Agora essa é boa. Tão tentando provar (e eu tou acreditando muito) que Ludwig Wittgenstein, um dos mais importantes filósofos do século XX, nascido em Viena em 1889, teria sido coleguinha de escola da personalidades política mais crucial, controvertida e louca-furiosa do século XX: Adolf Hitler, nascido esta também em 1889 no norte da Áustria, numa cidade a 60Km de Salzburg. O encontro teria sido influente na vida de ambos, e eles representariam de certa forma a grande dicotomia maniqueísta do século XX. Alguns ainda debatem esta foto, mas conhecendo a cara de peixe-morto do Lud, e a cara de mamãe-eu-vou-chorar do Adô, eu não tenho dúvidas. E por mais que o Lud não seja esse piazinho aí na foto, eles estudaram na mesma escola sim, apesar do Lud estar dois anos na frente. Diga-se de passagem, razão o bastante pra ele ser famosinho na escola, e atrair ressentimento de todos. Quem gosta de um geniozinho?
(Wittgenstein nasceu em 26 de Abril, e Hitler no dia 20.)
Eles teriam 14 e 15 anos nesta época. Alguns debatem, dizendo que eles talvez nunca tenham se encontrando, e que provavelmente nem se lembrariam um do outro quando mais velhos. Duvido muito. 14 anos já é velho o suficiente pra ter um bom conhecimento de todos seus colegas de escola, e para formar uma bela listinha de quais você gosta e não gosta. Duas peças raras como eles sem dúvida tiveram uma porção de encontros desagradáveis. E tendo se encontrado ou não, saber que estiveram tão próximos um do outro é muito interessante.
O que se debate mesmo são umas teorias paranóicas que saíram nesse tal livro The Jew of Linz, explorando a contraposição destas personalidades. São teorias até interessantes, vale a pena dar uma lida, menos porque seja verdade ou não, mas mais porque faz pensar sobre questões fundamentais da mente humana (um pouco como eu considero a astrologia). Duvido muito que o Wit tenha sido espião da Rússia, mas não duvido que tenha "se relacionado" com um certo famoso cientista da computação inglês homossexual que foi a engrenagem central da quebra da Enigma.
2008/05/14
Aprendi tudo necessário no jardim-de-infância austríaco
2008/04/27
Abduzidos pelo sistema
Tou aqui estudando lógica. Já aprendi por exemplo que uma falácia é um raciocínio aparentemente fundamentado na lógica mais rigorosa e inquestionável, mas que “na verdade”, é mentira.
Métodos de dedução lógica clássicos incluem por exemplo o modus ponens, que permite dizer que se a implica em b, ou se b é condição necessária para a, e se verificamos que a é verdadeiro, então podemos deduzir b. Outra regra de inferência lógica famosa é o silogismo, que permite dizer que se um grupo é subgrupo de outro, e se alguém pertence ao subgrupo, então ele também pertence ao grupo maior... São pequenas coisas aparentemente tolas, mas que ajudam a construir o edifício da ciência.
Existem falácias famosas, catalogadas bem como as regras lógicas válidas. Uma falácia muitíssimo comum é, dado uma regra de causação, e verificando-se o conseqüente, tentar daí inferir o antecedente. Por exemplo, suponha por hipótese que “Todos homossexuais gostam de The Smiths. O Daniel gosta de The Smiths. Logo, ele deve ser homossexual.” Ora, isto é uma falácia! É uma afirmação do conseqüente. Afirmar o conseqüente não significa absolutamente nada. Apenas a negação do conseqüente é que permite inferir a negação do antecedente... Mas a recíproca de uma implicação nem sempre é verdadeira. a -> b não significa que b -> a.
Pois bem, o problema é que no nosso dia-a-dia a gente até que faz bastante isso. Existem mecanismos de pensamento humano que cometem estas falácias, e isto nos permite levantar hipóteses que podemos manter “até que se prove o contrário”... É importante tentar fazer esse tipo de coisa
em sistemas de inteligência artificial, é basicamente “dotar o computador de imaginação”. Se vc é daqueles que acham que um computador é todo certinho, incapaz de errar, você nunca ouviu falar em lógicas não-monotonicas!...
Uma lógica não-monotônica é justamente uma lógica em que você pode inferir coisas que eventualmente vai descobrir serem falsas dada mais informação. Ela é diferente da monotônica que seria extremamente “conservadora”, incapaz de eventualmente dizer algo que se poderia descobrir ser falso.
O que estou achando engraçado aqui é que acabei de descobrir que um dos vários filósofos que estudaram a questão foi Charles Peirce. Uma figura estranha. Parece que eram um sujeito bacana sim, mas eu sinto às vezes que é um daqueles pensadores americanos que os próprios gostam de ficar exaltando pra mostrar como que “na colônia” também se pode fazer ciência e filosofia. Praticamente um Irmão Wright da lógica.
O que eu acho engraçado no tratamento que Peirce deu pra questão, ou pelo menos na forma como isto é ensinado por aí, é que me dá uma impressão assim que ele teria tentado formalizar o “pensamento prático anglo-saxão”.
Meu leitores sabem que estou tentando criar uma teoria sobre um certo tipo de cultura que identifico como sendo o pensamento mais comum do povo dos estazunidos, e os saxões em geral. Uma coisa que se ouve muito é que eles são “muito práticos”, não perdem tempo como picuinhas, e preocupações bestas como, por exemplo, lógicas monotônicas. Isto causaria, por exemplo, algo que mencionei noutro artigo: uma necessidade se poder fazer uma análise estatística de dados e poder dizer assim, sem sombra de duvida, que uma certa hipótese É verdadeira... Poder fazer um teste de “significância estatística” e, PÁ, daí poder já ignorar o processo de análise anterior e poder falar numa boa como se fosse uma verdade garantida. Essa mesma vontade louca de poder afirmar conclusões certas e absolutas de análises probabilísticas, o que é um absurdo, me parece estar relacionada com esse desejo que querer dar mais valor e credibilidade a falácias aparentemente inocentes, como a afirmação do conseqüente!...
Peirce até inventou um nome novo pra isso: “abdução”... (Nada mais importante pra tentar dar credibilidade a alguma coisa famosamente rejeitada, od que invetar um nome novo, hein!... Não que eu esteja afirmando que seja isso que está acontecendo... Não necessariamente.) Eu concordo que é interessante, concordo que a mente humana funciona assim, e que nenhum sistema de IA vai muito pra frente sem esse tipo de coisa. Mas por algum motivo, talvez seja até puro preconceito meu, quando leio sobre o assunto pensando em americanos discutindo essa questão, me dá uma impressão de que eles olham isso com outros olhos. De que eles pensam assim: “é perfeitamente aceitável afirmar o conseqüente!...” “Vejam só essa tal lógica monotônica, até onde ela nos levou? Precisamos de mais do que isso!...” “Vamos ser práticos!...”
Sejam práticos amigos!... Divirtam-se! Mas pra lá dos rios Grande, Reno e Danúbio, por favor. Isso, obrigado...