Um grande exemplo do que eu andei falando sobre como as empresas gostam de “encapsular” seus produtos, fingir que eles não são produzidos por seres humanos que vão lá, trabalham e criam aquelas coisas, mas sim que são produtos que surgem por um processo meio mágico. A síndrome de Clarke: “qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistignuível de magia”, etc.
Num anúncio de notebook passando no canal Sony, o locutor fala assim: “este é um computador normal. Um dia um funcionário nosso teve uma idéia... E se colocássemos, isto, e aquilo, e fizéssemos essas coisas legais... Este é nosso computador novo... No nome deste nosso funcionário é... a criatividade!...”
Tá aí!... Quem desenvolve computadores não são pessoas, é “a criatividade”, tal como um deus politeísta.
A diferença é que na mitologia grega vc tinha musas (como poderia ser uma “musa da criatividade”) que inspirava pessoas, ou tinha por exemplo um Prometeu que roubava o fogo pra levar pros humanos. Tem heróis que fazem as coisas. Isso que eles tão propondo é um mundo em que as pessoas se disfarçam de deuses-de-Oz que fornecem de graça um maná maravilhoso pro seu povo escolhido.
2008/04/08
Fantástica fábrica de chocolates de silício
Marcadores:
cyberpunk,
retórica,
revolução digital
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment