Showing posts with label música. Show all posts
Showing posts with label música. Show all posts

2009/02/04


Criancice

Homenagem a meu irmão, cunhada e sobrinho, essa música (que não consegui botar no blip.fm) tem mais de uma coisa a ver comeste post.


Yes I am a child...of ugly times, Oh yea, my people have committed some ugly crimes, and in the process of me breaking free, I have inherited a painful legacy.

I have even created some ugly children for you to adopt, That you have chosen to embrace, You embrace the ugly, the dying freak, Only because he is a part of you and you are afraid to speak.

Deep down, way down, in the depths of you, He is ready to take over and rape the last drops of insanity in your mind, Let him out, let him out, let him run wild and scream free, Get crazy and forget about music, what it was, what it is, Or what it is supposed to be.

Give in to the dirty, give in to the funky, Give in to the gypsy, give in to the nigger in your soul, Fly free, fly free, and then we will see something beautiful...

OH LORD,- YES I'M A NEW BORN CHILD... OH YEA,- A BEAUTIFUL NEW-BORN CHILD,-

Newborn Child -- Eric Burdon and War 1971

2008/07/03


Raiva sistemática

Você sabe que tá virando um velho chato porque ainda acha doido demais ouvir uma música que contém o verso:

move into 92
Still in a room without a view

Know your enemy RATM

1992, cara! Isso faz quase 18 anos! Uma vida!... (Talvez meia vida, vai... Uma maioridade! As músicas do Rage atingiram a maioridade.)

As músicas do Rage Against the Machine continuam atuais, como as do Sepultura dos anos 80 tb continuam, falando sobre terrorismo e polítca e sei lá. Mas o número, 92 ficou "passado", claro. O único número nas músicas do Rage que continua atual é o 9.

Said they pack the nine, they fire it at prime time

Bullet in the head RATM

2008/06/03


Hey Bo Diddley

Uma coetânea do Bo Diddley feita pelo Nix, ensejada pelo falecimento do distinto bluesman...
http://bodiddleytribute.muxtape.com/

2008/05/09


Dedetizado pelo sistema

Outro dia aprendi duas coisas, e vi uma similaridade, talvez devido apenas à simultaneidade.

Lendo sobre o julgamento de Sócrates, aprendi sobre seu papel de espora/mutuca da sociedade. Parece que a palavra grega tinha ambos sentidos... Mutuca é certamente mais engraçado, e interessante por permitir uma alegoria zoológica: Sócrates é o insetinho inconveniente, pinicando o cavalo ou boi da sociedade. O texto abaixo, da Apologia de Platão (seção 30e?) é que traz esta imagem, e explica a função, senão missão que Sócrates clamava ter.

Pois se vocês me matarem, você não vão facilmente encontrar outro cidadão como eu, ligado a esta cidade -- a comparação pode parecer ridícula -- como a um cavalo poderoso e gentil, um pouco desajeitado devido a seu próprio tamanho, e precisando ser incitado pelo ferrão de uma mutuca; assim me parece ter a divindade me unido, sendo eu assim como sou, a esta cidade, para que eu possa instigar vocês, e persuadir e reprovar cada um de vocês, sem lhes dar sossego em momento ou lugar algum.

(tradução colada de pedaços de outras línguas)

Ao mesmo tempo, ando ouvindo com certa freqüência a Nirvana, principalmente o primeiro disco, Bleach. Pra quem não conhece (botei até link pra wikipédia, este é um post dedicado às novas gerações!), o Kurt Cobain fazia umas letras muito malucas. Na música Negative Creep, ele diz:

This is out of our range (x3)
and grown
This is getting to be (x3)
drone!
I'm a negative creep (x3)
and I'm stoned!
I'm a negative creep (x3)
and Iiiaaaarrrgh! (2x)

Não sei se jamais vou descobrir o que podem significar cada palavra e verso das músicas do Kurt, muito menos se ele queria dizer algo específico nelas. Mas uma coisa podemos saber com certeza: a palavra drone significa, entre outras coisas, um "zangão"!...

O zangão, todos devem saber, é o macho da abelha. Ele não tem ferrão, não faz mel, não constrói nada, não fabrica nada, só passa o dia comendo e dormindo, e eventualmente acasalando com a abelha-rainha.

Não consegui descobrir nenhum uso da palavra como alguma gíria bizarra, parece apenas que é frequentemente utilizado pra especificar um "parasita", uma pessoa numa sociedade que só fica rondando por ali, sem fazer nada de útil, sugando recursos, e eventualmente modificando irreversivelmente o status de meninice de outros indivíduos fêmeas.

