Este é um post com uma lista de nomes de redes wi-fi que coletei andando por São Paulo.
2009/09/09
Nomes de redes wi-fi por aí
2009/09/01
Nokia N900 versus Apple Iphone 3gs
Lista de comparações do novo celular Nokia N900, que roda o sistema Maemo, com o iPhone 3GS. Baseado nesta mensagem.
Processador: É basicamente o mesmo em ambos, ARM Cortex-A8 a 600MHz, com ainda umas paradas gráficas (PowerVR SGX)...
Memória RAM: 256MB em ambos, mas o N900 ainda completa 1GB com memória virtual (tem a ver com o multitasking, veja à frente).
2009/08/23
Porco por lebre
Outro dia me foi entregue um panfleto informativo lá na melhor universidade da América Latina que começava explicando: “A gripe Influenza A (H1N1) é causada por um novo tipo de virus.”
Novo tipo de virus?!? Uma nova cepa, talvez? De onde tiraram isso daí de falar em novo tipo de virus?
As pessoas tentam ser chique, posar como sério, mas são muito mais bem sucedidos na aparência do que no conteúdo. É muita forma pra pouca função.
2009/08/15
Arraste-me para o inferno
Excelente o filme Drag me to hell do Sam Raimi. Cinco estrelas e dez caverinhas. Bem-feito em todos quesitos, aterrorizante e substancial.
O filme é maravilhosamente old school, mas atual. Fiquei muito feliz de não ter nenhum fantasma de 'frame drop'. Mata a pau e a facão todos filmes de terror dos últimos 666 meses.
2009/08/11
Fixing msmtp to send mails via gmail
Today I was going to send an e-mail using mutt, and received this boring message:
msmtp: TLS certificate verification failed: the certificate hasn't got a known issuer
msmtp: could not send mail (account default from /home/nwerneck/.msmtprc)
Yeah, it seems Google changed certificates again.
2009/07/31
Código e Fonte
Um post especial sobre mais uma qualidade do N800 que não mencionei na última listinha de 10 pontos.
Nossos leitores provavelmente já conhecem nossa preocupação com a questão da tipografia, um assunto relativamente recorrente por aqui nos últimos tempos. A vantagem que queria mencionar no N800, é tipográfica!
2009/07/28
Sobre meu N800
Meu tablete de Internete Nokia N800 chegou há quase uma semana. Ainda não sei se juntei experiência o bastante pra escrever um grande review matador, mas pretendo no futuro.
Mas existem algumas particularidades dele que eu não tinha me dado muita conta antes de começar a usar, e que chamam ou que deveriam chamar a atenção das pessoas. Aqui vai uma lista de 10 "pontos" a respeito do referido tablete, o que ele faz e não faz, pra ajudar as pessoas entenderem melhor do que se trata, e talvez me dizerem menos que "eu deveria ter comprado isso ou aquilo".
1_ Ele tem wi-fi. A idéia é ficar ligado na Internet o tempo inteiro, e por wi-fi que geralmente é rápido e barato se vc frequentar os lugares certos. O futuro não é mais apenas "mobile", é "mobile" e "always on". Celulares são "always on", esse produto, assim como outros da Nokia, pretendem explorar o "always on" que foi desbravado meio que inadvertidamente pelos celulares, e curiosamente não é um celular!...
2_ Não é um celular. Poisé, que pena. Muitas passoas se espantam porque estão seguindo esse novo paradigma de que é legal ter um celular cebolão. Eu sou contra, quero um celular mínimo. Por exemplo, não quero que o uso do celular em uma ligação telefônica me atrapalhe em minhas outras atividades com o dispositivo, e pra isso o certo é que o celular seja um dispositivo independente mesmo.
3_ Tem Bluetooth. Isso quer dizer, por exmplo, que vc pode usar um celular violento pra entrar na Internet através dele, se vc precisar muuuito entrar na Internet por celular. Dá pra fazer tudo mais que é possível com bluetooth tb. Usar teclados blutute, usar GPS por bluturfe, trocar pequenos arquivos, isso tudo aí...
