ATUALIZAÇÃO:
Quando me mandaram o abaixo-assinado do Sérgio, entendi que era outro assunto. Mas não, a lei que foi votada é aquela da tipifação de crimes eletrônico. Quanto a este assunto, eu não podia me importar menos, é papo de juiz e advogado, falar "ah, cirano vai pegar x anos na cadeia, mas se o crime tiver sido cometido enquanto ele plantava bananeira, vai ser mais um ano"... Assunto compeltamente estéril, ridículo.
Quanto a esse assunto, minha crítica é um pouco semelhante à do outro, na verdade. Acho que as coisas deveriam permanecer o mais próximas o possível das legislações existentes. Acaso não há leis quanto ao porte de pornografia infantil em formatos que não eletrônicos? O que se deveria fazer no máximo é qualificar os crimes, e não criar crimes específicos... (mas eu não entendo desse assunto, de repente é até bem por aí que já estão andando)
A questão é que não devemos sair por aí falando em "crimes eletrônicos". Todos os alegados crimes eletrônicos são na verdade os memos velhos crimes de sempre, só muda o meio. Golpistas são golpistas, sabotadores são sabotadores...
Essa coisa de proibir "invasão de rede", por exemplo... Ora, o crime de fato, a ação preocupante é a espionagem industrial, por exemplo. Que que tem o cara entrar numa máquina/rede e dar um "dir"??...
O lance é que as pessoas e empresas são incompetentes na proteção de seus equipamentos, e vivem se assustando ao se encontrarem com gente que conhece estes equipamentos melhor do que elas, e aí querem dar porrada ao invés de fazer o certo: aprender a fazer as coisas direito. É basicamente uma caça às bruxas: condenação à morte de pessoas que realizam prodígios "mágicos". Tão querendo condenar não simplesmente as pessoas que cometem crimes (fraudes, roubo, espeionagem), mas as pessoas que tem capacidade técnica superior, só por isso.
Um cara entra na sua casa, abre seu cofre, e deixa um bilhetinho: "hahaha", você não pode condenar ele por roubo, né?... Tem lá a invasão do imóvel, OK, mas fora isso, porque que abrir o cofre e fechar de novo é crime?
As pessoas querem poder ter um cofrinho vagabundo, uma caixinha amarrada com barbante, e simplesmente falar "olha, é proibido abrir, é tabu". Isso é ridículo, se seus dados e objetos são precisosos, tem é que guardar direito, e não ficar ameaçando dar porrrada em que olhar / pegar.
Talvez a questão da criação e distribuição de virus de computador possa sim receber essa atenção especial, mas junto a ela eu gostaria de ver a tipificação do crime de uma companhia grande lançar uma porcaria dum sistema operacional cheia de furos. Isso que é o crime maior, condenar a população e esta situação ridícula...
Quer dizer, a porcaria do Outlook tem um dispositivo de sair abrindo arquivos sozinhos e executando eles, o que pode facilmetne ser explorado pra criar worms, e se alguém faz um a culpa pela bagunça causada é dele, e não do criador do aplicativo? Imagina que uma fábrica tem um carro que se vc der um peteleco num ponto específico, de fácil acesso, ele desmonta todo... O carro não é robusto, mas os petelecador é que é o culpado pelos danos eventuais? Não senhor...
É a questão do vizinho que querendo ou não querendo, monipoliza seu roteador wi-fi ruim. O roteador é uma porcaria, mas a culpa é do Azureus do cara? Não, a culpa é da D-Link, Cisco ou sei lá quem for. Culpa dessa porcaria dessas empresas que não oferecem pra gente tecnologia de ponta, que não oferece IPv6, não oferece QoS flexível.
Enfim, aí vai o post inicial, sobre a polêmica que realemnte importa: da tentativa de "burocratizar" os protocolos da Internet, exigir identificação em cybercafés etc.
***
Nas discussões sobre o projeto de lei do senador Eduardo Azeredo relativo à Internet estão todos errados (menos eu, claro). Se todos estudassem um pouco mais de engenharia, se soubessem um pouco melhor como as coisas funcionam, poderíamos mudar a briga pra uma outra muito mais importante: a da sociedade contra as empresas fornecedoras de acesso à Internet (ISPs).
Me mandaram agora o link pra petição do Sérgio Amadeu:
http://new.petitiononline.com/veto2008/petition.html
Eu recomendo que ninguém assine. Mas que fique claro: sou absolutamente contra o projeto de lei também.
O projeto basicamente exige a criação de um protocolo "complementar" a funcionar junto de qualquer conexão TCP/IP. Este protocolo realizaria identificação de usuários, e ajudaria a controlar acesso a conteúdos.
A idéia é questionável por vários motivos, mas o maior deles é que é tecnicamente infeliz. Querer mexer no funcionamento dos protocolos é uma piada de mau gosto. Que diriam os caciques do IETF ao ouvirem estas propostas?
O projeto no entanto parte de uma necessidade real, cuja melhor solução se alia a um desejo meu... A necessidade é identificar usuários para perseguir aqueles infratores de leis relativo ao tráfego de certos conteúdos (se eu sou a favor ou não dessas leis _não importa_). A solução, é acabar com o NAT.
Sim, porque a única dificuldade que existe é o NAT. NAT, pra que não sabe, é um esquema que funciona igualzinho PABX com telefones. Ele atrapalha pelo mesmo motivo que PABX atrapalha descobrir que funcionário de uma empresa fez alguma ligação (por exemplo, não aparece o número no seu bina, certo?)
A Internet era pra ser igualzinho a rede telefônica: cada um tem um número pessoal, que pode originar e receber chamadas. Mas devido à infelicidade da versão 4 do protocolo IP ter só 32 bits de endereço, começou a faltar número, então esse PABX se fez necessário. Não dá pra facilmente aumentar o número de dígitos, que nem se faz em linha telefônica. Resultado, em nossas casas e empresas somos freqüentemente ligados num grande PABXzão, sem a gente se dar conta...
Essa praga de NAT é o principal impedimento hoje em pessoas terem servidores dos mais diversos serviços em sua casa. Não fosse o NAT, poderíamos receber e-mail em nossas casas, direto, igual caixa de correio mesmo. Poderíamos fazer ligações de telefone através da Internet, sem precisar de redes como o Skype. Poderíamos hospedar websites...
O Sérgio Amadeu e colegas se dizem preocupados com isso, mas deviam estar lutando antes de mais nada por essa terrível tirania que é o NAT. Deus meu, o NAT impede até as pessoas de jogarem JOGUINHOS direito. O NAT torna dificílimo possuir um servidor de qualquer serviço que seja, por exemplo, um servidor para distribuir software livre, ou vídeo livre, ou o que for.
Entretanto, existe esse empecílio dele na identificação de usuários realizando atividades potencialmente criminosas, existe essa certa anonimidade oferecida...
...Só que é uma anonimidade burra, mal-feita, infeliz. Tecnicamente tosca. As pessoas preocupadas com anonimidade tem que procurar ferramentas adequadas, tem que lutar pelo uso de bons protocolos que rodem sobre o TCP/IP, e que permitam a anonimização. Tem que aprender a usar criptografia, e tem que aprender a utilizar técnicas tradicionais para evitar rastreamento. Por exemplo, tem que aprender a fazer retransmissões de conexões, os famosos "proxies".
