2009/03/19


A velha escola

Estou estudando um assunto que envolce uma mutitude de algoritmos, todos meio parecidos entre si. Faz algum tempo que já estava sabendo que eles eram relacionados com o famoso algoritmo de Metropolis-Hastings, mas hoje descobri que existe outro algoritmo ainda que envolve tudo isso... É o famoso recozimento simulado.

Sou um grande fã de recozimento simulado, que só vim a conhecer em meu mestrado, e sempre que lhe descubro uma aplicação fico muito feliz. Imaginem meu espanto hoje ao finalmente entender então que toda essa multitude de algoritmos são na verdades variações em torno deste grande obelisco algorítmico. Fiquei meio pasmo.

Conversei com um great old one sobre isso, sobre se não poderíamos pegar alguns desses problemas e simplemente enfrentar de cara, de baixo pra cima, como uma otimização através de recozimento simulado. A resposta, que tenho certeza que seria compartilhada por muitos professores e ainda mais por alunos, foi mais ou menos assim: "poisé, é mesmo, só que se vc escrever isso não vão comprar sua idéia, vc não vai publicar artigo nem ganhar dinheiro da fapesp. Tem que inventar outro nome aí, dar uma disfarçada."

É tipo isso. Muita coisa que tamos vendo por aí são um recozimento simulado forjado! É, não pude resistir à piada... Não é linda a iron-ia disso tudo? AHAAHHAHA!!!!

***

Acontece que recozimento simulado é old school.E a ciência anda cada dia mais na direção de ser dominada por sofistas, que se especializam mais nas políticas e retóricas vazias de "fazer seu nome" do que na coisa de fato. E ser old school pega mal.

Mas querem saber? Old school is the only school. Não quero papo furado, dêem-me a coisa original, a coisa verdadeira.

Malditos simulacros de descoberta!...

Mas eu pensei nisso, que só a old school é a verdadera school, foi ouvindo o disco novo do Metallica (pirateado) no meu player, que consertei essa semana com meu ferrinho de solda. Estava muito emocionado no ônibus ouvindo aquilo, em parte porque enquanto apreciava a música, os sons, os timbres, me chamou a atenção como que apesar de todos efeitos e produção, dá pra ouvir alguns barulhos na música que são considerados meio que "ruídos indesejáveis", meio que coisas que "não deveriam fazer parte" do som. É o barulho da palhetada, barulho da corda deslizando no traste, essas coisas. Como guitarrista e como estudioso da guitarra em meu mestrado, ouvir isso me faz pensar muito.

Uma coisa que eu pensei foi "eu troco toda uma discografia do DJ Tiesto por quaisquer 10 segundos de solinho de guitarra desse disco, essa coisa feita por músicos de verdade." (Não me levem a mal, não é discriminação contra música eletronica. Tou falando daquele processo de ensaiar, tocar, compor... O próprio Metallica andou afastado disso até esse último disco.)

E bateu aquele saudosismo... Lembrei de uma vez que conversei com um menino que disse que ouvia "new metal", e não tinha idéia do que fosse o "metal" desqualificado, não conhecia nada de Black Sabbath, Led Zeppelin ou um Iron Maiden que fosse. Outro dia ainda me espantei também com uns jovens com quem ando falando, que não assistiram ao último filme do Tarantino... Tipo, como assim!?! Não sabia que existia gente hoje em dia, especialmente jovens, que estivessem se importando pouco com o Tarantino!... Eu sempre falo que uma das coisas que marcou o início do que considero "os anos 90", foi o Pulp Fiction. Vai ver que isso agora marca o fim dos anos 90, o mesmo diretor não ter mais apelo aos jovens, a quem tem a idade que eu tinha na época...

É meio triste pensar que o que te importa não é mais mainstream. Mas sempre há conforto em saber que doido mesmo era o old school. Sempre é bom ouvir aquela celebridade dizendo "bom mesmo é Jimmy Reed", "Arthur Big Boy Cudrup"... O old school permanece vivo em quem realmente importa, a ciência de verdade ainda existe pra quem realmente tem noção das coisas, naquelas raras conversas reservadas, francas, onde o alívio de um "ah bom" salva meses de trabalho incerto.

E foi nesse momento no ônibus, indo pra universidade, ouvindo ao som daquele dispositivo computacional fajuto demais comparado à importancia que o sinal por ele gerado tem pra mim, que reparei na camiseta de um garotinho de uns 8 anos de idade que estava no banco à minha frente. Era preta, do Megadeath.

História verídica!... Causo acontecido, de fato, com este que vos fala.

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