4_ Continuando nas conectividades, ele tem uma portinha USB que, além de te permitir ligar como dispositivo escravo no computador (normal...) tem uma gambi que faz funcionar como porta tipo "host", te permitindo ligar todas coisas USBs. Não sei o quão bem isso funciona, mas se aguentar ligar qqr tipo de coisa, como joysticks e o escambau, isso é beeem interessante.
5_ Ele tem zilhões de aplicações, e tem uma tela enorme. É tipo um computadorzinho. Minha impressão é de que não é um celular que quer virar um computador, mas sim um mini computadorzinho, um netbook desidratado. Mas acho q não tem tantas aplicações quanto um iPhone da vida. Não posso julgar, não conheço o mundo os handhelds...
6_ Ele tem um verdadeiro "desktop" quando vc liga. O funcionamento da interface é muito como de uma interface gráfica de computador mesmo, adaptado pra tela touchscreen, com menos restrições do que interfaces de celulares. Celular é muito modal...
7_ Esse ponto é importante. O N800 é multi tarefa, vc pode rodar x aplicativos ao mesmo tempo (a memória é meio pequena, mas dá pra fazer muita coisa). Tem "copiar" e "colar". Vc pode entrar num browser, copiar algo, mandar prum amigo via IM, e depois copiar a resposta dele e jogar num blogger da vida, sei lá. Dá pra ouvir música fazendo outras coisas numa boa. Ouvi dizer que tem telefones e outros handhelds por aí que não funcionam assim. Como viver sem isso??? Deve ser uma vida completamente diferente. E por isso ser algo tão diferente, a comparação do N800 com esses outros aparelhos começa até a perder o sentido.
8_ O browser, baseado em mozilla, tem java e flash. Dá pra tocar vídeo no youtube. E também tem suporte a OGG, e outros aplicativos que só existem porque é uma plataforma de desenvolvimento bastante aberta. O dispositivo meio que caiu nas graças do público a queem era mesmo destinado: gente que curte Linux, e tem perfil de desenvolvedor. É gente que não se importa muito se um certo aplicativo não está funcionando direito, e gente que vai eventualmente resolver problema se ajudar toda a comunidade publicando a solução. Ou seja, ao mesmo tempo tem um pouco de "não é pra quem quer, é pra quem pode", e também "é pra quem quer coisas malucas que você vai ter que fazer pra vc mesmo".
9_ Ainda sobre o universo de desenvolvimento e disponibilidade de aplicativos. Não existem polêmicas sobre o que alguém vai deixar ou não fazerem pra ele. E tem muitas bibliotecas similares ao que existe em desktops. É uma plataforma de desenvolvimento quase tão aberta e convencional quanto em computadores pessoais.
10_ Pra completar 10... Nunca usei celulares "cebolão" nem maçãzão, não sei bem como é a experiência de ir usando ali o touchscreen com diferentes programas... mas estou muito feliz com a idéia de botarem os botões da esquerda ali. Tem o "d-pad", tem um botão que vai pro desktop, tem um botão pra abrir o menu do aplicativo e outros. Ajuda muito. Ah, e não vamos esquecer o suporte que te deixa apoiar o telefone numa mesa a 45 ou a 67.5 graus ((180-45)/2 = 67.5). Outra coisa que não poderia viver sem!!...
Por hoje é só. Vou viajar hoje e aposto q vou passar a noite toda mexendo nele até acabar a pilha!!
2009/07/27
Formatos de arquivo e memórias flash
(Um artigo meio extenso e pouco elaborado sobre formatos de sistema de arquivo e memórias flash. Pode ter uma ou outra informação interessante que eu não soube explorar com a melhor habilidade narrativa possível!...)
Já se estabeleceu em nosso cotidiano o uso de memórias flash para armazenar arquivos. Pequenas e econômicas --- e caras --- elas estão em câmeras digitais, celulares, pendrives, palmtops, e mesmo netbooks. Dá até pra usar simplesmente como um disquetinho, se você tiver leitor de cartão em sua máquina.
Assim como disquetes, fitas e discos rígidos, a memória é antes de mais nada um simples "depósito de bits". Existe um mecanismo de endereçamento que permite a você ler e gravar dados com certas restrições. Mas ninguém lida com essa coisas direto, geralmente as pessoas querem usar são os serviços ofereceidos pelos sistemas operacionais. Os SOs criam arquivos com nome e data e permissões, apagam os arquivos, gerenciam o espaço livre no dispositivo, e ainda tomam algum cuidado pra ver se houve corrupção da memória, e lidam com esses erros.
Para fazer isso tudo é preciso antes decidir qual vai ser o sistema de arquivos utilizado na memória. Quando a gente formata uma partição está fazendo é isso, decidindo o formato, e eventualmente tomando as medidas necessárias pra inicializar essa memória, colocando lá algumas estruturas de dados iniciais pro SO trabalhar com aquele formato.
Diferentes formatos de sistema de arquivos possuem diferentes características, e podem também ser mais adaptados para mídias com diferentes restrições. Alguns vão ser melhores para arquivos maiores ou menores, por exemplo, ou mais ou menos velozes e mais ou menos seguros. As características também incluem limitações aos tamanhos de arquivos e da mídia, e ainda aos nomes dos arquivos (número e tipo de caracteres.)
Essa tabela na Wikipedia compara vários formatos diferentes. Entre eles existem alguns famosos, a começar pelo FAT, programado com contribuições do próprio Bill Gates e utilizado por produtos da Microsoft desde então, além de inúmeras outras empresas.
Um exemplo de como a formatação pode influenciar no espaço livre para armazenamento, veja essa outra tabela. Compare os discos de 90mm... Uma primeira curiosidade é que inicialmente a Apple utilizava controle de velocidade, permitindo um melhor aproveitamento da mídia magnética, ao contrário dos outros leitores de disquete que utilizavam velocidade angular constante. Mas isso é outra história...
Repare como que os disquetes de 90mm (3.5 polegadas) de alta densidade possuem tamanhos diferentes. O mais comum é 1440kB, mas o Amiga conseguia guardar 1760kB. No IBM-PC tb existia um macete pra conseguir 1680kB e 1720kB, que algumas empresas utilizavam pra distribuir seus programas e dificultar a cópia destes. Essa diferença de tamanho não é por causa de algo físico, como variação de velocidade de gravação, mas sim diferença na formatação dos discos. Um disco de 90mm não-formatado consegue guardar até uns 2000kB, dizem.
Discos flexíveis são geralmente tosquinhos, e ninguém espera uma formatação sofisticada neles. Se puder haver mais espaço e velocidade, ótimo... No caso de discos rígidos pode ser mais desejável uma formatação que permita mais segurança. Quando a gente faz RAID, por exemplo, está indo atrás de redundância e confiabilidade (e velocidade, às vezes), e não espaço de armazenamento. É um comprometimento.
A formatação FAT não oferece nada demais. Uma tabela centralizada localizada no início da partição anota a alocão de clusters de tamanho fixo para os diferentes arquivos. FAT possui alguns problemas conhecidos, em especial a fragmentação excessiva.
Existem muitos formatinhos simples --- ainda piores do que o FAT --- por aí, utilizados em aplicações específicas. Um exemplo é o iso9660, ou CDFS, utilizado em CDs de dados.
Um exemplo de formato mais moderno são os que fazem _jounaling_. Nestes formatos cada mudança aos arquivos é antes anotada em um diário. Se houver uma pane, a chance de você causar um erro sério ao seu sistema é bastante reduzida. Pode haver registro apenas de modificações aos meta-dados (nome de arquivos, etc), quanto dos próprios dados. O NTFS, por exemplo, é um formato que faz esse tipo de coisa. A principal diferença entre ext2 e ext3 também é o journaling.
Existe também uma família de formatos chamados log-structured que funcionam de forma bastante peculiar. Eles podem manter "vivas" versões mais antigas dos arquivos, que só vão se perdendo quando o espaço na memória acaba, e os dados antigos precisam dar lugar aos novos. Um formato baseado nesta idéia é o recente UDF, utilizado em DVDs e em discos óticos regraváveis (CD-RW). No mundo BSD também surgiu um tal LFS que segue a idéia. Existe ainda um conjuntos de formatos dessa família dedicados desenvolvidos especificamente para memórias flash: jffs2 e yaffs.