Proxies já são utilizados em redes telefônicas a muito tempo. Inclusive isso aparece muito em filme de detetive. O único motivo porque fazer proxy é difícil na Internet, é o NAT.
O projeto do senador Azeredo, se não me engano, também tenta tornar ilegal fazer um proxy TCP/IP. Isso aí eu considero um absurdo muitíssimo maior, o verdadeiro escândalo nesse projeto, mas eles quase não se pronunciam quanto a isso...
Havendo uma verdadeira disponibilidade da tecnologia TCP/IP aos cidadãos, com endereços reais ao invés de NAT, fica fácil montar redes de proxies com conexões encriptadas, tornando quase impossível para qualquer investigador fazer um rastreamento das conexões. Lutar pela manutenção do NAT por causa do anonimato indireto e tosco que ele oferece é um no-brainer.
NAT é um inferno, uma gambiarra tosca que só serve pra encoleirar os usuários. NAT impede todo esse uso bonito da Internet que o Sérgio Amadeu diz proteger. NAT é uma grande dificuldade para o uso de P2P, por exemplo. Dizer que é a favor de P2P e de NAT ao mesmo tempo é um paradoxo, é um contra-senso absoluto e imperdoável.
Pintar as ISPs como "parceiros" dos seus usuários, protegendo dados de anonimato, é no mínimo risível. O governo tem todo o direito de querer monitorar ligações, como já acontece com o telefone e sei lá mais o que. Eles só não pode é tentar proibir criptografia. Poder pode, mas não vai conseguir. Quem se preocupa tem que ir é nessa direção. A gente tem é que ficar independente das ISPs, e não confiar nelas a nossa segurança. Não tem que confiar é em ninguém, só na sua pessoal rede de proxies e canais encriptados... E o o fim do NAT vai permitir que esse tipo de tecnologia seja utilizada direito.
O que precisamos é lutar pelo IPv6, cuja principal característica é o maior número de bits de endereçamento, acabando com essa desculpa para que as ISPs e o governo nos controle com NAT. O governo, o Sérgio Amadeu e eu temos que nos unir e lutar pelo IPv6. As ISPs no mundo inteiro não querem o IPv6 porque, além de ser mais confortável ficar no NAT, não querem trocar equipamento, não querem atualizar nada.
As ISPs precisam de um belo chute no traseiro. Se depender deles, ficam par sempre oferecendo um serviço ruim, a um preço alto. IPv6 vai praticamente obrigar as ISPs a trabalharem mais, a oferecerem serviço de mais qualidade. Vai ajudar o governo a rastrear quem eles querem tentar rastrear, e vai ajudar os que buscam anonimidade a obtê-la. E o mais importante, vai permitir entrarmos no grande tópico do futuro da Internet: prover QoS. Quero saber de QoS, essa conversa toda que rola hoje é coisa do século passado, senão do retrazado.
Tão todos errados, olhando pra trás. Tá querendo ver a Internet como jornal, como rádio, como carta... Ela é no mínimo como a rede telefônica, legislações sobre a Internet deviam andar casadas com legislações sobre a rede telefônica.
Mas é claro que a Internet é ainda mais do que isso. Mas pra começarmos a ver as peculiaridades da Internet temos primeiro que enxergar ela como analogia da rede de telefonia, e nem o Azeredo nem o Sérgio Amadeu parecem ter chegado nesse nível de entendimento ainda...
Eduardo: Por acaso a cada ligação telefônica que você faz você tem que sair falando seu CPF por aí? Se você liga prum disk piada, ou pede uma pizza, vc sai se identificando? Não, né? Você só fala "alô", e pode até pedir pizza no nome de outras pessoas, uma piada de mau-gosto que não deixa de ser clássica (e que pode ser evitada, a propósito, com esquemas de identificação criados pela própria pizzaria, sem que o governo interfira). Então a regulamentação é um absurdo. Por acaso você deixa CPF quando liga de orelhão? Não. Então libera o acesso não-identificado nos cyber-cafés.
Por outro lado, Sérgio, você acha que o governo deve ser tipo fundamentalmente impedido de rastrear, dentro de um sistema telefônico interno de uma empresa, quem anda fazendo algum tipo de ligação ilegal? Não né? Tudo bem que deve ter um processo específico pra isso, diferente de rastrear uma ligação de uma linha pessoal, mas uma empresa não é tipo um bastião do anonimato dos seus funcionários, que estão ligando de baixo dos PABXs delas. O PABX é só um inconveniente pro processo de rastreamento e escuta, e a empresa só um inconveniente legal, mas facilmente superável. Tenho certeza que nenhum juiz jamais consideraria o PABX uma barreira intransponível, uma espécie peculiar de direito a anonimato inalienável... Não senhor, tem que ser igualzinho qualquer outro telefone por aí. Quem quiser se proteger ao realizar ligações tem é que procurar formas boas pra fazer isso, e não contar com este empecílio técnico criado pelo PABX. Isso é se agarrar num toco de madeira no meio do mar, chamá-lo de seu navio, e querer dar nome, sei lá...
O que mais me dá raiva, em geral, é a proposta de tornar as coisas fundamentalmente diferente do que ocorre na telefonia. Tem que ser igual primeiro. Os mesmos princípios tem que ser aplicados coerentemente nestas duas ferramentas de comunicação, antes de mais nada. Os problemas de anonimato já existem lá a muito tempo, e ajustiça já lida com eles desde então. Precisamos resgatar o que já existe, ao invés de querer dar o golpinho, a rasteirinha de tentar mudar as regras gerais do jogo porque ainda não falaram explicitamente que é pra ser parecido nos dois mundos. Cada um querendo aproveitar a chancezinha pra cravar o seu pontinho, pra fazer valer sua opiniãozinha num assunto que é apenas superficialmennte novo, e a sociedade perplexa, sem entender de onde vem toda a fúria dos dois lados, quando na verdade não tem nada de novo em toda essa história.
O que tem de novo é a facilidade em dar mais tecnologia ao povo, e nenhum dos dois lados me parece realmente estar lutando em nome disso, não enquanto a discussão não for a respeito do fim do NAT, e do oferecimento do serviço de acesso baseado estritamente em venda QoS em conexões TCP/IP, sem considerações sobre os conteúdos transmitidos.
Quantos engenheiros eletricistas (de computação ou teleco) participaram desse debate todo? Te digo: nenhum. Quer dizer, tem pelo menos eu, mas ninguém me escuta, então estou oficialmente fora do debate... O Azeredo é engenheiro, mas mecânico. Ele de fato trabalhou muito com informática na vida, e fez uma porção de trabalhos muito bacanas envolvendo a aplicação dela no governo, ajudando a população. Mas não creio que teve a oportunidade de jamais estudar aprofundadamente o funcionamento da Internet. O Sérgio Amadeu e os outros dois signatários daquele abaixo assinado ali são todos "de humanas", por mais que conheçam informática, como o Azeredo. Por mim, é o sujo falando do maltrapilho. Cresçam.
2008/07/14
Todos errados na polêmica da Internet
2008/07/10
Just works
Estava aqui com uma imagem de um CD feita não sei como, e queria montar no meu sistema usando o velho macete:
mount-o loop
Pra quem não sabe, no Linux vc consegue montar imagens numa boa, não precisa de nenhum aplicativo mágico especial não. Esse programa "mount", é exatamente o mesmo que monta qualquer outro dispositivo no sistema, incluindo seus HDs.
O arquivo da imagem tinha a extensão "iso", mas não funcionou. Resolvi dar uma olhada com hexdump pra ver obtinha alguma luz. Não é nenhuma genialidade minha não, é que às vezes tem uns headers óbvios no começo de arquivos. Por exemplo, em arquivos PNG temos:
00000000 89 50 4e 47 0d 0a 1a 0a 00 00 00 0d 49 48 44 52 |.PNG........IHDR|
00000010 00 00 04 5a 00 00 03 20 08 02 00 00 00 9c 42 91 |...Z... ......B.|
00000020 ed 00 00 00 09 70 48 59 73 00 00 0b 13 00 00 0b |í....pHYs.......|
00000030 13 01 00 9a 9c 18 00 00 00 07 74 49 4d 45 07 d7 |..........tIME.×|
Já nos PDF:
00000000 25 50 44 46 2d 31 2e 33 0d 25 e2 e3 cf d3 0d 0a |%PDF-1.3.%âãÏÓ..|
00000010 36 38 31 20 30 20 6f 62 6a 0d 3c 3c 20 0d 2f 4c |681 0 obj.<< ./L|
00000020 69 6e 65 61 72 69 7a 65 64 20 31 20 0d 2f 4f 20 |inearized 1 ./O |
00000030 36 38 33 20 0d 2f 48 20 5b 20 31 31 31 30 20 31 |683 ./H [ 1110 1|
Perceberam? É óbvio, tem um textinho escrito... Queria ver se tinha algo assim, mas não tinha não, o que tinha era isso:
0000000 ff00 ffff ffff ffff ffff 00ff 0200 0200
0000010 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000
*
0000930 ff00 ffff ffff ffff ffff 00ff 0200 0201
0000940 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000
*
0001260 ff00 ffff ffff ffff ffff 00ff 0200 0202
0001270 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000
*
0001b90 ff00 ffff ffff ffff ffff 00ff 0200 0203
0001ba0 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000
*
(...)
*
00089d0 ff00 ffff ffff ffff ffff 00ff 0200 0215
00089e0 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000
*
0009300 ff00 ffff ffff ffff ffff 00ff 0200 0216
0009310 0000 0009 0000 0009 4301 3044 3130 0001
0009320 4443 522d 4f54 2053 4443 422d 4952 4744
(...)
0009c20 ebc1 1b7c 9558 31ab 976b 5c00 dcf6 0019
0009c30 ff00 ffff ffff ffff ffff 00ff 0200 0217
0009c40 0000 0009 0000 0009 4302 3044 3130 0001
0009c50 4443 522d 4f54 2053 4443 422d 4952 4744
(...)
000a550 02dd bee4 634a 8e1a fa7c fbaf 9560 b68b
000a560 ff00 ffff ffff ffff ffff 00ff 0200 0218
000a570 0000 0009 0000 0009 43ff 3044 3130 0001
000a580 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000
*
Comparei com uma imagem ISO criada por mim mesmo (com genisofs), e não apareceu nada assim...
O que vemos neste arquivo são blocos de 2352 bytes (0x930), com um header de 16 bytes que é um monte de "ff", e um número seqüencial. Achei que tinha cara de algo mais "cru" do que o tal formato iso9660... Talvez fosse o famoso par de arquivos "cue/bin", mas sem o cue acompanhando? Infelizmente não me lembrava de cor do tamanho de um quadro de CD pra saber se era.
Busquei no google, "2352 bytes", já que era um número tão incomum (nada como "2048 bytes", por exemplo), e de fato achei vários sites falando sobre imagens de CD e formatos de CD... Um cara reclamava por exemplo que estava criando uma imagem e ela estava com 2352 bytes a menos do que devia...
No final das contas achei enfim alguém comentando que havia mesmo a possibilidade de se encontrar por aí imagens "bin" sem o "cue", e que tinha que usar um programinha macete pra criar o cue, tipo um tal bin2cue.
Resolvi tentar, porque era a única coisa que faltava. Já tinha inclusive tentado antes converter como se fosse um tal formato ccd.
Mas aí dessa vez procurei no apt por outros programas que pudessem fazer o serviço. E aí apareceram:
cyberon:/home/nwerneck# apt-cache search bin iso cd
bchunk - CD image format conversion from bin/cue to iso/cdr
iat - Converts many CD-ROM image formats to iso9660
mybashburn - Burn data and create songs with interactive dialog box
texlive-latex-extra - TeX Live: LaTeX supplementary packages
arson - KDE frontend for burning CDs
Uau! Peguei o tal iat, rodei, e tchanãnãnã!... Funcionou com perfeição.
Da próxima vez que tiver um mistério desses, é claro, vou tentar antes rodar direto o tal iat, mas vou perder a oportunidade de relembrar que quadros de CD tem 2532 bytes... (Não lembro porquê esse número, vou pesquisar.)
Achei essa história toda um belo exemplo de como ser um pouquinho hacker (não ter medo ou vergonha de brincar com o hexdump), e usar o apt, você pode resolver seus problemas... Do hexdump descobri que o arquivo era um conjunto de pacotes de um tamanho característico de CDs, me confirmando que devia ser mesmo alguma imagem, e mais do que isso, uma imagem "crua", nada muito sofisticado. Isso me deu segurança pra seguir em frente, me garantiu que não era um pau do bittorrent, por exemplo, ou que fosse um arquivo compactado de alguma forma estranha, ou encriptado. Aí no APT descobri um programa excelente pra converter o arquivo, que não vi mencionado em blog nenhum, mas estou mencionando aqui no meu agora.
É isso aí. Usando linux, hexdump, google, apt e o iat, e dando um mount -t iso9660 -o loop, tudo "just works", igual as pessoas acham que apenas certas plataformas alternativas oferecem...
O quão fácil é descobrir o formato de um arquivo no wimdoms, descobrir um programa pra converter ele (tem apt-cache search??) e depois montar? O wirduws só "detecta" coisas manjadas, que ele consiga desenhar o iconezinho, coisas "cadastradas" no sistema... Detecção de formatos é apenas um instrumento de barganha capitalista pra micozofrt, e aliás, freqüentemente a detecção é realizada com base na EXTENSÃO DO NOME DO ARQUIVO, que diga-se de passagem, estava precisamente errada nessa instância.
Me pergunto que não estava assim pra que na máquina de alguém o winpouf "detectasse" que era pra chamar algum programa fodão de montar imagens, e aí esse programa que descobre que não era iso na verdade, e sim outro... É ridículo, um arquivo chamado com um nome errado pras coisas funcionarem redondo. Isso que é "just works"?
No Debian as funcionalidades de procurar programas e montar CD são praticamente "nativas"...
2008/07/03
Raiva sistemática
Você sabe que tá virando um velho chato porque ainda acha doido demais ouvir uma música que contém o verso:
move into 92
Still in a room without a view
Know your enemy RATM
1992, cara! Isso faz quase 18 anos! Uma vida!... (Talvez meia vida, vai... Uma maioridade! As músicas do Rage atingiram a maioridade.)
As músicas do Rage Against the Machine continuam atuais, como as do Sepultura dos anos 80 tb continuam, falando sobre terrorismo e polítca e sei lá. Mas o número, 92 ficou "passado", claro. O único número nas músicas do Rage que continua atual é o 9.
Said they pack the nine, they fire it at prime time
Bullet in the head RATM
Banho de Descarrego
Uma das bandas mais fodas do mundo deve ser o Discharge. Os caras tem um som muito louco, que influenciou várias pessoas, único, pesado e animadão ao mesmo tempo...
No mundo do punk rock existe uma certa briga, que existe em vários outros movimentos (contra-)culturais por aí. Por um lado tem pessoas que se preocupam só com a música, e em se divertir. Por outro tem as pessoas engajadas, preocupadas com discutir política e sei mais o que, preocupadas com as infames "mensagens" das músicas.
O Discharge deve ser um raro caso capaz de agradar a todos nesse sentido. Tava aqui agora ouvindo uma música que me chamou a atenção, "Death Dealers". Tem um baixão violento, solinho cretino, e a letra tem uma hora que o cara termina a frase dando um daqueles gritos incompreensíveis. Tem ainda a palavra "developing countries", o que me chamou muito a atenção por viver em um.
Fui então procurar a letra, e caí num desses sites cheio de anúncio. A letra é tão pequena (como é comum com o Discharge) que eu achei que fosse um texto de um anúncio, perdido ali no meio daquele monte de marketing. É legal porque é um assunto importante, mas abordado de maneira direta, curto e simples:
Britain among others deal in death when selling arms to developing countries
To developing countries they sell death
Where there is urgent need for medical programmes
Não tem o que discordar, debater. É isso aí, um hai-kai político. Não é discursinho, é a coisa real! E tem muito menos palavras do que gastei falando sobre a tal letra!
E a galera pogando.
***
E sobre os anúncios, recomendo Ignorance:
Propaganda On The T.V.
Propaganda In The News
To Keep U s All Divided
To Keep Us All In Line
Your Ignorance Is
Ignorance Is Their Bliss
Slaves By Your Own Compulsion
Puppets In A Playing Hand
Slaves By Your Own Compulsion
Puppets In A Playing Hand
2008/07/02
Difundindo Gauss
Comentário meu num blog aí.
É mesmo impressionante esse resultado: que a difusão do calor em um corpo ao longo do tempo pode ser calculada pela convolução da distribuição inicial por uma curva gaussiana. Quando você faz um "gaussian blur" numa imagem, você tá fazendo isso: simulando a difusão daqueles valores de intensidade de luz por toda imagem, como se fosse calor, ou algum perfume, coisas do tipo.
Eu achei tão doido quando estudei isso, que fiz um trabalho de Transporte de Massa simulando a difusão do calor emitido por um transistor sobre um dissipador. Tem até uma animação super bacana, quando encontrar eu coloco aqui...
Eu lembro que na época até pedi ajuda pra um professor da matemática, pra provar que era isso mesmo, mas nem lembro qual era minha dúvida exatamente... :)
Um dia na vida de um micreiro empolgado
Meu notebook HP (Compaq Presario V6210BR) teve um problema na placa de rede sem-fio. Funcionava muito bem, aí de repente começou a funcionar às vezes só, mas uma vez que ela ligava no boot, funcionava direto... Até que um dia parou de funcionar de vez.
Ontem resolvi acabar com o sofrimento, comprei uma dessas interfaces ("placa de rede") wi-fi que ligam via USB. Mas aí é a velha dúvida do usuário de Linux: será que funciona?
Normalmente é só ver o modelo e procurar na Internet pra saber se alguém já rodou. Mas é muito chato ficar indo na loja e na Internet toda hora, então muitas vezes a gente acaba é comprando às cegas mesmo. Comprei assim essa paradinha da D-Link, marca por que eu nutro uma certa simpatia. É tipo um pendrive grossão, com uma base pra ligar ele em pé e ficar parecendo o monolito do 2001.
Primeira tentativa de usar a parada: Liguei na minha máquina, bootei com meu kernel cotidiano, e ela apareceu bonitinho no lsusb. Faltava só tentar usar o ndiswrapper pra rodar o driver original do windows, igual eu fazia já com a finada placa antiga. Mas aí a decepção: eu uso um kernel para 64 bits (óbvio, estamos em 2008 e acho um absurdo pensar em usar coisas de 32 bits), mas o driver que veio é pra 32 bits, aí o ndiswrapper não consegue aproveitar o bicho. Tristeza total.
Aí veio o desafio: estava em casa já, sem conseguir consultar o oráculo internético pra me ajudar. Será que eu conseguia rodar um kernel de 32 bits e usar provisoriamente a paradinha?... Com minha instalação normal não tinha como, porque só estava lá meu kernel do dia-a-dia mesmo, e eu não tenho nem um CDzinho de instalação do debian (falha grave). A única possibilidade seria tentar rodar o knoppix (esse eu sempre tenho um), e tentar usar o ndiswrapper dentro dele.
Copiei os drivers pro meu HD, liguei o knoppix, e rodei o ndiswrapper. Funcionou! Rodei o wpa_supplicant com exatamente o mesmo arquivo de configuração que eu sempre usei, e funcionou também.
Agora era hora do dhcp, e pegar a prancha pra surfar. Qual o que... No knoppix não tem dhclient, único cliente de dhcp que já consegui usar direito; só tem o pump. Confirmando minha desconfiança, o pump não funcionou. Poisé. Só me restava tentar dar um jeito de executar o dhclient do Debian no meu HD. Tentei rodar o /sbin/dhcleint, mas é claro que não funcionou, porque era a versão 64bits... Tristeza: ou eu uso um kernel de 64 bits e rodo o dhclient, mas não o driver, ou rodo o kernel de 32 e rodo o driver, mas não o dhclient...
Mas havia uma última esperança. Acontece que eu tenho um sisteminha chroot na minha máquina, que uso pra rodar coisas chatas como o flash e o acrobat reader. E se por um acaso tivesse um dhclient lá dentro?... Fui conferir, e não é que tinha?? Rodei, de um errinho, e entendi que era só copiar os programas /mnt/sda6/32root/sbin/dh* pro /sbin do knoppix... Rodei de novo o dhcleint na árvore do knoppix, e tcha-nã!... Funcionou!!!...
Agora eu já tinha um procedimento pra entrar na Internet a hora que eu quisesse... Uma seqüência de passinhos me permitindo ler e-mails, entrar no google talk e fazer downloads de drivers e pacotes, que maravilha.
Então pesquisei sobre a minha paradinha D-Link wi-fi/usb DWA-110. Achei vários sites falando sobre usar o ndiswrapper, e alguns até indicavam que seria possível baixar um certo driver 64bits que funcionaria. Acontece que o DWA-110 é baseado num tal chip rt73, que parece ser bastante popular, e um driver de windows pra ele faria o serviço.
Ah! Achei ainda no site da D-Link um download de um driver pra Linux!... Eles não falar nada na caixa, mas no site tem. Só que eu peguei e me pareceu ser uma coisa tosca, que eu só tentaria usar em último caso (um lance não compatível com iwconfig, horrível!)
Acontece que é tão popular o tal rt73, que existe um projeto pra suportar estes dispositivos no Linux nativamente. Procurando, achei vários sites com diquinhas pra tentar usar esse driver...
Tentei baixar o fonte, compilar o módulo pro meu kernel, e nada... Tentei o cvs, tentei o fonte distribuído pelo Debian, e nada...
Aí veio a tentativa lógica: estava com o linux 2.6.22, mas já tinha um 2.6.25 disponibilizado, até com um pacotinho do módulo do rt73 compilado pra ele. Fui lá no knoppix, fiz aquela gambi toda, e downlodeei o pacote com a imagem do linux e com esse módulo. dpkg -i, reboota, e tchans! Funcionou!!
Um bom presságio já me havia indicado que tudo haveria de dar certo no final: Junto dos manuais maçantes e papeizinhos de advogado, na caixa da paradinha veio uma cópia impressa da GPL.
Nisso já consegui ler e-mails no mutt, conversar no freetalk e usar o museek. Mas só isso, no console, porque o X parou de funcionar... Fui dormir já bastante satisfeito.
De manhã compilei o driver oficial da nvidia usando o pacote oficial do Debian. "m-a a-i nvidia", e pronto, que beleza... Depois foi só atualizar o pacote nvidia-glx e correr pro abraço, relatando-lhes essa história através do iceweasel 3.
***
Notem que usei só console pra isso tudo, sem contar o browser na hora de pesquisar as coisas. E mais ainda, que em todo o processo eu fui tendo idéias de coisas pra tentar fazer, e fui sendo eventualmente recompensado com pequenos sucessos. Achei atalhos, fiz gambiarras, descobri caminhos alternativos... E no fim deu certo. Comprei um dispositivo com inúmeros selinhos "aprovado para uso com windows vista" e outras baboseiras, com o vendedor me dizendo que não podia me garantir se funcionaria com Linux ou não, que ele não tinha idéia e que isso era problema meu, mas de noite botei o bicho pra funcionar.
É isso que eu sentia falta no windows. Poder usar meus conhecimentos e poderes hacker pra encaixar as coisas no lugar com durex, e conseguir um sistema minimamente funcional pra então deixar ele mais sólido na base de um apt-get da vida. Meu lema em informática é "pode tudo". O que eu mais gosto de fazer na vida é ver um conjunto de dispositivos, ter um sentimento de "uai, deve ser possível fazer isso aqui... Deve ter um jeito de fazer isso", tentar descobrir como, e conseguir.
Chegou um momento na história do windows em que isso tudo ficou impossível... Se as coisas param de funcionar, vc fica apertando botãozinho de orelha escondida de menu bizarro, ou sei lá, tentando editar o infame "registro". Por mais que você tente escovar bit, não recompensa. Ser engenheiro e usar windows não recompensa mais... No Linux não, esse tipo de piração, essa manobras administrativas detetivescas, elas recompensam. Você não fica com a ilusão de que não adianta porcaria nenhuma ter lido zilhões de livros sobre computação, não, o estudo vale a pena pra quem usa Linux...
Recapitulando: no final das contas tudo se resumiu a instalar pacotes do Debian, eventualmente contruíndo-os com o module-assistant. Difícil foi descobrir, mas agora eu posso simplesmente ensinar pros outros, como estou fazendo agora. Se algum amigo meu que usa Linux no notebook quiser comprar um DWA-110, posso falar pra ele rodar:
apt-get install linux-image-2.6.25-2-amd64 rt73-modules-2.6.25-2-amd64
E a placa de rede vai (deve) funcionar igual sua placa anterior já funcionava. Aí é só atualizar também o driver da nvidia (isso se for o caso):
m-a update
m-a auto-install nvidia
Essas 3 linhas de comando fazem o serviço. Isso é "difícil"?? Acho muito mais fácil do que aqueles maçantes tutoriais ensinando a fazer coisas no windows, em que gastam-se páginas e mais páginas imprimindo screenshots de janelinhas, com textos tentando em vão descrever de forma concisa o que deve ser feito "cliquem em yadayada/zubalula/bliblibli, depois clique em xxy, depois selecione o lalala na combo box (nota: clique na setinha da combo box para que as opções apareçam, e a selecione com o mouse, ou talvez com o teclado (nota: talvez demore um pouco para aparecer as opções, porque o sistema tem que ler todas, e ainda tem o efeito de fade-in...) )".
Esses manuais de windows são terríveis, gastam inúmeras páginas e figuras e imagens com algo que deveria ser reduzido a uma simples operação.
Em administração de sistemas aquela história de que uma imagem vale mil palavras é o contrário... No windows gastam-se mil imagens (todas janelinhas ícones e botões) para se configurar sistemas, o que é melhor realizado com arquivos texto pequenos e comandos simples.
As pessoas não querem chegar no dia da interface falada? Não querem poder ligar o computador, e pedir, como na música dos Mutantes: "computador me responde"?... O que está mais próximo disso, a interface de linha-de-comando, onde se enunciam frases de uma forma dialética, ou aquelas milhares de janelinhas que são como quebra-cabeças, charadas a serem decifradas, testes de QI?
Essas janelinhas do mundo windows são como testes de QI, ou talvez aqueles brinquedinhos de criança em que tem os buracos de um formato e vc tem que encaixar as pecinhas no lugar certo... Adultos não brincam com isso, eles preferem conversar. Preferem estudar o que tem que ser dito, e então dizer. Fazem as coisas porque concordam que é a forma de ser feita, e não porque tem uma coleira ou cerca os obrigando a ir nesa ou aquela direção (janelinhas que te obrigam a apertar o botão certo, etc...)
Os programadores de interfaces gráficas chamam essas janelinhas deles de "diálogos", mas o quão dialética elas realmente são?
2008/06/30
Objetivando Einstein
Nada marcou mais a cultura estadunidense do século XX, e de tabela a nossa, do que aquele alemão chamado Albert, e aquele austríaco chamado Adolf. Ambos são hoje símbolos marcantes que significam para as pessoas mais do que qualquer simples pessoa pode significar para alguém.
Estes dois ícones foram e estão sendo continuamente sobrecarregados de significado, estão sempre portanto contribuindo para que ocorram conversas altamente subjetivas, extremamente livres a interpretações. Quanto mais diferentes pessoas atribuem significado a estes dois aí, mais o que se fala sobre eles fica ausente de significado, devido ao desacordo e subjetividade.
Por exemplo, imagine quando numa conversa qualquer alguém sugere que uma certa ação apoiada por alguém também teria sido apoiada por Hitler. Isto basta para acalorar a discussão e para que pessoas se sintam ofendidas, apesar de que ninguém tem muita certeza do que é que realmente se está falando.
O mesmo acontece com Einstein, mas com ele é um pouco diferente porque ele é geralmente visto como um cara legal, então ninguém se ofende, mas apenas se sente elogiado. As discussões evocando a figura de Einstein ficam acaloradas menos porque os comparados a ele fiquem ofendidos --- ficam é lisonjeados e se sentindo não-merecedores, enquanto os não-comparados ficam com inveja.
Einstein é então esse ícone que ninguém sabe bem o que significa, é uma lenda, um símbolo que ultrapassou a muito a pessoa. Eu já não gosto dessas coisas com qualquer personalidade, com mas com ele é pior porque se trata de um cientista, e eu desejaria que cientistas fossem menos suscetíveis a esse tipo de irracionalidade.
Senti que há um pouco dessa visão subjetiva e pouco científica de Einstein no artigo "Avaliação objetiva (?) da pesquisa", de Marcelo Viana, que li no jornalzinho da SBPC. Lá o autor pergunta se Einstein receberia financiamento do CNPq, e como leitor senti que seria uma forma de crítica ao sistema, em cujos critérios o genial cientista não se enquadraria em certo momento de sua vida.
Aí eu pergunto, qual exatamente é esse critério, e qual seria algum critério ou apenas "justificativa subjetiva" que daria a Eisntein a parte que lhe caberia deste latifúndio?
Sinto que o artigo se baseia um pouco numa idéia de que Einstein mereceria rios de dinheiro em toda sua vida. Não creio que isto seja certo.
A obra-prima de Einstein, um trabalho que um governo gostaria de ter financiado, foi um conjunto de artigos que ele publicou em meados de 1905 enquanto ele trabalhava em um escritório de patentes. Depois dessa época (quero dizer, BEM depois, mais de 10 anos depois), ele pode ter continuado um cientista bacana, uma pessoa inteligente brilhante e dado bons palpites em um problema ou outro, mas não fez mais nada tão "mirabilis" quanto aqueles artigos ali.
Depois de vencer seu Nobel em 1921, Einstein eventualmente se mudou para os EUA, onde trabalhou em Princeton vivendo mais como um meio-aposentado bacana do que como um cientista em busca de realizar (ainda mais) grandes coisas. Teve pouquíssimos orientados (se algum), publicou pouquíssimos artigos e livros. Porque haveria o CNPq de sua época e local se preocupar em beneficiá-lo com grandes verbas para pesquisa?
(nota: talvez um critério mais sofisticado mostre que os poucos artigos de Eisntein tenham sido muito citados, ao longo de toda sua vida. Gostaria de ver os números.)
E quanto aos físicos experimentais que comprovaram suas teorias todas? Cada um daqueles artigos ali deu origem a coisas como um ou dois experimentos cruciais, históricos no desenvolvimento da física. Uma vez que Einstein fez seu trabalho, o CNPq correlato deveria se preocupar é com financiar esses experimentos, e não mais o Einstein (a não ser que eles indicasse que haveriam mais mirabilis pra tirar da cartola). Tem que financiar os testes de efeito foto-elétrico, movimento browniano, lentes gravitacionais, interferômetros e raios LASER da vida. E até onde eu sei Einstein não importou muito em liderar ou participar ativamente destes experimentos. Porque deveria então o CNPq conferir a Einstein a verba que deveria ser destinada a estes experimento, se não seria ele o cientista a finalmente pegar no facão pra cortar o mato e desbravar definitivamente estas novas searas?
Não. Einstein não teria porque receber grandes volumes de financiamento no período mais tardio de sua carreira (leia-se: depois de 1905, seus últimos 50 anos de vida). Se os critérios do CNPq hoje são tais que isso ocorreria, então eu apóio eles. (A não ser que estejamos falando simplesmente de manter um professor emérito numa universidade, batendo papos cabeça com Gödel, isto ambos sem dúvida mereciam.)
Devemos sempre buscar evitar dar financiamento a cientistas apenas porque eles fizeram trabalhos notáveis no passado, que eventualmente os tenham dotado de prêmios suecos, finlandeses ou o que seja. Não digo que se um cientista ganhou, ele não deve mais ser financiado, não é isso... Temos que evitar a politicagem, dar pouca chance às panelinhas e tomadas de poder.
Querer dar dinheiro pra Einstein em 1930 por causa de seu trabalho de 1905, e porque ele é super legal, é politicagem. É beneficiar seus amigos e ídolos porque o são, ao invés de fazer uma avaliação fria de onde o dinheiro seria melhor aplicado. É escancarar os portões à fisiologia.
Aposto que Einstein ficaria feliz em repassar qualquer verba (ou boa parte) que ele recebesse do CNPq para outros cientistas que ele sentisse que fariam melhor uso dela. Mais do que isso, aposto que ele ficaria feliz se um ou dois amigos dele o ajudassem a tomar a decisão de pra onde ele mandaria esse dinheiro.
É meio infeliz pegar Einstein como exemplo de cientista que não teria recebido um dinheiro que mereceria. Não sei se Einstein recebeu alguma verba especial da NSF durante sua estadia em Princeton, por exemplo, e o CNPq não estaria replicando este acontecimento. Um melhor exemplo de cientista teórico que não recebeu dinheiro e reconhecimento quando merecia, foi Boltzmann. E este foi sim uma grande vítima de critérios de financiamento subjetivos. Esse foi um que deve ter deixado de ganhar alguns mangos porque o governo deve ter preferido financiar Poincaré ou qualquer amigo dele, do que simplesmente avaliar seu trabalho e dizer "puxa, tão metendo o malho, mas ele tá trabalhando, tá produzindo, vamos deixar mais um tempo pra ver se não é só uma cisma boba desses cientistas, ou se ele é mesmo um picareta." Não era.
Não entendam aqui alguma espécie de crítica minha a Poincaré. Adoro ele. Minha crítica é às pessoas que deixam brigas no mundo acadêmico afetarem tão drasticamente o destino de um homem. A gente tem que se preocupar menos em saber se o CNPq financiaria um Einstein ou um Poincaré tupiniquins contemporâneos, e mais se o CNPq deixaria de financiar um novo Boltzmann.
Agora falemos um pouco de cientistas experimentais que precisaram e mereceram financiamentos especialmente vultosos: Lord Rayleigh, Lord Kelvin, Rutheford, Thomson, Fermi, Faraday, Oswaldo Cruz, César Lattes. Temos que discutir também esse tipo de trabalho, e não falar apenas de Einstein. Isto é simplificar demais a questão. Esse tipo de pesquisa representa um gasto maior, e é mais difícil de alocar. Porque estamos então falando apenas do velho Albert??
E por aí vai.
2008/06/24
Artificial thoughts
Just to reprint a comment I left at this site.
I see the growing hatred towards AI as similar to the emergence of anti-evolution movements. Just as they feared being considered just another animal, people are just afraid of finding out that a "mere" computer, a bag-of-bits, can have "soul" or consciousness. They don't want to become "just another dynamical system". Its just like people that feared that a picture of them taken with a photographic camera was "stealing" his of her human essence somehow. Someday people will stop giving that much importance to things like free will and the idea of personality, and then we will finally start moving forward again.
2008/06/21
Sublimes seixos insólitos
ATUALIZAÇÃO (2008/06/23):
Graças à Wikipédia, fiquei conhecendo um site que tem informações detalhadas de propriedades termofísicas de diversos materiais, hospedado por um tal CHERICH, valeu pessoal!!
Agora podemos dar uma boa olhada no que acontece com o CO2 e com a Água no verão marciano, e na Terra. Vejam só o belo gráfico que fiz no gnuplot.
