_) , não acho que blogueiro "serve" pra incomodar, em especial incomodar jornalistas ou outros vips engravatados...

Segundo Robert Rosen, um dispositivo em um sistema (como um órgão num animal, ou uma pessoa numa sociedade) só tem uma "função" se a remoção deste elemento causa uma mudança no resto. Esta função é observável como a diferença entre o funcionamento do sistema antes e depois.

Se uma pessoa não se sente incomodada por um blogueiro, e se torna meramente um louco que tá afim de escrever na sua, não há portanto "função". A função é do tamanho do impacto na sociedade do que a pessoa escreve. E eu não creio muito que um escritor com uma grande função passe muito tempo de sua vida sendo primariamente um "blogueiro", ela acaba virando de uma vez um jornalista ou cronista ou escritor...

É muito fácil ignorar uma blogueiro incômodo, e remover dela qualquer função / influência que ela poderia ter sobre você. No momento em que você se recusa / resiste a se deixar levar pelo que estão te dizendo, você tira o poder do tal blogueiro ou jornalista. Não há portanto função a não ser que haja uma relação completa ali, não só de escrita, mas da leitura também... Algo parecido até com a arte... Não dá pra sair falando "esse quadro é isso ou aquilo", o quadro é o que vc tá vendo naquele momento!...



O que eu quero mesmo-mesmo dizer é que eu fico triste de ver que por um lado, tem jornalistas e escritores com raiva de que os tais "blogueiros" tão realizando a mesma atividade que eles. Eles se sentem meio ofendidos pela sugestão de que “qualquer um” pode fazer o trabalho deles. Eles não se conformam só em ser muito bons profissionais nestas atividades que desempenham, e serem pessoas que se dedicam a ela mais tempo do que outras. Mas pôxa vida, ESCREVER todo mundo aprende na escola, porque eles não podem deixar a gente ser jornalistas e escritores um pouquinho também???...

Por outro lado, ninguém gosta de ser um pouquinho cientista ou engenheiro.

E eu tenho uma teoria sobre porque isso acontece. No mundo jornalístico e escritístico, até existe erro de sintaxe e semântica, mas uma vez que um texto possui frases que fazem sentido, ele "passa". Como nesse meu blog, em que metade das coisas que eu escrevo vem em "fluxos" de escrita que às vezes eu nem sei onde vai dar. eu vou escrevendo assim, a esmo, vai saindo eu vou publicando.

Já no mundo científico engenherífico, se der erro de sintaxe vc tá perdido, irmão... Aí o compilador não compila, o Frankenstein não desperta, e vc passa fome. Se compilar, mas tiver errado, dá tela-azul, quebra, pára, pega fogo, sai fumaça... Pruma coisa funcionar às vezes vc tem que trabalhar um bocado, às vezes em condições desagradáveis. E são raros os escritores que sabem confeccionar um texto com esse mesmo tipo de carinho, cuidado e objetivo que são requisitos da prática científica. São escritores que lêem o que estão escrevendo e sentem que está saindo fumaça, ou que ao publicarem aquilo estariam realizando algo semelhante a soltar nas ruas um brinquedo tóxico, ou um carro com falhas de segurança, ou um Frankenstein. Nunca li a tal obra, mas suspeito, por exemplo, que Mary Shelley possa ter sido uma dessas escritoras sim...




Mais um pequeno pensamento.

Esses jornalistas surtando aí com a Internet, e com blogs. O problema deles é que eles meio q são donos de instrumentos caros, as impressoras, sistemas de distribuições, emissoras de TV...

Estas ferramentas caras são basicamente meios de produção, sim aqueles que Marx ensinou que os ricos malvados são donos e ferem todo mundo a partir daí.

A Internet, os blogs et cætera vieram baratear enormemente custos de transmissão. Aí esse povo ficou doido, porque de repente surgiu um meio de produção desse produto deles baratíssimo, que todo mundo pode ter. De repente socializou essa ferramenta deles, e nem teve uma revolução em que eles tenham tido que ser roubados, mortos e estatizados... Não, eles simplesmente ficaram meio que obsoletos! (Só na a parte material da produção, não a escrita.)

Aí de repente eles tão tendo que... TRABALHAR! Agora eles tão sendo obrigados a ser aquilo que eles diziam que apenas eram: pessoas que trazem notícias realmente boas, e que realmente são legais e que todos têm vontade de ler. Tão tendo que explorar essa face mais nobre do jornalismo (e outras atividades) que antes ficava meio que mascarada e protegida pela detenção dos meios de produção material.

O que está havendo é uma reovulão socialista que não depende de pegar um monte de aço e sair distribuindo por aí... Lembre-se a palestra la do Eben Moglen... Antes o negócio era o aço. Agora não mais. E a revolução socialista mudou de cara, do mesmo jeito que mudou de cara os meios de produção. E ela agora tá acontecendo de um modo super natural, e ninguém tá nem percebendo direito!...

Quer dizer, os jornalistas tão... E as empresas de software tb (mas elas fingem que não. os marketeiros ajudam muito nisso)

2007/04/10


Reengenharia da desengenharia

É impressionante a quantidade de desinformação que se encontra a respeito de engenharia elétrica por aí. Outro dia foi o cara que eu vi que fez um applet em java complicadíssimo, mostrando como o ponto de palhetada afeta o som de uma corda vibrando, e a equação tava errada (não era simétrica).