***
Agora chegamos ao assunto que na verdade me atraiu pra falar isso tudo. Comprei um cartão de memória (SD), e estou decidindo como vou formatá-lo. Eles vem geralmente formatados com FAT só porque as indústrias querem agradar os consumidores, permitindo a eles utilizar os cartões sem se preocupar com o assunto. E como a maioria das pessoas usa produtos da micros~1, eles formatam para eles. E o Windions suporta apenas o tal NTFS quando muito, e o arcaico FAT, recauchutado para permitir, por exemplo, nomes com mais de 8.3 caracteres...
Mas parece que pra usar NTFS tem que dar dinheiro pra microshort, e o formato tb nem é tão popular quanto o FAT, que acaba sendo então a escolha. Mas os problemas não terminam aí, porque a empresa de Redmond resolveu que vai capitalizar em cima do formato!
Como não tenho muita necessidade em ser compatível com windows (uma pequena partição FAT16 provavelmente vai atender minha necessidade de ter que copiar arquivos da máquina dos outros de vez em quando...), estou decidido a não utilizar o VFAT com que minha memória veio formatada. A pergunta agora é: qual seria o melhor formato pra escolher?
Os tais jffs2 e yaffs me parecerem a princípio ser a escolha ideal. Existe até um outro formato sendo desenvolvido pela Nokia, ubifs, também dedicado pra memórias flash. Só que aparentemente eles são direcionados apenas a memórias flash "internas", e não pra cartões... Cartões são desenvolvidos para se comportarem de maneira mais parecida com discos rígidos, e os formatos de escolha devem ser os que se usam neles. (Mas ainda estou confirmando a lógica disso.)
Uma das características que um jffs2 teria seria gastar a memória por igual ao longo do tempo. Acontece que memórias flash vão se degradando conforme você vai escrevendo em um certo ponto, então é bom fazer esse gasto espalhado por toda a memória, evitando ficar escrevendo sobre um mesmo local, modificando um mesmo arquivo, por exemplo.
Quando seu dispositivo é uma memória flash pura, o sistema operacional precisa vigiar esse tipo de coisa. Mas em um cartão de memória parece que existe um contrle interno que faz isso automaticamente, dispensando portanto o uso desses formatos de arquivo dedicados.
Não seria portanto indicado utilizar formatos como jffs2 em cartões SD. Eu li inclusive que o jffs2 pode ser bem mais lento do que, por exemplo, ext2, além de ser pior pra mídias muito grandes.
Outra característica de memória flash é que o problema da fragmentação não é tão terrível quanto em discos, já que não exist euma agulha que vai andando e lendo as coisas... Seria então um motivo a menos pra não utilizar FAT!
A escolha fica portanto entre ext2, ext3, fat, hfs+, udf, ntfs, reiserfs, lfs... E as considerações principais devem ser velocidade e leitura, eficiência de uso do espaço e segurança, considerando que o cenário é uma mídia removível de estado sólido, onde fragmentação nãodeve ser problema, e a questão de realziar um gasto homogênio da mídia também não seria problema porque o cartão já cuida disso sozinho.
Algo que podemos argumentar é que sistemas com journaling de dados vão fazer muito mais gravações do que os mais simples, e portanto vão gastar mais a memória. Mas talvez haja um ganho... Todos conhecem o problema de poder corromper o cartão se remover antes de tomar os cuidados necessários. Talvez o journaling ajude nisso.
Acho que vou fazer um teste, portanto. Criar umas 3 partições, fat ext3 e UDF e ver o que acontece ao longo do tempo!... Reporto daqui a um ano. :]
2009/07/01
Porque São Paulo é inadequada para a ciência
A cidade de são paulo é ruim para fazer ciência. Porque?
Dinheiro tem às pampas. Mas de que serve dinheiro? Dinheiro pra virar produto, pra dar resultado, tem que ser bem administrado e bem gasto. São Paulo, Sampa, a cidade de São Paulo, capital do estado homônimo, é entretanto cheia de gente louca. Gente louca não administra bem dinheiro, recursos e outras gentes loucas sob seu comando, e assim o tal dinheiro não é gasto onde deve.