Na Terra, a pressão atmosférica teria que ser umas mil vezes maior, ou a temperatura quase 100 graus mais baixa pra gente ter gelo seco naturalmente. Já a água aparece tanto sólida quanto líquida, chegando a gasosa quando as condições permitem.
Num típico dia de verão no norte de Marte temos temperaturas de -80 a -32 graus Celcius, e uma pressão de 8milibars, segundo nos disseram os diligentes Canadenses. Nessas condições o CO2 também é gasoso, e a água é sólida. A esta pressão, precisamos de uns 40 graus para que ocorra evaporação da água (talvez passando rapidamente pelo estado líquido). Restam algumas contas pra saber se a radiação solar poderia realmente causar isso. Quanto ao CO2, seria necessário atingirmos menos de 160K, ou -113C (33 graus abaixo do mínimo registrado) para que o CO2 se congelasse a esta pressão. Estas temperaturas talvez ocorram no inverno, mas não é o que se está registrando agora no verão. A radiação solar ainda deve dificultar mais ainda a formação desse gelo-seco, do mesmo jeito que causou a sublimação das pedrinhas de gelo-molhado trazidas à superfície.
É isso. Agora finalmente fiquei satisfeito. Os chatos que falaram antes que haveriam dúvidas sobre qualquer gelo encontrado, se seria ou não água, podem ir pro espaço, porque no verão é evidentemente muito difícil ter gelo de CO2. A dúvida que existe é sobre o que acontece ao longo do ano, e não sobre o que a Fênix encontraria. E os outros chatos que vieram depois achando graça de quem acreditou na imprensa e estava com dúvidas, mas sem mostrar os dados precisos, podem finalmente aprender o valor correto vendo meu gráfico lindo ali. E você viu pela primeira vez aqui no Philogroky, tá!...
(OBS1: Estou me referindo aos chatos no Slashdot que divulgaram uma temperatura errada para a fusão do CO2 a 800Pa. Eles deram -107F ao invés de -171F, sendo que o mínimo de -80 é justamente -112, abaixo desses supostos -109F. Não bastasse esse erro absurdo, ainda usaram essa unidade de medida obsoleta. Tem ainda os chatos que me responderam malcriadamente no digg sem apontar referências para os valores relevantes... Sair repetindo o que o press release da NASA anunciou não é ciência.)
(OBS2: Note no gráfico que no caso da Terra eu plotei mais ou menos as temperaturas que encontramos na superfície toda e ao longo do ano. Já em Marte estamos falando de uma variação um único dia de verão!)
POST INICIAL:
Está sendo noticiado pra todo lado a descoberta de "gelo" em Marte, pela sonda Fênix. Estou estupefato com a superficialidade das notícias, e com o desperdício da chance de usar a descoberta pra propor exercícios de física básica.
Faz poucas semanas, logo quando a sonda chegou, ouviu-se falar muito que era sabido que Marte possui tanto grandes quantidades de CO2 quanto de H2O (água :P) na atmosfera. A grande pergunta que se iria responder era a exata proporção entre as duas substâncias no gelo que se forma nos pólos do planeta.
Já se sabe algo a respeito da formação de gelo nos pólos de Marte. Sabemos inclusive algumas coisas interessantes. Por exemplo: a atmosfera lá é tão escassa que o congelamento de gases nos pólos ao longo do ano chega a fazer a pressão atingir um terço do valor médio.
Mas existem muitos detalhes que ainda precisam ser estudados, e a sonda está lá pra isso. Só que as únicas notícias que as pessoas querem ouvir é sobre a existência de vida me Marte, principalmente por causa de implicações da descoberta nas religiões estadunidenses.
A pior confusão que surge é quando se fala em "gelo" sem deixar claro se é "gelo" de água ou "gelo" de CO2 (ou do que for). Ora bolas, "gelo" é apenas uma certa substância em estado sólido. A questão toda é que queremos ignorar as grandes quantidades de gelo-seco (de CO2) que se formam no pólo norte durante o inverno, e estudar o gelo de água... Que aliás, também pode ser "seco" naquelas condições ali. Aí a imprensa não quer "complicar", não quer "confundir" os pobres leitores que tem medinho de ler qualquer coisa que não seja uma bobagem desinformativa, e por exemplo ficam falando "gelo" usando o chamado common-sense dos leitores que deverão "saber do que estão falando", e inferir que deve se tratar de gelo de água.
Mas não aqui no Philogroky! Não senhor, aqui você vão ler a notícia inteira.
O que rolou foi que os operadores da Fênix fizeram uma escavação, e no fundinho do buraco que fizeram sobraram umas pedrinhas branquinhas brilhantes. Podia ser água no estado sólido, podia ser CO2 no estado sólido, podia ser quartzo, podia ser sal grosso que sobrou de algum churrasco marciano.
Só que quatro dias-marcianos depois, uma outra olhadela no buraco revelou que as tais pedrinhas haviam sumido!
Essa foto do "antes e depois" você encontra no APOD, ou no site da NASA. Eu fiz minha própria ampliação e deturpação de cores pra tentar deixar na escala natural, e ressaltar a "gelosidade" das pedrinhas
Mas aí então entra o problema... Como podemos saber se é gelo de água?
Quartzo, diamante ou sal de cozinha é difícil que seja, porque certamente seriam sólidos naquelas condições de temperatura e pressão. Pressão, aliás, é o mais importante ali: a atmosfera de Marte é coisa de 700Pa a 900Pa, enquanto a da Terra é bem maior, aproximadamente 101kPa. Então eliminando a hipótese bizarra de que alguma sorrateira ave marciana as tenha roubado, só pode ser que fosse alguma substância que se encontrava no estado sólido, e passou para o gasoso.
É preciso então sabermos a temperatura e pressão que faziam lá naqueles dias, e olhar alguma tabelinha com os pontos tríplices de diversos elementos para termos idéia do que poderia ser. Estas temperatura e pressão estão sendo informadas pelo pessoal do Canadá que projetou a estaçãoznha meteorológica que integra a sonda. Fiquei sabendo através dum FAQ da wired que tem lá na discussão no digg a respeito da foto do APOD... Legal saber; eu bem falei outro dia sobre como eu gostaria justamente de poder acompanhar esses dados!!... :) (Eu deixei um parzinho de comentários lá no digg.)
Os dados do período de interesse são:
Um bar são 100kPa, muito aproximadamente a própria pressão atmosférica terrestre. 8 milibars são portanto 800Pa, e -80C e -32C correspondem a 193K e 241K.
O ideal seria podermos olhar exatamente a curva dos pontos de mudança de estado de cada substância, mas dá pra ter uma idéia só pelo ponto tríplice... O ponto tríplice do gás carbônico / dióxido de carbono / CO2, é em 216K, 517kPa. Quer dizer que a temperatura estava bem na faixa de transição entre os estados sólido e gasoso, mas a pressão lá é bem baixa, muito abaixo desses 517kPa. Eu chutaria que a temperatura para a solidificação do CO2 nessa temperatura está bem acima dos 800Pa marcianos.