...Agora é projeto de transformadores. Perguntei prum professor meu como projetar um transformador, e ele me passou a equação básica "receita-de-bolo":

E = 4,44 * beta * f * Np * Al

Tensão do primário é proporcional ao campo máximo que o material agüenta antes de sobrecagrregar (dando a famosa curvinha de transformadores), número de espiras, freq e área de corte do núcleo.

Ora bem, ele me perguntou a tensão que tava lá, e eu disse "5V..." Ele tascou lá, e eu falei "mas é de pico, hein!" e ele ficou meio confuso, falou: "não, é valor eficaz!..." Ele tava tão esperando o valor eficaz, que demorou pra simplesmente tascar um raiz de dois ali embaixo. Eu tive que insistir: "essa é a tensão lá de alimentação do meu circuito, é o de pico". Depois pra calcular o sqrt(2) * 4,44 ele catou uma calculadora pra achar o resultado, um certo 6,28.

Pois bem, achei um site na Internet que tinha essa fórmula aí tb... O site fala coisas absurdas como "Um Henry significa que se vc colocar um volt num indutor desse valor, depois de um segundo, vai ter um ampère passando." Oras, isso é obviamente mentira. Teria um apère se fosse mantida a mesma velocidade de crescimento da corrente, o que não ocorre, é um crescimento exponencial (mas exponencial decrescente de cabeça pra baixo, e não aquela que freqüenta a grande mídia).

Ele repete isso umas 3 ou 4 vezes no site, sem jamais deixar claro que isso é só "a idéia". Eu suspeito que talvez o cara não saiba que isso é mentira. Americando não sabe porra nenhuma de engenharia elétrica!! :P É cheio desses broncos que fazem as coisas "do jeito prático". Convenhamos: quantos nomes de unidade de medida de elétricidade são americanos??... O próprio Henry... Quem mais? O velho Frank, coitado, não virou nada. Ben que podiam inventar uma unidade de medida de para-raicidade.

Enfim, no site o cara tb fala que o 4,44 vem de uma certa conta que tem que fazer assim: "a saturação do meio magnético é pros dois lados, então tem que multiplicar o beta por 2" (!?). Depois: "não é o valor eficaz que importa para considerar-se a saturação, mas sim a média da onda, então consideramos apenas o que acontece em metade do ciclo, e blablalba, então multiplica por dois de novo" (???!!!) e por fim: "estas aproximações todas são muito pessimistas, e podemos no final, no caso duma senóide, seguramente considerar mais um 11% a mais" (!?!?!?!?!??!?!) E ainda tem um papo de "fator de forma" de sei lá o que.

Agora finalmente voltei num outro site que mostra o que eu tava suspeitando. Isso tudo é uma pataquada sem limites. A porra do 4,44 é na verdade simplesmente um 2*pi/sqrt(2)!!!!!!! pode conferir que o número místico que meu professor calculou lá com tanto custo (ele demorou pra achar a calculadora) é na verdade 2*pi.

Lembrando que pi = 3,1415926535897932384626433832795028841972 (arrendondando-se a última casa pra cima), e 2*pi = 6,28... O "tal" 6,28.

Gente do céu, como pode uma coisa dessas perdurar desse jeito??? Porque ninguém pode dar a fórmula com "2*pi"?!?! Se fosse uma "apostila para técnicos" eu até perdoava, apesar de não achar correto. Mas no meio acadêmico não pode, né!!!

***

A fórmula "na verdade" é fácil de deduzir (pra quem sabe alguma coisa de eletromag)

A tensão no primário tem amplitude igual a E, f(t) = E * sin(2*pi*f*t), valor eficaz E/sqrt(2)

A ddp numa bobina, é naturalemnte E/Np (amplitude)

A integral dessa DDP no tempo dá o tal "fluxo magnético", logo INT[ (E/Np) * sin(2*pi*f*t) ] -> W = (E/Np) * cos(2*pi*f*t)/(2*pi*f)

Esse fluxo divide-se pela área pra achar o campo máximo em Teslas, que se dá no ponto de campo igual a zero, e derivada no tempo do campo em sua intensidade máxima (a amplitude, fazendo o cos = 1). Assim temos

beta = [ (E/Np) * 1/(2*pi*f) ]/Al
E = 2*pi*f * beta * Np * Al

Se entrarmos com o valor eficaz do lado de lá, precisamos compensar dividindo por raiz de dois do ladecá (algo nada natural)

E = sqrt(2) * pi * f * beta * Np * Al

Pronto, tá aí a receita de bolo. Mas no meu livro de receitas eu faria questão de explicar que aquela constante não é nada misterioso, mas apenas uma agloemtação de constantes matemáticas ubíquas e absolutamente mundanas pra atividade cotidiana dum engenheiro eletricista (título aliás escrito em meu diplominha que tive a felicidade de receber noutro dia.)

E é isso. Divirtam-se agora fazendo transformadores para gerarem perigosas correntes de mais de 1 ampères em fios de níquel!...

Aqui vai o site que fala a Coisa Real: **site**