Desde o Campus Party, quando tomei contanto com todo o mundo da chamada “web 2.0” e a nouvelle vague da criação de blogs, comecei a sofrer de novo aquela sensação louca de querer ser famoso que acomete quem abre um blog novo, ou coisas do tipo (coisas como nascer). Por isso que tou finalmente buscando conhecer todos esses diggs e technoratis da vida.
Só agora também que comecei a conhecer os blogs brasileiros mais famosos do momento, tipo o interney.com.br e o meiobit.com.br... Fico aqui morrendo do inveja dos altos números de authority e comentários e acessos. Me sinto praticamente de volta à escola, e a diferença é que nesse mundo os populares também são “nerds”!! Acabou a associação nerd-micreiro e ser um looser desconhecido... E isso é difícil de lidar. Na escola era mais fácil pensar: "eu gosto de computadores e de ficção científica, e por isso não sou popular". Agora acabou isso cara...
Enfim, vou lendo e lendo “o que está pegando”, qual é o “buzz”, o plá. Pois afinal, quem nunca causou o buzz, quando causa se lambuzza.
E acaba que tou chegando à conclusão de coisas que todo mundo que já pensou nesses assuntos (“ficar famoso”) já sabe... Por exemplo, é difícil ficar famoso ou “causar o buzz” (como pronuncia isso mesmo? É “buts”? Igual pizza?) sendo só legal, elogiando todo mundo e concordando e sendo gentil... Tem diversas técnicas de atrair atenção, e nem todas envolvem ser uma pessoa joinha. Olha só os jornalistas e comentaristas brasileiros (e mundiais) sobre quem todo mundo tem, e é praticamente forçado a ter uma opinião sobre eles. Por exemplo, a trinca que se alternou na cadeirinha de “agitador” do Manhattan Connection: Paulo Francis, Arnaldo Jabor e Diogo Mainardi... O principal ingrediente do sucesso deles é sem dúvida terem falado mal de algumas pessoas lá de vez em quando, criando polêmica... (não digo que eles se resumam a isso)
Não é à toa que as famosas crianças que “querem só chamar a atenção” saem batendo e xingando, né? É porque é assim que as pessoas funcionam, só dão atenção pra gente chata. É um caminho em que eu quase andei no meu post ali sobre a
censura hacker no campus party, citando artigos de outras pessoas, e meio que criticando porque não falariam o que eu queria ler. O Manoel Netto do t3cnocracia (que “foi citado!” :) ) até deu as caras aqui depois. Mas minha intenção não era criticar ninguém!... Eu só queria dizer que não encontrei ninguém que falasse exatamente o que eu queria, e não que estas pessoas deviam ter escrito como eu queria... Mão sei se fui claro ao dizer isso.
Aliás, ser claro ao dizer algo é tido por muitos como uma necessidade ao redigir um blog, ou qualquer outra coisa “publicada”. Outra necessidade, que me cobram às vezes, é escrever coisas mais curtas e simples. Fazer textos fáceis de ler e compreender (e de abuzzar e monetizzar).
Ora. Será que não tem um pensamento um pouquinho simplificado nisso não? Vejam bem: claro que eu concordo que um texto jornalístico, ou outros tipos, devem ser curtos, simples, prazerosos e informativos. Infotainment na veia. Mas porque haveria de ser tudo assim?
E poesia é lá sempre pra ser fácil de entender? (Talvez no tempo dos sapos acadistas.) Romances acaso são sempre leituras de interpretação instantânea, e que falam apenas de questões agradáveis de que sempre gostamos de nos lembrar? Eu gosto de Достое́вский!! (Dostoiévski) Eu quero criar um blog dostoievsquiano!...
Os blogs (e outras ferramentas) tão aqui pra gente publicar o que quiser. Pode ser infotainment, podem ser informações úteis, dicas novas que te ajudam, ou não: comentários inúteis e manjados... Podem ser comentários profundos com insights antológicos, ou simplesmente posts comentando notícias manjadas do tipo “olha que legal isso que eu vi num post dum cara que viu num post dum cara que viu num jornal... ahauhauhahuauhua doido de mais manow, lê aew.”
Tem gente ainda que escreve diários, outras ainda produzem verborragias incontroladas, piores do que em diários, criando textos que nem elas mesmas pretendem ler novamente algum dia. Estes casos são interessantes, porque palavras escritas são sempre vistas como um convite à leitura, dão sempre a ilusão de que são mensagens que algum autor quer transmitir. Alguns leitores às vezes até se sentem ofendidos quando percebem tarde demais que se trata de um texto deste tipo, e se vê aprisionado numa armadilha textual!
Aí vem a mágica da dinâmica de populações. Se vc não gosta do conteúdo de alguém, vai evitar de ler, se gosta, vai voltar, vai dar digg, e sei lá o que... As pessoas deviam ter um pouco mais de consciência de como isso funciona, ser um pouco mais assertivas: ao invés de falar que você “não deve escrever de forma críptica e hermética”, só falar o que preferem ler: “você devia escrever mais infotainment!...”
Não temos nada que impedir que textos ruins ou desinteressantes sejam sequer criados. Existe espaço por aí pra todo mundo existir, e o Darwinismo editorial, separando os blogs mais aptos só vem depois!...