Será que podemos atribuir ao Kurt esse papel? Talvez essa música fale sobre isso, ele está talvez falando sobre estar ligado à sua cidade desta forma atribuída por uma divindade.

Estas duas visões destes dois grandes heróis como insetos inconvenientes me lembrou imediatamente da idéia de autopoiese, de Maturana e Varela. É um assunto meio complicado, mas é basicamente um sistema que se encontra num estado tal que ele é capaz de replicar esta própria organização em que ele se encontra para tal.

O conceito começou pra ajudar a pensar sobre sistemas biológicos, mas foi facilmente reaproveitado em diversos outros contextos. Um dos livros que os dois escreveram sobre o assunto foi bem na época que tavam rolando uns movimentos socialistas no Chile (época do Allende), teve uma tal invasão numa universidade lá, em que mudaram altas estruturas de poder. Nesse livro o Maturana escreve umas considerações que ele não pôde ser furtar de fazer, sobre transformações sociais e autopoiese... uma coisa que ele escreve é sobre indivíduos que se desligam da sociedade, no processo de causar uma revolução, e ele fala sobre como este indivíduo elimina suas dependências da sociedade, ea sociedade dele (desligam-se as tais autopoieses lá um do outro).

São insetos inconvenientes, saindo do enxame para espetar o mesmo, agora transformado em massa contínua e disforme do lado de fora.

***
Consegui ainda ver o inseto contestador da sociedade agora numa música do CCR, a segunda do segundo disco: Bootleg, Bayou Country. Provavelmente a música mais nasty do mundo, porque faz uma análise fria da psique humana, insinuando haver algo de inerentemente prazeroso em se violar leis, e ainda que seguindo-as, às vezes até se perde a graça.

Chorus:
Bootleg, bootleg;
Bootleg, howl.
Bootleg, bootleg;
Bootleg, howl.

Take you a glass of water
Make it against the law.
See how good the water tastes
When you can’t have any at all.

Chorus

Findin’ a natural woman,
Like honey to a bee.
But you don’t buzz the flower.
When you know the honey’s free.

Chorus

Suzy maybe give you some cherry pie,
But lord, that ain’t no fun.
Better you grab it when she ain’t lookin’
’cause you know you’d rather have it on the run.

Chorus

Pegue um copo d'água
Torne-o contra a lei.
Veja como fica bom o gosto
quando você não pode ter nem uma gota.


A estrofe de interesse é obviamente apenas a segunda, cuja tradução já se torna impeditivamente ridícula. Mas tem tudo a ver com a geração web 2.0, pq fala em BUZZZZ!...

2008/05/01


Navegação orientada por marcos

A vida é um caos mutante insondável. Tudo é contingente, e as vicissitudes são infindáveis.

A existência física é ainda uma eterna viagem no tempo. Estamos a todo momento efetivamente viajando no tempo, para o futuro. Uma inexorável viagem por um único trajeto e para um único destino, durante a qual continuamente nos perguntamos: "e se tivéssemos virado à esquerda ali atrás?", e "será que essa rua é sem saída?".

Quando morreu o Arthur Clarke senti algo que jamais havia antes, mas aquele poema do Kipling, que ele sabiamente citou e eu fiz questão de traduzir, me ajudou a passar por isso. Me fez ver melhor que às vezes a gente dá mais valor pro que a gente não tem, especulando sobre coisas que pessoas falecidas poderiam ter feito, do que apreciando o que elas fizeram, o que deixaram.

Nietzche, por exemplo, morreu antes de desenvolver direito o conceito de "eterno retorno", do qual eu tenho uma certa interpretação pessoal... Envolve um pouco uma idéia de que as coisas vão mudando, mas tem coisas que vão ser sempre as mesmas, tipo, a história vai se repetir fatalmente. Eu vejo não como uma repetição determinística, inambígua, absoluta e simplória, mas apenas como uma repetição num sistema caótico, que está fadado a se repetir simplesmente porque o número de alternativas é limitado...

Mas o lance é que existem sim coisas que não mudam, além dessas daí. São justamente livros antigos, como os que Nietzche deixou até 1900, e os que Clarke deixou até 2008... E são músicas, quadros, esculturas, e podcasts e seriados de TV.

...No LOST está rolando um lance duma tecnologia lá que permite viajar no tempo, pra isso você precisa ter uma tal "constante", uma coisa que você precisa entrar em contado nos diferentes pontos do espaço-tempo, senão você ENLOUQUECE...

(atenção metaforofóbicos: contem metafolanina)
Só neste momento é que comecei a ver nisso uma bela metáfora da nossa própria viagem no tempo involuntária e unidirecional... Sem umas constantes você fica louco.

