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2008/03/24


O crime do software proprietário

Todo mundo já ouviu falar do famoso desabamento do prédio Palace II . Alguns dos motivos do desabamento foram uso de material ruim na construção, como areia da praia (não exatamente pura), e falhas de projeto mesmo.

Agora me diga, o que você acharia de uma construtora que dissesse: “Vem morar aqui! Me dá R$X, e pode entrar. Mas você nunca poderá nem pensar em me perguntar a proveniencia da areia utilizada na mistura do concreto, nem medir a área das vigas da garagem, do lado de onde você estaciona seu carro.”

Por um lado, do ponto de vista puramente Hamurabiano, está tudo bem desde que você possa matar o filho do Sérgio Naya caso prédio desabe com a sua prole dentro. Mas é isso memso que a gente quer? Toda essa obscuridade?

Você não acharia interessante dar uma olhada nos cálculos do seu prédio, se quisesse? Não acharia bom que esses dados fossem públicos, nem que fosse pra não ter trabalho se um dia tivesse alguma suspeita e decidisse levar os dados pra algum engenheiro de confiança da rum parecer?

Você não acha bom nem mesmo ter a liberdade de poder dar um chutinho na parede de vez em quando pra ver se ela agüenta, ou ver a cor dos tijolos quando acontece às vezes de cair um pedaço do reboco?

Poisé, no software proprietário o que acontece é que essas liberdade são removidas. Você não só não tem acesso ao processo de cosntrução do seu produto, como freqüentemente ainda é vetado de tentar descobrir qualquer coisa sobre ele. Tudo bem que raramente um software envolve risco grave a você ou à sua família, mas a questão é a moral disso tudo, a postura, o profissionalismo.

Porque tem que entrar a vida ou saúde física de alguém em jogo pra gente começar a ser mais sério, e achar ruim o tipo de aproveitamento que os engenheiros e programadores dessas empresonas multibilionárias fazem com a gente?

Temos que cobra ruma sociedade aberta por princípio. Não devemos nem esperar o prédio cair pra furar o olho do Sérgio Naya, nem cobrar informações detalhadas de seus produtos só se você puder eventualemtne morrer devido a mal-funcionamento. Existe muito mais na vida do que apenas estar vivo. O segredo do proprietarismo de software pode não te mantar, mas faz da vida um inferninho que poderia ser evitado se fosse tudo livre.

***

O recém-falecido Arthur Clarke tinha um frase assim:


Any sufficiently advanced technology is indistinguishable from magic.

Ou,

Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de mágica.

A prática diária da engenharia não deixa de ser uma mágica. Fazer surgir prodígios de elementos aparentemente inocentes, surgir a dinâmica a partir da inércia, ou vice-versa... E envolve estudos em alfarrábios arcanos, e o conehcimento e aplicação destemida de movimentos e palavras mágicas aparentemente sem-sentido.

O que o mundo proprietário faz é explorar isso o máximo possível. O consumidor vê apenas uma mágica se desenrolando sob seus olhos, enfeitada ainda por cima com camadas e camadas de marketting e técnicas de relacionaento pessoal, retórica pura. É mais do que mágica: tudo se torna ainda um espetáculo, onde a própria mágica começa até a passar pro segundo plano.

Numa sociedade livre, aberta, os mágicos de plantão aqui trabalham do mesmo jeito, mas não são obrigados a cochicar seus segredinhos encantados. E não ficam por exemplo vestidos de preto feito atores de um teatro kabuki, tendo o dobro do trabalho necessário para que o mago bonitão que estã iluminado no palco pareça mais bonito fazendo o número.

Na sociedade aberta, a mágica rola solta. O encanto e fantasia permeiam as ruas, em contato direto com o povo em geral. Se alguém quiser tentar começar a decorar as palavras mágicas que escuta, pode de repente começar a se tornar um mago ela mesma. E aí a tal mágica pode de repente até parar de sê-la, e a tenologia deixa de ser suficientemente avançada pra essa pessoa, tornando-se “mera” tecnologia.

