Sempre ouço me dizerem que tudo que escrevo é muito comprido e chato. Eu sei, eu sei... É que nem sempre tenho tempo de fazê-lo mais curto (vocês devem reconhecer que roubei isto da Carta Provençal número XVI de Pascal
Je n'ai fait celle-ci plus longue que parceque je n'ai pas eu le loisir de la faire plus courte
). Também é meio de propósito, porque acredito que blogs tem que ser sim meio "diários". É a parte da invasão de privacidade, importante elemento dos meios de comunicação internéticos (o que pode sim ser evitado, mas por algum motivo louco se tornou algo importante, e eu sigo a onda).
Não tenho intenção de escrever um jornal popular, tanto porque não é a estética que estou buscando, quando porque dá mais trabalho mesmo. Quero que meus textos sejam um pouco como aqueles cadernos de malucos de filmes, tipo o matemático do Proof, e o mocinho do Se7en. De mais a mais, meus temas dificilmente atraem espectadores, não sei quanto a qualidade dos textos modificaria isso... Me daria até mais pena ver textos mais caprichados sendo igualmente ignorados.
De qualquer forma, tantas são as sugestões que estou querendo aceitar o desafio de tentar escrever algo que possa ser lido pela "geração vídeo-clipe". Duvido que faça qualquer diferença na minha vida ou na de outras pessoas, mas vou começar a fazer uns artigos curtos com coisas interessantes sobre as quais até gostaria de escrever prolongadamente, mas não vou. Vou tentar manter um tag com algum nome criativo que ainda não criei. O resultado, aposto, é que ninguém vai entender cossa nenhuma, e vai jogar o produto literário no lixo com mais facilidade, devido à massa diminuta.
***
O que me dá raiva é que muito se fala das novas gerações se entregarem apenas a coisas curtas e superficiais, se comunicarem apenas por curtas mensagens SMS muito pouco elaboradas, ver filmes curtos e ler livros com figuras. Eu tou tentando justamente cultivar um hábito de escrever coisas maiores, mostrando que pode haver literatura "comprida" (não necessariamente profunda) na Internet. Quero contrariar todos que dizem "ah, blogs são uma porcaria, o fim dos tempos. Olha só, são apenas textos curtinhos". O meu não. E não é contrariando de birra não, eu escrevo prolongadamente é porque me dá uma vontade sincera. Eu escrevo pra "tirar de dentro de mim" o conteúdo, e me incomoda se eu não o faço. Mas é claro que se isto incomoda meus vizinhos eu tenho que repensar o hábito.
A vontade de contrariar a estética da "geração vídeo-clipe" tem ainda a ver com minha admiração por coisas do passado... Tem um punhado de escritores dos séculos XVI (olha o xvi aí de novo, ele me persegue) pra frente de quem eu gosto muito, e eu tento fingir que fui "influenciado" por eles.
Eu gosto tanto disso que outro dia estava numa conversa com uma persona non-identificatta, e me perguntaram se eu havia lido algum certo livro moderno, da moda, e eu respondi: Nem... Não leio esses livros modernos assim não, eu sou hum homem do século dezenove... (eu tinha acabado de falar sobre meu gosto por Dostoievski e Nietzsche)
Aí a pessoa, mais jovem, me fala: Nossa, como assim? Eu sou lá do século trinta.
Porra, como alguém tem coragem de falar algo assim pro aquariano de plantão aqui? Tenha dó. Desde então, quando eu falo comigo mesmo, eu me referencio à pessoa como "o Buck Rogers", o homem do século XXV. É bem coisa de jovens delargeanos mesmo, dispensar o passado como algo fútil, ultrapassado, inútil, infértil, estéril. O futuro não, é maravilhoso, industrial, pra-frentex, com sociedades reformadas de acordo com princípios lógicos irrefutáveis... E a guerra é a higiene do mundo, etc. (justiça seja feita, jovens delargeanos de fato, e mais maduros, aprendem a apreciar seus iguais no passado e no futuro)
Vamos ver se consigo me tornar uma boca para estas orelhas!...
***
Als Zarathustra diese Worte gesprochen hatte, sahe er wieder das Volk
an und schwieg. "Da stehen sie", sprach er zu seinem Herzen, "da
lachen sie: sie verstehen mich nicht, ich bin nicht der Mund für diese
Ohren.
Muss man ihnen erst die Ohren zerschlagen, dass sie lernen, mit den
Augen hören. Muss man rasseln gleich Pauken und Busspredigern? Oder
glauben sie nur dem Stammelnden?
Quando Zaratustra pronunciou estas palavras, olhou para o povo novamente, e calou-se. “Ali eles permanecem — lhe disse seu coração. — ficam ali rindo: eles não me compreendem; Eu não sou a boca para estas orelhas.
É preciso que alguém primeiro esmague estas orelhas, para que aprendam a ouvir com os olhos? É preciso atroar à maneira de timbales ou de pregadores de Quaresma? Ou só acreditarão nos entarameladores?
(mais ou menos minha tradução, roubando coisas de uns, e colocando umas palavras engraçadas)
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