Você pode estar num lugar, ir pra outro, ser uma coisa e virar outra. Sofrer todas metamorfoses físicas e mentais, mas o sutil vibrato e batimentos daquele arpeggio levemente distorcido de Born on the Bayou, do Creedence Clearwater Revival, capturado em suas maravilhosas gravações, vai ser sempre o mesmo. Vai tar lá igualzinho, mesmo depois que a sua vida tiver se transformado completamente. Aquele timbre indescritível estará sempre lá pra te embasbacar de novo... (E agora com a pirataria em larga escala pela Internet, com mais certeza ainda.)

Talvez seja sorte a nossa que as melhores coisas da vida (CCR facilmente entre as 10 primeiras) sejam imutáveis. Talvez seja o contrário, a gente gosta delas porque não é trouxa, e escolhe coisas que não se podem perder facilmente... Mas eu acho que não, é sorte mesmo. E sorte que freqüentemente desprezamos, tendo às vezes a ilusão de que estas coisas seriam meros luxos passageiros desprezíveis, e que importante mesmo seriam títulos nobiliárquicos, contratos, promessas, compromissos e outras atrocidades antrópicas.

Da próxima vez que você encontrar um engenheiro eletricista, dê um abraço nele, e agradeça-o entusiasticamente por ter desenvolvido estas técnicas capazes de imortalizar aqueles preciosos sinais produzidos 39 anos atrás, e permitindo-os ainda hoje transformar o planeta todo num infinito, eterno, constante e imutável bayou dionisíaco.

(Um "báyaco"? Bayou cannal??)

Num mundo caótico incerto e desconhecido, nada melhor do que poder dar de novo um repeat numa seqüência de números inteiros. Revisitar um bom sistema determinístico, linear e invariante no tempo...

2008/04/05


A metamorfose de Michael Jackson

Estava aqui agora sendo obrigado a assistir uns clipes do Michael Jackson, e comecei a reparar numas coisas que nunca tinha antes...

Todo mundo há de concordar comigo que o efeito de morphing ganhou notoriedade por causa daquele clipe do Michael Jackson, Black or White (1991). Eu mesmo fiquei muito empolgado com aquilo, poucos meses depois comprei um livro sobre computação gráfica e processamento de imagens, e alguns anos depois vim a estudar assuntos similares na faculdade...

O que eu reparei é que já no clip de Billie Jean (1983), tem um lance dum gato que entra atrás duma lata de lixo, e vira outra coisa!

Em 1995 o Michael fez um clipe lá com a Janet, chamado Scream, que também tem um morphing com a cara dele.

Estes dois vídeos, claro, vieram depois do furor midiático sobre ele ter mudado de cor e de formato. Em 1993 ele falou sobre o assunto na Oprah, o que marca bem a intensidade que o assunto tinha por essa época.

Claro que não'e novidade pra ninguém que o morphing da cara dele pode ser visto como tendo relação come sse problema, mas eu nunca tinha compreendido a fundo que essas acusações dele ter feito x plásticas e mudado de cor, é basicamente uma acusação dele ter feito um morphing na vida real!...

Tipo, nos vídeos o que aparece é um morphing acelerado. O que é engraçado ver é que quando ele faz no vídeo, todo mundo acha engraçado, acha uma coisa "do futuro", acha muito doido, vira fã. Mas se o cara faz um morphing mais lento, fora da telinha, aí ele é crucificado e jogado na fogueira!...

O Michael está é expondo essa hipocrisia da sociedade. "Porque pode fazer morph no video-clipe, e não pode na vida real"??... É tipo isso.

O melhor de tudo é que também não é novidade pra ninguém a importância da metamorfose na psique humana. E também o fato que de nós mesmos passamos por modificações físicas lentas em nossas vidas, em especial passando de criança a adolescente, adulto, velho e múmia. Aí eu pergunto, será que é o Michael tem mesmo problemas, e as modificações dele são uma coisa patológica e condenável, ou somos nós que temos dificuldade de lidar com morphing em geral, e o condenamos por nos obrigar a se lembrar desse fenômeno?...

Talvez assistir mais uns um milhão de vezes aos clipes dele nos ajude a desencanar das metamorfoses nossas e dos outros. E assim nos prepararemos melhor para aquele fatídico dia Kafkiano, em que despertaremos trazendo entidades morféticas ocultas para o mundo da vigília.

2008/03/31


Bandas imaginárias

Uma das minhas gedanken-bandas é composta por mim no baixo, o Nix cantando, e mais uma mulher na percussão ( = bateria sem bumbo). Chama-se "Os Desatualizados", e só toca músicas de antes de 1977. O primeiro hit é "She's a Woman".