2008/05/22


São Silvestre como padroeiro dos turistas

Paulista, mais especificamente paulistano, gosta de "correr atrás". São adeptos dessa coisa de que "tem que correr atrás", e os cidadãos desta cidade são requeridos a fazê-lo todo o tempo com relação às menores coisas, e sempre requerem o mesmo de seus iguais. Herança do tempo bondes? Vá saber. Mas por aqui é assim,

"Ou, que horas são?"
"Você é mesmo um inconseqüente, por estar, a estas horas, aí sem saber quais as horas. Você acha que nós temos que fazer tudo por você? Você tem que andar com as próprias pernas, ponteiros e mostradores de sete segmentos. Você é responsável por saber as suas horas. Malditos estrangeiros, querem tudo na mão. Além do mais, isso é lá maneira de se dirigir a alguém?"
"Puxa, olha doutor, pode deixar, já consegui enxergar ali no relógio da estação de trem..."
"Há! Mas essa é boa! Você não sabe que esse relógio é atrasado, desde que suasS engrenagenS foram foi atingidaS por bólidoS disparadoS acidentalmente na revolução de 32? Ele não é um relógio, é um lembrete aos cidadães, ops, perdão, cidadãos (quase falei cidadães, imagine!) do papel que nós esperamos que cada um cumpra em nossa civilização."

Tá bom, não teve graça, e é um exagero absurdo, mas aqui rolam umas coisas assim mesmo, você tem que estar informadíssimo sobre tudo, correr atrás, não é fácil-fácil não.

Outro dia reparei que essa mentalidade existe na própria forma de fazer turismo em São Paulo!...

No Rio de Janeiro, a partir do momento que você desce do ônibus, ou talvez quando o avião já está chegando no aeroporto, você já está passando pela experiência carioca. A cidade invade seus sentidos. Você já está fazendo turismo ao percorrer o caminho de ônibus até seu hotel, e saindo pra comprar uma aspirina na farmácia. Exemplo óbvio do que estou dizendo: o cristo redentor é visível em boa parte da cidade. (Pelo menos na parte que interessa.) É engraçado às vezes, no Rio, quando você pega um ônibus e de repente ele vira em alguma avenida bonita, e você passa ao lado de uma porção de lugares interessante, que vão te distraindo, enquanto ao mesmo tempo acontece algo como os motoristas dos ônibus começarem a bater um racha. Esse misto de beleza paisagística com emoção do perigo até te faz sentir num parque de diversões.

Em Belo Horizonte, talvez por ser uma cidadezinha pequena e irrisória, não sei, quem for na Praça da Liberdade, na Diogo de Vasconcelos, na do Papa e na Sete, já conheceu boa parte da cidade, já passou por boa parte da experiência belorizontina. Quem vai no Palácio das Artes ver uma exposição daquelas que às vezes nem precisa entrar pra ver, já que tem paredes de vidro transparente e no nível da rua, e aí depois sobe a rua da Bahia, desce a Cristóvão Colombo e vai tomar um café no Pátio Savassi, já experimentou bastante da cidade, já conheceu o ar, o jeito. já viu um bom número de pontos turísticos, vai poder dizer que conhece a cidade. Vai passar perto de uma porção de lugares interessantes, fáceis de ir com um pequeno desvio.

Em São Paulo, amigo, você tem que correr atrás... Você tem que saber onde diabos fica o tal restaurante remoto lá que tem um tal sanduíche que é "o certo". E enquanto você não for lá no tal lugar, você não viu nada. Esses lugares são o que há de fundamental pra se conhecer em São Paulo! São o que constituem a experiência paulistana!... Turismo em São Paulo é tipo uma busca aos ovos de páscoa. É como entrar no site da Cartoon Network em busca de ícones escondidos. Não bastassem dificuldades, como lidar com o PÉSSIMO transporte público, salvo apenas pelo metrô... Aliás uma das mais importantes atrações turísticas: O metrô. Recomendo a qualquer visitante pegar o metrô, e andar bastante, mas não precisa sair dele não, tá...

Tem pontos turísticos em São Paulo que você tem que se informar pra visitar, não só porque tem que descobrir como ir (e o como ir inclui saber os horários em que os ônibus efetivamente param no ponto de ônibus perto do local), mas tem que se informar pra saber qual diabos é a graça daquele lugar!...

Não fiquem com a impressão de que acho tudo uma porcaria não, já tenho minha listinha de lugares que freqüento pra tentar me divertir... Já corri atrás.

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