Vamos começar do básico. A cidade é uma charada logística sem solução. O transporte é podre. Deslocar-se na cidade é uma tarefa hercúlea. Você tem que se ligar em coisas como horário do rodízio e estratégias pra evitar sequestro relâmpago. Tem ainda dois rios que cortam a cidade o que não ajuda em nada, além de avacalhar os caminhos possíveis, ainda fedem.
Façamos justiça ao metrô, faixas exclusivas e ao recente bilhete único, mas o fato de haverem coisas boas não significa que o resultado geral já é bom. Dizem, inclusive, que pela teoria o metrô paulistano já deveria ser bem maior do que é, porque senão a cidade ficaria desse jeito que é. Vamos ver se as obras aí desafogam. Quanto aos ônibus, São paulo continua tendo na minha opinião o 27o melhor sistema de ônibus dentre todas as capitais brasileiras.
O que isso tem a ver com ciência? Qualquer trabalho do tipo precisa que as pessoas possam "se distrair" um pouco. E precisa que haja um local onde haja um "ambiente de trabalho". Se você consegue morar do lado do seu ambiente, ou se torna sua própria casa nele, excelente. Não sei quem são os felizardos nessa cidade, talvez os vizinhos da favela São Remo. A região do portão 3 é tipo um gueto onde todos alunos da USP que vem de outras cidades são praticaemtne obrigados a irem morar. Se for o caso, e quem mora lá consegue ir e vir sem ficar irritado com as pequenas coisas estúpidas relativas ao transporte na cidade, então sou eu o louco por não ter entendido o recado e decidido vir morar no centro...
Poisé, o que mata são as pequenas coisas estúpidas. Um bom exemplo de fenômeno pequeno e estúpido que enche a paciência, e que vejo acontecer aqui em São Paulo com mais frequencia do que outras cidades que conheci é interrupção de serviços como águas, luz, gás e telefone. Não dá pra ser feliz... O pesquisador que tem que passar seus dias preocupado com pequenos incidentes do dia-a-dia como isso daí tem uma taxa de tempo distraído maior do que outros, não pode ser que não tenha um significativo impacto negativo.
Olha, eu era bastante zen antes de vir pra cá, capaz de ficar impassível frente a contínuas evidências cotidianas da estupidez humana. Mas perdi meus poderes mágicos. Agora eu vejo as filas que se formam pra pegar ônibus na frente da estação Marechal do metrô, e não consigo continuar pensando no meu problema da vez. Acontece que é um problema tão gritante que está aconetcendo na minha cara que é muito difícil negar e voltar ao problema que eu me havia proposto no meu trabalho. Tipo me liga um sinal de emergência assim: "Nicolau, esse seu problema é insignificante, não tem aplicação, não vai judar ninguém. Quem precisa de ajuda são essas 500 pessoas aqui na sua frente que estão tentando andar mas estão paradas."
Porque é assim o trânsito de São Paulo. As pessoas dizem que é uma "loucura", que é "caos", mas não é isso não. É letárgico, é tudo parado, inerte. Não é como água saindo de um esguicho de regar grama, nem o fluxo laminar que desejaríamos. É tipo uma gosma pegajosa fluindo em um cano tortuoso e flexível.
Enfim, o tempo do dia que você leva se deslocando pro trabalho e pra casa já é então uma "viagem perdida" que desanima trabalhar...
Aí vem o trabalho. As pessoas com quem você trabalha são um bando de loucos. Povo viciado em burocracia estúpida. Criam regras sem sentido só pra que existam relações de poder, sem se preocupar com a produção. O motivo das pessoas estarem juntas trabalhando é obedecerem umas às outras, é seguirem as regras.
As incessantes greves de funcionários tem a ver com isso. Eu já vi muita greve em universidade sim, conheço bem no mínimo a UFMG e UNICAMP onde estudei. Mas nunca vi lá greves como aqui. O clima da greve, os discursos... É tudo mais focado em política, em discutir quem é obrigado a fazer o que, em querer mandar nos outros, do que em falar sobre trabalho.