Este é outro aspecto improtante da diferença entre o software proprietário e o livre. O software proprietário compete com todos, compete até com o próprio consumidor. Quando você compra o softweare proprietário, você está finalizando um processo onde o produtor está lhe causando um malefício. É basicamente um feitiço do mal, uma praga que lhe é rogada. Porque é do interesse da Sarumansoft que você dependa pra sempre dele. Já o Gandalfix pode não ter a mínia paciência de ouvir os leigos falarem sobre mágica, mas não vê problema em que as crianças brinquem. Não luta pelo monopólio.

***

Pra finalizar, pense no seguinte. Todo mundo que já trabalhou num projeto minimamente complexo sabe que praticaemnte tudo que é feito no mundo é feio como se fazem as leis e lingüiças. Tudo sempre sai meio mal-projetado, feito pela metade, não otimizado, incompleto e capenga, porque sempre existem prazos pra se cumprir, e as metas raramente são claras, coerentes ou mesmo satisfatórias. Às vezes nem satisfatíveis.

Num projeto aberto, geralmente temos entusiastas trabalhando apenas pra fazer o melhor programa possível. Não tem pressões de marketting, não tem requisitos estranhos... Só tem engenheiros felizes criando programas felizes.

Eu só me dei conta dessa questão claramente quando li a Proposta do projeto SWAN. Esses caras estão trabalhando pra fazer um substitudo pro firmware que vem nesses tocadores de MP3 “chineses”, “genéricos”... Na verdade a maioria é essa arquitetura chamada s1mp3, duma empresa chamda Actions, e a idéia é explorar essa arquitetura. Abaixo vem um texto tirado do site deles.


When a manufacturer releases a new product, they work with a limited number of staff and to a tight deadline. These limitations in resources are, sadly, reflected in the limitations of the firmware that the manufacturer is able to supply.

With more programmers and unlimited time, a product can always be improved. The s1mp3.org project is set up to achieve just that. Although we all work for free, we are an enthusiastic and organised team with no corporate deadlines to stifle our creativity.

ActionsTM have supplied the world with some incredible technology. The SWAN Firmware will unlock the true power of your ActionsTM based MP3 Player. Think of it as putting finely tuned Formula-1 Engine in your Rolls Royce.


Traduzindo,

Quando um fabricante lança um produto novo, eles trabalham com ua equipe limitada, e com um prazo apertado. Estas limitações de recursos se refletem, infelizmente, nas limitaçoes do firmware que o fabricante é capaz de fornecer.

Commais programadores e com um tempo ilimitado, um produto sempre pode ser melhorado. O projeto s1mp3.org foi formado justamente para isto. Apesar de todos trabalharmos de graça, somos uma equite entusiasmada e organizada sem prazos corporativos para restringir nossa criatividade.

A Actions (tm) forneceu para o mundo uam tecnologia incrível. O Firmware SWAN vai destravar o verdadeiro poder do seu player baseado em Actions. Pense nisso como colocar um motor de Fórmula-1 ajustado nos mínimos detalhes em seu Rolls Royce.


Esse que é o lance!... Esse é o barato. Tudo bem que pra construiur uma pirâmide vc precise ir lá montar toda uma estrutura de poder imperialista e opressora e ainda fazer tudo meio nas coxa. Mas isso não se compara com uma boa obra de arte, certo? O que você prefere pendurar na sua sala, algum pedaço de cortina fabricada em alguma filial gigante de uma mega empresa, um tapete persa feio com mão-de-obra infantil, ou um tapete feito com amor e carinho por uma pessoa que não só se importa com aquilo, com também não foi forçada a fazê-lo para não morrer de fome?

Claro que qualquer pessoa prefere a terceira opção, mesmo que visualmente essas coisas pudessem até parecer iguais (e raramente parecem). Quem não gosta do pequeno produtor local? Do artesão velho e experiente que domina sua arte e trabalha livremente por prazer, senão por capricho?... A diferença é que pra fazer bilhões de cópias de um pedaço de pano desenhado você realmente vai precisar de algum tipo de fábrica ou manufatura tosca. Software não, é só copiar!...

Já pensou se todo mundo pudesse ter um verdadeiro exemplar de algum quadro foda, como um Van Gogh ou Rembrandt em casa?...

Resumindo, qual sistema operacional você prefere ter: um Vermeer ou um Thomas Kinkade?