Já no caso da água, o ponto fica em 273K e 610Pa. Este valor baixo para a pressão explica a abundância de água líquida na Terra. No caso de Marte, temos uma pressão (800Pa) logo acima do necessário para a existência do estado líquido durante a transição. Se chutarmos uma relação linear, a temperatura de transição aos 800Pa deveria ser uns (273K/610Pa)*800Pa=358K. Quer dizer que estava frio o suficiente lá pra água estar sólida. O mesmo modelo chutado dá pro CO2 a temperatura de transição em (216K/517kPa)*800Pa=0.3K, bem baixinha.
(Claro que esse chute linear é pra lá de ruim. A temperatura de transição da água aos 100kPa é, como todos sabem bem, apenas uns 373K, e não (273K/610Pa)*100kPa=45kK. Mas acho que os valores reais não vai ser muito diferentes.)
Chegamos então à conclusão que nestas condições, é bem rasoável acreditar que não haja nenhum resquício de CO2 no estado sólido, mas que seria bem rasoável encontrar água neste estado. Deve ser então água mesmo. E toda aquela discussão de ter que diferencias CO2 de água não fa zo menor sentido, porque é pra lá de difícil achar CO2 sólido naquelas condições ali. Acredito até que fazia parte do plano, tanto que mandaram a sonda pra chegar lá justamente no verão, pra não ter CO2 congelado. Porque não ouvi falar isso, porque fizeram todo aquele suspense inicial?...
Uma consideração final que devemos fazer é sobre o derretimento. A temperatura máxima lá foi 241K (-32C), bem abaixo dos 358K (85C) que chutamos. Imagino entretanto que a radiação solar ali em cima seja bem mais intensa do que a que estamos acostumados aqui na Terra, justamente por causa da atmosfera fraquinha de Marte. Talvez a radiação direta tenha sido capaz de elevar a temperatura das pedrinhas o suficiente, mesmo com a atmosfera estando fria o bastante.
O resumo então é o seguinte: em pleno verão, é bastante difícil achar CO2 congelado no pólo norte de Marte. Já no caso da água é mais fácil, o que é indicado pela pressão do ponto tríplice dela, que é bem mais baixa (610Pa vs 517000Pa). A temperatura lá está baixa o suficiente para congelar a água, mas não o CO2. Só que a radiação solar é tão intensa, devido à atmosfera frquienha e ainda ao verão, que deve estar sendo capaz de derreter pedirnhas de gelo expostas diretamente a ela.
Se eu animar, tento estudar como seria essa relação entre o gelo, o chão, a atmosfera e a radiação, pra entendermos melhor a possibilidade de haver gelo no solo, mas dele evaporar na superfície... Não podemos dizer que seja algo comum na Terra.
2008/06/20
Mensagem secreta
Olá, pessoal. Uma comunicação importantíssima: troquei minha chave de criptografia. Você pode pegar minha nova chave pública no servidor do MIT. A ID é 0x2C0408AB.
Ou então você pode simplesmente copiar daqui:
-----BEGIN PGP PUBLIC KEY BLOCK-----
Version: PGP Key Server 0.9.6
mQGiBEhbL1gRBACC9+XQHRHPrc2gGtAOwDLDmIcnfRxlaSVbJYqLgf1AUDbSV1Do
JQUVrigxW2cpEo+pA2bP4RhAczyVAPWLaMhoZd2kYOsod+hKMdOZyTa4zWZJrxxg
LFcsMVWHwBAI1DLt+lyf7jduAmSiziL1wAvOAFAhTtQP1+xxUuOHZut9fwCgnYnW
/YdOoMYsmufq5Ugb21jAdJkD/RqWUe6I7098QDBxLjszpeb+S3aX3U7RfBhxWIOB
f/KF9zTkK/CVEg5cVfqUj4N5Ii34wY7SkCO63gkDebwPHEREUExsTPykZQ42n/tK
c6QXvKgat+Hu88IP9Em/37BJhNcPWH8zD3J9UJqR74MdiNxP/edCL5XeXiIJJlgn
T9lmA/9rgcunF0bUNXFfN9EYUT4+YPAG3YjRDRGAgSq9266xSuCR62Nk4Ip1eRGc
wAoEepfjOP7veVP8y2Dj1bm2XYh9Q7kdzOyMAvDXKKm1KiX8eXbPdwNrXU6rdUKP
FsKlvP3SVpuwupy3hZsIlYhYqznpFJQwil3Ouk3a00hciovqoLQpTmljb2xhdSBM
ZWFsIFdlcm5lY2sgPG53ZXJuZWNrQGdtYWlsLmNvbT6IRgQQEQIABgUCSFs3IgAK
CRDXAyQ5I1UGE+K4AJ0RQL+DkZ2IRTaQrEomwADn2/aHcgCcDdNNCr4cowKHqMcG
stZ6e2VjxkOIZgQTEQIAJgUCSFsvWAIbAwUJAeEzgAYLCQgHAwIEFQIIAwQWAgMB
Ah4BAheAAAoJEG9SpngsBAirA8AAoJQvGZ7vC8qaCjv4yIsV95dpnHTmAJ0ZYMit
MSUMxe7xZsquE9MxVR02PrkCDQRIWy9bEAgA6pf1kFehDCqZSDYKlM1z8X2zJiWh
03FaxDxHttW0WTVjXwhaqX2vcNNbflB8Nvl6WVnEbPnpyzuDwBXpKGr211Wfwgmg
aKArip+pQVBKDL3cULLOOQbIEdIPr7U/l0uuW1LLKkIu0zul4IK4DegOrnbKh8gu
loVIUUeeasbR3uFnhYRz7udtBo/Ij6sV7GvjzWEuHh9+UN5hRJaMVm/gyqWJZP25
LsxQss2iQRl1JZEN0j7KjTcgwo7Yw1C2VMQ+UQATp4/KN27wUeZWzpAxmc3bpIEg
fLfcNXh5KSQbsvtL6RZyDftTB9gQBKcT4sQFvScDZrVCuQ/BqWvo6dg9swADBQf/
ROB9bfp4HKG97xc4CFQvqRoctngKgwIdnQyJEKn1CDgju5cGR3+SCwrqMqbEQ+Fk
jUDniOI3Ir7fycKJ22x2SodVUCVmLTTbS9XKbRxkmz5/Qz/xwjsGPHc0DFH5D9uS
Z5KNY48hI5uGhlX3uU3fXM4GlPSzy6fUgE+v08NNBxfykwyiYRbjClYS3ym6wVAd
zd0snvX5QnWHq9Ye+cNRg0NQmgs/1fcxbSv3orNo2mWU5qG2Y1vvtqD9BAAolZPQ
9ZoGW7a+WNdzLwaofBNxskH+dUv6zgfOhk7+xpEdMe/hfDs+v+vdA8WSSCBgv2lC
Tqig3nqps85shud+/5f0dIhPBBgRAgAPBQJIWy9bAhsMBQkB4TOAAAoJEG9Spngs
BAirGq0An3LXxTVmaNaC4eec9Z7ZwCKYQRowAKCHyShRGw0Qa12HNk0ISbBDP9/C
cg==
=jz5M
-----END PGP PUBLIC KEY BLOCK-----
Se alguém quiser trocar assinaturas de chaves e mensagens secretas encriptadas, é só me contactar! De preferência direto com PGP. :)