As greves são assim não é só por causa dos funcionários que organizam as rgeves não. Os chefes são uns loucos também. A comunicação é tortuosa. Os superiores são metidos e arrogantes. Eu li uma vez um texto acho que de Trotski falando sobre como a Índia havia conseguido fazeer a revolução que os libertou dos ingleses, mas não conseguira fazer a revolução que acabasse com o sistema da castas, e isso atrasava muito a vida deles. Não entendo nada da Índia (não tou acompanhando a novela), mas talvez a situação aqui em Sampa tenha a ver. A coisa não anda pra frente aqui porque tem tanta preocupação com poder, com determinar que casta manda em quem, quem são os bons quem são os que sobram. Santo deus, até as discussões sobre futebol aqui são diferentes do resto do Brasil. O jeito como os times vencedores menosprezam os perdedores aqui é diferente. Juro que é.
(Pode ser paranóia, mas esse texto é senão sobre minha percepção do mundo, você tire suas conclusões. Mesmo que seja verdade, eu viver essa fantasia é nocivo pro meu trabalho, e é no final o meu problema. Se viver aqui me faz pensar isso, então a culpa é da cidade do mesmo jeito.)
As coisas que eu já tive que passar aqui pra ter condições de trabalho... Você tem que "se virar" e "correr atrás" de tudo. Brigar pra deixarem você trabalhar. Comprar equipamento tem mais a ver com esbanjar sua grana do que com cumprir uma meta de trabalho. Eu já vi isso em outras universidades sim, mas acredito que este fenômeno tenha uma concentração especialemnte alta por aqui.
Laboratórios não procuram pessoas boas que possam ocupar suas vagas e produzir o máximo que aquele equipamento e pessoa podem. Não, são oásis em que se entra a convite do dono, ou boites exclusivas em que o fato de estar lá dentro é mais importante do que o que você realmente faz lá. Aquelas boites que lá dentro só vende assim vodka ruim a preço caro, tem música ruim e instalações ruins, mas como tá na moda você se acha o máximo porque entrou. Não é uma diversão "honesta", é só um lugar que você vai achando o máximo porque o número da boite no último ranking das melhores boites do mundo falou que aquela é a melhor da América Latina, ou então porque aquele é o lugar com a maior nota da revista Veja... E só marketing.
E a bagunça é tão generalizada que além dos problemas logísticos, e além do relacionamento difícil com seus colegas de trabalho, você ainda tem problemas pra se divertir!!
Sim, eu só estou escrevendo esse monte de coisa porque, além dos meus recentes problemas com luz, energia e telefone, e além da constante raiva com transporte, eu até hoje não me conformo com a dificuldade de tomar um bom cafezinho.
Nos finais de semana eu vou sim em alguns bons cafés. Mas perto do meu trabalho e da minha casa eu não consigo me satisfazer... Acho que jamais vou viver como nos meus tempos em Campinas, onde passava horas por dia lendo (e escrevendo) em diferentes cafés, num ambiente ideal. Eu não me sinto igualmente bem pra fazer esse trabalho nem em meus laboratórios, nem em casa. Tem que haver esse terceiro lugar. E aqui eu não acho.
Hoje tava lá numa padaria aqui perto de casa. Jantei e pedi um espresso. Tanto a xícara quanto o copinho d'água que vieram juntos (eu vou lá porque servem aguinha, então notem: não é qualquer botecão) estavam transbordando de alguma forma, tudo molhado. Assim como o choppinho que tomei. Mas tudo bem, que bobagem se preocupar com isso, né? Tava zen, numa boa, esbanjando meu dinheiro emprestado e vivendo minha burguesia reacionária e em recesssão na esperança de conseguir desenvolver finalmente na minha cabeça o cenpario completo do trabalho que preciso desenvolver nos próximos dias. Sim, estou aqui perdendo um tempo precioso tentando exorcisar esse assunto da minha cabeça agora e voltar pro trabalho...