Um problema terrível em tentar ficar famoso, se vc não quiser, por exemplo, só ficar falando mal de pessoas, é tentar descobrir então o que a maioria das pessoas estaria interessada em ler... Tem pessoas que são talentos naturais, escrevem com naturalidade o que todos querem ler. Outros decidem que vão chegar lá de qualquer forma, e se esforçam pra conseguir produzir peças populares, se policiando para utilizar práticas indicadas e dicas e macetes de escrita.
Outros são perdedores convictos!... Pode até ser que sofram com a carência de afeto, mas “não querem se vender”. Eventualmente podem vir a querer mudar a própria audiência.
De repente é essa a minha onda. Porque eu não tenho uma certa visão do tipo de coisa que eu gosto de escrever e de ler, e vivo inconformado por seguir uma linha “impopular”...
Eu gosto de charadas, desafios, coisas intrigantes para estudar. Livros de matemática com problemas pra resolver. Bulas de remédio com palavras que nunca li na vida escritas com a maior naturalidade. Gosto de ler coisas escritas em línguas que desconheço completamente.
E gostando disso, eu tento contribuir. Eu gostaria que cada parágrafo que eu escrevesse na minha vida fosse uma pequena pedra de Roseta para os Champollions e Youngs do futuro!
É um desafio duplo, eu preciso ao mesmo tempo mudar minha escrita pra mais pessoas me ouvirem, e tentar convencer as pessoas de que elas precisam dar uma chance a ler coisas menos mastigadas!...
Não quero dizer que há um certo ou errado, mas apenas fazer esse pedido: dêem uma chance a pessoas que não escrevem estritamente coisas prazerosas de se ler!... Isso é uma postura muito hedonista, querer ler só coisas com forma e conteúdo agradáveis. O ruim também pode ter lugar nas nossas vidas, o obscuro o desagradável, o incômodo. Mas entenda que não estou falando do texto ruim, do texto mal-feito, estou falando de temáticas e formas de discurso diferentes do que se espera ouvir e ler se divertindo. As pessoas não se cansam de só se divertir???...
Quando as pessoas só pensam em escrever fácil e ler fácil, às vezes se prendem um pouco em apenas repetir o que já se ouviu por aí... Ou pior, o que já se ouviu nos Estados Unidos!... Quer dizer, não digo que é ruim ou bom, mas é só algo que deve ser sabido.
Acho que o motivo porque eu vou sempre sofrer, e nunca ter muita autoridade technorática, ou embarcar no ônibuzz da blogosfera, é que tenho umas teorias meio próprias e estranhas sobre alguns assuntos populares sobre os quais existem certas opiniões convencionais mais aceitas... Por exemplo, a questão da popularidade do Linux e de outros softwares livres.
Eu não entendo porque esses assuntos não andam!!... Pessoas sempre se preocupando em tentar entender porque os outros usam ou não usam Linux. 50 anos atrás era a mesma coisa com a calça jeans, bikini... Comunismo!... Sempre que aparece uma nova onda, o que o papa chama de “entregar-se a ideologias”, algumas pessoas que gostam daquilo sentem um pouco de vontade de querer obrigar todo mundo do mundo a gostar também, ou ao menos conhecer, ou só aceitar.
Até aí tudo bem, mas algumas destas pessoas sentem que elas realmente possuem o poder de mudar as coisas sozinhas, bastando querer fazer, e trabalhar o suficiente para isso. Sentem que elas realmente podem fazer TUDO. Ou sentem que os programadores do Linux e do GIMP podem fazer o qu eé preciso, e imputam responsabilidade apenas a eles em revolucionar o mundo. Mas não dá, pô! O último passo de tudo isso sempre vai ter que ser dado pelas pessoas sendo convencidas!... Uma hora os empolgados defensores das “ideologias” tem que saber que fizeram o possível, e aprender a ter paciência, e esperar o resto da população se convencer...
O prezado blogueiro (será que um dia vai ter “Rua Blogueiro Fulano”, igual tão fazendo hoje com jornalista já?) Alexandre Inagaki anda escrevendo sobre blogs, dizendo que “blog é liberdade”. Tem sua verdade, mas podemos ver isso tudo de vários lados... Como discuti acima, existem muitas restrições se vc quiser escrever algo que vai ser muito lido, e se você não for um talento natural que queria já de início escrever algo que ia atender a essas restrições. Agradar leitores é um problema milenar, que não vai mudar radicalmente com a chegada dos computadores e da Internet. Liberdade pra valer é escrever pra você mesmo!!... E muitas vezes isso nem é legal :) . E já dizia Christopher “Supetramp” Mccandless no recente filme Into the Wild (Na Natureza Selvagem)
A felicidade só é real se for comparilhada.
Agora uma outra face ainda da liberdade e dos blogs... Tem muito blog por aí em que as pessoas ficam falando sobre como tais e tais pessoas deviam agir assim ou assado. São discursos de pessoas querendo tirar a liberdade das outras!... Talvez a facilidade de publicação em larga escala possa iludir alguns, fazendo-os achar que é fácil mudar o mundo simplesmente falando o que todos deviam ou não fazer...
Eu só queria complementar: Blog é liberdade sim, da mesma forma como tudo envolvendo computadores... Eu sempre digo, “em informática pode tudo.”. Mas acima dos blogs tem as pessoas lendo e escrevendo eles, e em geral elas são umas chatas!! :)
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