Estava lá tomando café, sentado no balcão, conseguindo trabalhar mesmo apesar das conversas histéricas paralelas, da minha crise financeira pessoal e do serviço nem tão satisfatório. Aí vem um garçom / copeiro da padaria e pega meu copinho de água e joga dentro da minha xícara pra tirar, achando que tava vazio!!!...
Saiu voando café pra fora da xícara, fazendo do pires uma piscina negra. O cara diz assim "ah, achei que não tinha café mais. Ainda tinha?" Como assim "ainda tinha?"??? Claro que tinha, imbecil!
Já tinha flagrado esse idiota. Fica gritando merda o tempo todo, atira objetos do balcão pra dentro da cozinha. Todo nervozinho. O que é isso, stress pra voltar pra casa? Tem que buscar a mãe na zona antes do horário do rodízio, ou do estacionamento?
Eu já vi muito desses garçons que atendem demais os clientes sim... Tem restaurantes que eu vou, em BH inclusive, que os garçons vem a cada 5 minutos checar se a sua lata de refrigerante já acabou. É bem chato sim, mas não se compara. Eu estava no balcão, e o cara não simplesmente checou meu café e devolveu. Não, ele jogou a porcaria do copinho (que também estava cheio pela metade) dentro da maldita xícara, que fez um chafariz sombrio e escaldante quase tão aterrador quanto o ódio que transbordou de meu coração.
Pra que isso? Pra que jogar a droga do copinho dentro da xícara? Minha mãe, paulista, me ensinou que fazer esse tipo de coisa é falta de educação. Vai ver que assim como ela, os outros paulistas que sabiam disso deixaram também a cidade. Sobrou só gente que pensa o oposto.
O que esse cara tá fazendo lá? O que essa padaria pretende ser? Qual é a idéia de "tomar um cafezinho" dessa gente? Se a idéia é ser esse lugar que você não pode ficar 1 minuto parado, é só pra entrar comer e sair, faz logo um drive-thru com copinho descartável. Não faça esse simulacro de local agradável.
Ao meu lado, no alto do balcão, uma TV fica passava um anúncio: "Padaria, como é bom estar aqui." E a ironia estava completa.
O cara me ofereceu outro café. Eu não quis, eu só qui sair daquele lugar. Eu não quero comprar um café, eu quero comprar sossego. Da mesma forma que o que eu quero na escola não é conseguir ter o equipamento que eu quero. Não é questão de quais recursos eu tenho direito (como o café a que eu tinha direito). A questão é que eles sejam confiados a mim da maneira apropriada. Isso é o cerne da sociedade. Os fins dela, o que você ganha e dá após cada iteração, são um aspecto pessoal da coisa, é outro problema.
Por hoje chega, vai.
2009/06/30
Encontrando juros de parcelas iguais usando o Wolfram|alpha
Mais ou menos desde o Plano Real, se não me engano, foi que se tornou bastante comum no Brasil comprar coisas a prazo com parcelas iguais. O inferno desta prática é que os comerciantes tem mania de omitir o valor da taxa de juros cobrada. Eles anunciam apenas o valor da parcela, número de parcelas e, quando muito, o valor à vista.
Às vezes ainda falam que a parcela é um tanto e que à vista ainda tem um "desconto", o que é um papo furado danado porque na prática é o mesmo: um certo valor à vista, ou um certo valor a prazo que implica em uma determinada taxa de juros. Hoje em dia ainda tenho visto até gente anunciando coisas falando só o valor da parcela, não dizem nem quantas são! É bem verdade que são variáveis ligadas a dois planejamentos diferentes: um é de mais curto prazo: se você "dá conta" de pagar cada mês. O outro é de longo prazo: se vai ser estratégico ficar tantos meses com aquele dinheiro comprometido... Mas é sacanagem mesmo assim anunciar focando só no curto prazo.
Bom, se você vai comprar algo a prazo é muitas vezes bom saber o valor da taxa de juros ofertada, porque pode ser que valha a pena você comprar algo pegando um dinheiro emprestado de outro lugar, por exemplo, ou escolhendo outro vendedor. Você pode até mesmo simplesmente desistir de uma compra só porque a taxa de juros seria obscena!...
Acontece que, como já disse, é raro um anunciante dizer o valor da taxa de juros quando está anunciando o valor de parcelas iguais. Como fazer então pra descobrir o valor?
Infelizmente não é nada fácil. Mas qualquer engenheiro empolgado pode ajudar você, se precisar! Vou discutir aqui algumas simplificações possíveis de serem feitas, e no final mostrar como você pode calcular rigorosamente utilizando o maravilhoso Wolfram Alpha!
***
No limite de valores de juros relativamente elevados, e para um número grande de parcelas (como é o cenário vergonhoso do meu cartão de crédito, por exemplo) a gente pode fazer uma aproximação. O valor da taxa de juros é aproximadamente o valor de uma parcela dividido pelo montante (o valor à vista) subtraído do valor da parcela.
Notem como esta conta é parecida com uma outra: se o valor da taxa de juros fosse apenas o valor da parcela dividido pelo montante, isto significaria que você está pagando a cada mês apenas o valor dos juros do período, sem jamais caminhar na direção de quitar a dívida. Seriam infinitas parcelas.
Se você usar essa simplificação em outros casos (poucas parcelas, juros razoáveis...) pode terminar com um valor superestimado da taxa de juros. E quando a taxa é bem pequena existe outra aproximação que dá pra fazer, mas agora não estou podendo deduzir... Fica como exercício para o leitor. O que importa é o macete pra calcular o valor perfeito no Wolfram Alpha!
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A solução ideal é uma conta meio complicada. Dá um polinômio sobre o valor dos juros de uma ordem tão grande quanto o número de parcelas. Pra deduzir você precisa utilizar a famosa conta da "soma de uma PG", uma amiga que sempre nos alegra rever...
Apesar da elevada ordem, esse polinômio possui apenas poucos termos, o que torna fácil de calcular, por exemplo, utilizando réguas de cálculo. Taí então um bom exemplo do tipo de conta que se realiza em matemática financeira que tornava tão comum o uso de tabelas de logaritmos e de réguas de cálculo nas antigas.
Hoje é possível pegar esse valores e jogar num computador pra fazer a conta sem se preocupar com nenhum detalhe dos processos. Em poucos segundos você recupera até mesmo as raízes imaginárias do polinômio, usando algum algoritmo sinistro de encontrar raízes, e ainda pode rodar tudo via Internet nas máquinas do Stephen Wolfram, utilizando o incrível Wolfram|alpha.
Sem mais delongas então, o que você precisa é entrar neste link. Ele possui uma conta de exemplo que eu realizei aqui pra descobrir os juros cobrados pelo Mercado Pago pra comprar a prazo um Nokia N800 usado. O número de parcelas é a primeira variável que eu defino, 'n'. O valor à vista é 'M' e o valor de cada parcela é 'p'. Substitua estes parâmetros pro caso que quiser e você vai ter na solução o valor, em porcentagem, da taxa de juros. Pura magia...
Ah, o Wolfram|alpha é tão fodão que ele deve ser até capaz de te dar os valores das outras variáveis também. Por exemplo, você pode dizer quanto é o valor de 'j' e tirar o 'n' da lista, e então descobrir em quantos pagamentos você pode comprar algo pagando um certo tanto ao mês... Isso pode ser bem útil na hora de pedir um empréstimo no banco, onde existe um limite do valor da parcela, e limites de número de parcelas dadas diferentes taxas. Você pode otimizar um empréstimo para pagar uma taxa menor, por exemplo.
O W|a pode ainda fazer gráficos muito loucos, etc. É uma potência esse bicho... Tá aí um excelente exemplo de uma conta que a calculadorazinha do Google não faz, pra quem gosta de comparar os dois sites
Agora, achei no Google foi este site que faz a mesma conta, e ele tem uma interface bonitinha pra quem estiver com preguiça de editar minha string lá...
Por hoje é só. Boas compras! Ou economias, porque você pode usar a mesma conta pra ir juntando uma certa quantidade de grana por mês em um fundo de investimento até dar um certo valor desejado, por exemplo. Um dia eu chego lá... Fica como exercício par ao leitor. ;)